Entre o Professor e o Treinador: A Educação Física como Componente Curricular e a Atividade Extra Curricular



FACULDADE ATLÂNTICO
COORDENAÇÃO GERAL DE PÓS-GRADUAÇÃO, INICIAÇÃO CIENTÍFICA E EXTENSÃO
ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR





RICARDO LUIZ ROCHA DO NASCIMENTO









O PAPEL DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA DIANTE DAS NOVAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS (entre o professor e o treinador: A Educação Física como componente curricular e atividade extra curricular)














LAGARTO/SE
2009

RICARDO LUIZ ROCHA DO NASCIMENTO














O PAPEL DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA DIANTE DAS NOVAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS (entre o professor e o treinador: A Educação Física como componente curricular e atividade extra curricular)




Artigo apresentado à Faculdade Atlântico como requisito final para obtenção do Título especialista em Educação Física Escolar

ORIENTADOR:
Profª.MSc. Marco Arlindo A. Melo Nery






LAGARTO/SE
2009


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Claudomi Lisboa
Coordenador Geral da Pós-Graduação





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Marco Arlindo Amorim Melo Nery
Professor Orientador










__________________________________________________

Ricardo Luiz Rocha do Nascimento
Aluno da Pós- Graduação




Essa vitória, conquistada através de renúncias e coragem, é dedicada a minha esposa, companheira e conhecedora do meu árduo e gratificante cotidiano e ao meu filho, esperança viva de um mundo melhor e mais humano.


AGRADECIMENTO


A Deus, que é paz, força e luz constante no meu caminho, onde segurei nas sua mão e vi a verdade dizendo: continue...

Aos meus pais, exemplo de força e perseverança, aos meus irmãos, presenças constantes de bom-humor e reciprocidade, a todos os amigos que me incentivaram para que eu pudesse chegar até aqui. Meu muito obrigado.



RESUMO

O trabalho tem como objetivo comparar as aulas de ESPORTE enquanto componente curricular obrigatório (conteúdos programáticos) e componente extra curricular (os treinamentos esportivos) do Colégio Estadual Abelardo Romero Dantas da cidade de Lagarto/SE, onde foi realizada uma pesquisa qualitativa, utilizando-se de um questionário com professores regentes desses dois segmentos curriculares. Conforme as respostas obtidas no questionário percebe-se que há uma serie de dificuldades encontradas em se trabalhar o conteúdo e a prática esportiva nesse estabelecimento de ensino, onde poderíamos destacar: Recursos de materiais didáticos insuficientes para os dois segmentos curriculares; Evasão de alguns alunos na prática do componente curricular; Local inadequado para as aulas práticas do componente curricular e outros. Podem-se concluir as diferenças encontradas tanto no componente curricular quanto no extra curricular tais como: Critérios para formação de turmas; Nível de interesse dos alunos na participação das aulas práticas do componente curricular.

Palavras-chave: Atividade extra-escolar; Componente curricular; Esporte; Historia da Educação Física.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 06
2 A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA 09
2.1 A Educação Física e o Brasil República 09
2.2 A Educação Física e o Regime Militar (1964-1985) 11
2.3 A Educação Física e os Novos Pensadores: A crítica ao esporte na Escola13
2.4 O papel do profissional de Educação Física 15
2.5 A Educação Física enquanto componente curricular (LDB e PCN) 17
3 VISÃO CRÍTICA DOS PROFESSORES AOS CONTEÚDOS ESPORTIVOS 20
4 CONCLUSÃO 26
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO 27
APÊNDICE 29


1 INTRODUÇÃO

Durante muitos anos o tema esporte nas aulas de Educação Física conquistou o seu espaço dentro das escolas públicas, proporcionando assim aos seus alunos o poder de superação, de rendimento, da performance e da técnica.

Os anos 70 foi o ápice para que o esporte que se era praticado pudesse penetrar nas escolas buscando descobrir valores individuais para formar uma juventude com o poder de mudanças, principalmente nos esportes em que o Brasil havia perdido sua credibilidade. Mas nada disso adiantaram, os esportes praticados em nosso país estavam em decadência, a cada evento esportivo o Brasil se tornava fragilizado. O futebol, paixão nacional, não conquistava títulos, os torneios de futebol sul-americanos a Seleção não conseguia quebrar tabus que já duravam alguns anos.

Com o surgimento de novos pesquisadores a Educação Física começou a tomar novos rumos, o esporte começou a ser questionado como fator determinante para as aulas de Educação Física, o objetivo das aulas seria agora o desenvolvimento psicomotor dos alunos, as concepções criticas estavam sendo difundidas, nascia, portanto, uma nova era para Educação Física Escolar.

Tentando adquirir uma nova identidade para a Educação Física, a LDB de 1996, transcreve que as aulas de Educação Física serão obrigatórias enquanto componente curricular em todas as fases do Ensino Fundamental e Médio devendo ser opcional para as aulas extracurricular (treinamentos esportivos). Neste sentido os PCNs de 1998 foram criados para nortear os professores nos conteúdos de forma organizada, subsidiando aos mesmos, os planejamentos, avaliações e principalmente as discussões, procurando assim, democratizar tais aulas, onde o objetivo será a inclusão do aluno, tendo como enfoques principais, a reflexão, o pensamento critico, a socialização. Tendo em vista que alguns profissionais da área ainda possuem uma visão como outrora, ou seja, suas aulas objetivam o movimento técnico, tendo como conseqüência a exclusão dos alunos que não tem habilidades necessárias para determinados esportes, levando-os a frustração e até mesmo a desestimularão para as práticas esportivas.

A construção do referido trabalho, pretende nortear os docentes da área de Educação Física principalmente os que trabalham com esporte enquanto componente curricular e extracurricular entre a coerência desses dois segmentos curriculares, contribuindo assim para uma linha de pensamento que se faz necessário, onde o esporte praticado na escola seja um esporte em que todos participem independentemente de habilidades motoras, onde o professor utiliza sempre do seu senso profissional,de sua ética, que diante das novas praticas pedagógicas do mundo moderno, o mesmo deva aproximar cada vez mais suas metodologias visando atingir os objetivos estabelecidos no processo de aprendizagem.

No entanto, visando atingir os objetivos que é comparar o desenvolvimento do conteúdo esportivo nas aulas de Educação Física enquanto componente curricular e esporte extra curricular, além dos seus objetivos específicos que são: identificar as diferenças do desenvolvimento do conteúdo esporte enquanto componente curricular e extra curricular nas aulas de Educação Física; chegar uma definição do papel profissional de Educação Física diante das práticas pedagógicas e identificar a diferença entre Treinador e Educador, utilizou-se como procedimentos metodológicos um tipo de pesquisa descritiva qualitativa, pois descrevem fenômenos existentes, situações presentes, identificando os problemas e justificando condições, observando e comparando os fenômenos.

No tocante a população e amostra do presente trabalho a população foi composta pelo professor de Educação Física do Colégio Estadual Abelardo Romero Dantas na cidade de Lagarto/SE. A mostra estudada foi formada pelo professor que trabalha o conteúdo esporte, tanto como componente curricular quanto extra curricular.

Já o instrumento para a coleta de dados foi utilizado um questionário elaborado pelo pesquisador. Que inicialmente a partir de uma conversa formal, foi solicitada a autorização da direção e professor da escola para a realização dessa pesquisa, mediante a apresentação dos objetivos do trabalho. Depois de concedida a autorização por parte da direção da escola e do professor, foi elaborado um questionário e esse aplicado ao professor regente de Educação Física da referida escola. Contudo, o tratamento estatístico as informações foram analisadas por meio de procedimentos qualitativos.



2. A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA

2.1- A Educação Física e o Brasil República

Em 120 anos de Brasil República, a nossa educação sofreu transformações para a melhoria da qualidade do ensino, ora buscando difundir as idéias progressistas vindas da Europa, ora tentando recuperar o que havia perdido no tempo com o domínio da Igreja Católica. Com a Educação Física por sua vez não foi diferente, vista num plano educacional mais amplo a partir do final do século XIX e inicio do século XX, foi sendo incrementada como necessidade dos povos civilizados (CASTELLANI FILHO, 1988).

Conforme Darido (1999, p.14) "No inicio do século XX, em função da necessidade de sistematizar a ginástica na escola, surgem os métodos ginásticos vindos da Europa com objetivos de aprimoramento físico do individuo". Neste sentido percebe-se que o modelo militarista da época tinha como enfoque principal formar homens fortes capazes de suportar o combate, a luta, prontos para guerra, excluindo aqueles que não tinham aptidão ou a força física para defender a Pátria.

Ao término da Primeira Guerra Mundial surge um novo modelo da Educação e especificamente da Educação Física, denominada Escola Nova, oriunda dos Estados Unidos e fixando raízes em nosso país em oposição ao modelo da época (tradicional), tinha como objetivo principal o respeito à personalidade da criança, visando desenvolvê-la integralmente. O discurso predominantemente na Educação Física passa a ser agora "A Educação Física é um meio de Educação". Nota-se então, pelo discurso, que a Educação Física da valorização do biológico cede o espaço para o sócio-cultural, embora a prática seja a mesma (DARIDO, 1999).
Para Cury (1984) citado por Betti (1991, p.129):

As idéias dos novos educadores entraram em conflito diretamente com as posições da Igreja, tradicionalmente detentora de um papel de destaque na educação brasileira. As teses mais combatidas pelos católicos foram a laicidade do ensino, a co-educação dos sexos e o monopólio da educação pelo Estado.

Com a Constituição de 1937, o governo autoritário de Vargas chegou a explicitar a obrigatoriedade de Educação Física na escola, pois desenvolver, fortalecer fisicamente e moralmente o indivíduo, era uma das funções a serem desempenhadas por essa disciplina no sistema educacional (BETTI, 1991).

Já com a Reforma Capanema, a Educação Física tornou-se obrigatória a todos os alunos do ensino secundário até 21 anos de idade, fazendo-se exigências também ao ensino comercial, industrial e agrícola, não exigindo no curso primário supletivo. Neste sentido percebesse que essa obrigatoriedade buscava além de promover o adestramento físico necessário ao preceito de uma juventude cumpridora de seus deveres para com a economia, tendo por enfoques a personalidade integral dos adolescentes, a consciência patriótica e consciência humanista proporcionando uma preparação intelectual de forma geral. (CASTELLANI FILHO, 1988).

Enquanto o ensino secundário era destinado aos filhos da elite, o profissionalizante foi reservado para as classes baixas, com ensino pré-vocacional as classes menos favorecidas. Todavia o ensino industrial enfatizava os estudos técnicos com o objetivo de atender aos interesses do trabalhador, propiciando-lhe a preparação profissional e a formação humana (BETTI, 1991).
Segundo Betti, (1991, p.123):

O Decreto-Lei 6.141, de 28 de dezembro de 1943, estabeleceu as bases da organização do ensino comercial, dando-lhe as finalidades de formar profissionais para o comércio, os negócios públicos e privados, bem como promover o seu continuo aperfeiçoamento.

Após o fim do Estado Novo a Educação Física sofre uma baixa, o Ministro da Educação e Saúde do governo José Linhares, adotou medidas que afetou diretamente essa disciplina, diminuindo de três para duas sessões semanais no ensino secundário, reduzindo também a duração de cada sessão, além de deixar isoladas as divisões de Educação Física e Educação Extra Escola (BETTI, 1991).

Com a redemocratização no país os movimentos populares ganharam força, os partidos políticos tentavam colocar em prática as suas ideologias. Surge então a elaboração da primeira LDB, que no período denominou-se LDBEN (Lei de Diretrizes e Bases na Educação Nacional) acarretando treze anos de debates e disputas em torno da sua definição, até ser promulgada em 20 de dezembro de 1961 (ZOTTI, 2004).
Segundo Zotti (2004, p.98):

A política educacional adotada nesse período, segundo o plano de JK, acelerava a educação às necessidades do desenvolvimento, significando uma supervalorização do ensino profissionalizante, não só no ensino médio, mas até o primário teria de se obrigar a ?educar para o trabalho?, atrelando o papel da escola as necessidades do mercado de trabalho. O sistema de ensino continuou tão elitista e antidemocrático quanto havia sido anteriormente.

Para garantir o alcance dos objetivos educacionais a LDB de 1961 inclui a Educação Física no currículo obrigatório para os cursos primário e médio até a idade de 18 anos, trazendo de volta o número de sessões para três aulas semanais bem como cinqüenta minutos a duração de cada sessão consolidando definitivamente essa disciplina no sistema escolar brasileiro de 1º e 2º graus (BETTI, 1991).

2.2 A Educação Física e o Regime Militar (1964 a 1985)

A partir da instalação do Regime Militar no Brasil, a Educação Física ganhou proporções de altos investimentos no esporte na tentativa de fazer com que essa disciplina viesse a participar na promoção do país do êxito em competições de alto nível (DARIDO, 1999).

O esporte ganhou dimensões como conteúdo nas aulas de Educação Física escolar, modificando os moldes de ensino, estabelecendo assim um novo conceito de professor, que de professor-instrutor passaria agora ser chamado de professor-treinador. Neste sentido observa-se as características do docente da época como: centralizador, disciplinador, pronto para exercer sobre os seus alunos a repetição mecânica dos movimentos esportivos (DARIDO, 1999).

Este período também foi marcado por uma série de medidas educacionais com um propósito da valorização para a formação humana com a consciência do tempo em que viviam, dentre elas a inclusão da disciplina Educação Moral e Cívica nos três níveis de ensino cujo objetivo era o culto aos valores religiosos, nacionalistas e a obediência as Leis e também a obrigatoriedade da Educação Física nos cursos universitários (BETTI, 1991).

A Educação Física e o esporte no Brasil foram construídos historicamente sob a égide da doutrina liberal, da influência francesa e tiveram como principal promotor às forças armadas que contribuíram, efetivamente, para a materialização dessa educação desigual, destinada aos detentores da renda nacional. Por isso não é à toa que o modelo esportivo brasileiro dá prioridade a performance e ao rendimento, na medida em que se destina a uma clientela de bem-nutridos, bem-dotados e com condições materiais excelentes.

Em meados dos anos 70 foi sancionada a Lei que instituía a Política e o Poder Nacional de Educação Física e Desporto, disciplinado e organizado o Sistema Desporto Nacional criando a chamada pirâmide esportiva que tinha como escalas a grande massa de praticantes (escala menor) até à qualidade e à elite técnica (topo) com o objetivo de estender os benefícios da prática esportiva ao cidadão comum direcionando-os a busca da medalha olímpica (NETO, 1993).

É nesta fase que o esporte de rendimento atingiu seu auge nas escolas públicas, sendo selecionados os mais habilidosos e excluídos aqueles que não tinham as habilidades especificas para a prática do desporto. Esta concepção mostra claramente as tarefas que eram apresentadas aos alunos: o gesto técnico repetitivo, as regras prontas, acabadas, onde os "atletas" tinham que executá-las ao mesmo tempo e ao mesmo ritmo, desprezando assim os conhecimentos que a criança havia construído, impondo-lhes valores distintos da sua realidade (DARIDO, 1999).

No entanto, surge a partir dos anos 70 surge uma preocupação com as séries inicias do ensino fundamental, no tocante a inicialização do conhecimento sobre a Educação Física, no sentido de haver um melhor rendimento na escola.
2.3 A Educação Física e os novos pensadores: a crítica ao esporte na escola

Com o fim do regime autoritário (1985) surgem novos pesquisadores com suas abordagens e concepções para uma nova Educação Física escolar. A concepção da Psicomotricidade foi a primeira a se opor ao que era proposto na Educação Física esportivista da época. Esta concepção busca garantir a formação integral do aluno, com forte influência do francês Jean Le Bouch. A concepção Construtivista propunha a construção do conhecimento a partir da intenção do sujeito com o mundo. Enquanto a Desenvolvimentista defende a idéia de que o movimento humano é o principal meio e fim da Educação Física. Ainda surgindo às concepções Jogos Cooperativos com enfoques para a valorização da cooperação em detrimento da competição e a Saúde Renovada voltada para a qualidade de vida e saúde (DARIDO, 2001).

Mas de todas as abordagens surgidas no período pós-ditadura as concepções críticas foram as que defenderam um modelo de superação das contradições, injustiças sociais, elaborados nos primeiros pressupostos teóricos com tendências marxistas. A Crítico-Superadora com objetivos reais de possibilitar ao aluno a compreensão de que a produção da humanidade expressa uma determinada fase e que houve mudanças ao longo do tempo. Enquanto a Crítico-Emancipatória busca apresentar uma reflexão critica devendo ser um ensino de libertação de falsas ilusões, interesses e desejos, criados e construídos nos alunos pela visão do mundo que apresentam a partir do conhecimento (DARIDO, 2001).

Para Darido (2001, p.12) "É importante ressaltar que mesmo dentro da Educação Física surgiu alguns desdobramentos das abordagens críticas, com posições nem sempre convergentes, como a Crítico-superadora e Crítico emancipatória".

Falar em esportes nas aulas de Educação Física virou rotina nas ultimas décadas. Este fenômeno social passou a ser utilizado como um mecanismo de descoberta de valores individuais prontos para alcançarem seus limites, tentando quebrar novos recordes. No inicio dos anos 70, o governo militar deu ênfase ao esporte praticado na escola com o intuito de formar uma juventude forte e saudável com poderes de mudanças (DARIDO, 1999).

Para Kunz (1991, p. 23) "Os alunos com algum talento esportivo, além de terem a chance de participar mais ativamente em competições esportivas tanto externas como extraclasse, recebem pela avaliação por parte dos professores sempre o melhor conceito". Neste sentido, percebe-se que o esporte praticado nas aulas de Educação Física ainda está longe de ser um conteúdo relativamente inclusivo, fazendo com que as crianças se frustrem por não terem habilidades necessárias para a prática de qualquer modalidade esportiva.

Outro agravante a prática esportiva nas aulas de Educação Física é a falta de materiais, espaços físicos para que os alunos, principalmente os que moram na zona urbana, possam usufruir forma espontânea, deixando por diversas vezes o movimento ativo das práticas corporais pela passividade da televisão. (KUNZ, 1991).

Kunz (1991) ainda ressalta que os centros urbanos são quase que exclusivamente apropriados para a prática do esporte normatizado (com regras), de competição, que é o esporte oferecido e praticado nas aulas de Educação Física.

O esporte deve ser tratado como uma forma de fazer com que o aluno reflita e discuta suas ações no jogo, que possa além de educar, trazer o respeito mutuo para com os seus "adversários", que ele interaja e socialize, que procure mostrar que do outro lado da quadra não há "adversários" e sim colegas envolvidos num mesmo processo de aprendizagem e socialização (KUNZ, 1991).

Para Bracht (1992, p.63) "o esporte realmente educa, mais a educação que aplicada é a de levar o individuo a enfatizar valores, normas de comportamento, típico da sociedade capitalista. Levando o individuo ao acomodamento e não ao questionamento".

O esporte na escola foi tratado predominantemente como um meio para formação de atletas. Conforme Ferreira Neto (1989, p.78) "O aluno atleta é ?comprado? com bolsas de estudo, doação de uniformes, empregos... pelas escolas da rede particular, num ?comércio? prejudicial a sua formação".

A prática do esporte nas aulas de Educação Física ganhou dimensões no decorrer dos anos através do regime autoritário que perdurou em nosso país por mais de vinte anos. No entanto o movimento esportivista ainda paira em algumas escolas públicas, como fonte de descoberta de valores individuais apoiada pelo Ministério do Esporte. Com o fracasso do Brasil em competições Internacionais principalmente depois das Olimpíadas de Sidnei 2000, o governo Fernando Henrique Cardoso retomou a discussão e elaborou projetos para que o esporte pudesse ser levado apara as escolas de ensino fundamental de todo país (BRACHT, 2002).

2.4 O papel do profissional de Educação Física

Com o objetivo de difundir o verdadeiro papel do profissional de Educação Física, pois embora muitos enxerguem as aulas de Educação Física que se estruturam na prática esportiva com características de um esporte competitivo, determinado pela obediência fiel as leis que o regulamenta, enfatiza o conhecimento e a execução da técnica, regras e táticas, buscando o desempenho ótimo, evidenciando a discriminação e a seletividade entre os mais e menos habilidosos e desrespeitando as características e condições próprias de aprendizagem de cada aluno; determina comportamentos e funções que se adéquam às normatizações esportivas, de modo a considerar o professor como treinador e o aluno como atleta; reforça a idéia de vencer a qualquer preço, alimentando algumas vezes, o desejo de ascensão social por meio do esporte, de acordo com Bracht (1992).

Conforme Bracht (1992.p.79) "Na escola atual o professor é ponto de orientação, e os alunos devem observá-lo, pois ele é o inicio e o fim do que há pra fazer. Nesta estrutura, deve-se ser observado o principio básico: "obedecer ao professor".

O profissional de Educação Física ainda possui uma visão tecnicista. Para ele o aluno deve limitar-se apenas ao gesto técnico como um meio e fim de produção para participar de competições esportivas realizadas anualmente pelas Secretarias de Esporte ou de Educação. (KUNZ, 1991).

Alguns profissionais de Educação Física não estão preocupados com o processo ensino aprendizagem dos alunos e sim em ministrar suas aulas de forma aleatória, com suas técnicas e táticas definidas, impondo suas regras, limitando a criatividade do aluno. Kunz (1992.p.63) revela que:

a participação do aluno como sujeito do seu agir numa perspectiva critica do esporte, vista como uma realidade pré-contribuída, não é permitida. É uma educação que se impõem, típicas de uma pedagogia antidialógica.

Para Bracht algumas questões básicas devem ser analisadas no sentido de esclarecer alguns princípios de uma pedagogia critica para a Educação Física com relação a função dos professores de Educação Física que na ação do seu dever, devem efetivamente, incorporar novas posturas tais como:

. Precisam superar a visão de infância que enfatiza o processo de desenvolvimento da criança como natural, e não social;
. Precisam superar a visão positiva de que o movimento é predominantemente um comportamento motor;
. Os professores devem buscar o entendimento de que, o que determinará o uso que o individuo fará do movimento;
. O novo modelo de ensino leva a uma nova socialização, ou seja, os professores de Educação Física devem superar a idéia, muito difundida, de que as aulas de Educação Física não deve falar, isto é não se deve sentar e discutir com os alunos o que estão fazendo, sob o argumento de que a aula de Educação Física deve ser "prática".

A falta de uma reflexão sobre a significância da Educação Física elimina o estabelecimento da área como arte e ciência do movimento humano, o profissional da Educação Física precisa distinguir e interpretar isto para saber seu verdadeiro papel na profissão.



2.5 A Educação Física enquanto componente curricular (LDB e PCN)

A partir do Decreto nº 69.450/71, a Educação Física passou a ser considerada no âmbito escolar como "atividade que por seus meios, processos e técnicas, desenvolviam e aprimorava forças físicas, morais, civis, psíquicas e sociais do educando". (PCN, 1998).
Tentando dar uma nova identidade para a Educação Física Escolar, a Lei de Diretrizes e Bases de 9.394/96, insere a disciplina como parte integrante à proposta pedagógica da escola, sendo componente curricular obrigatório da Educação Básica (DARIDO, 2001).

A Educação Física por sua vez passou a ter mais autonomia, participando das discussões e principalmente fazendo parte do Projeto Político Pedagógico da escola. A partir de uma breve reflexão nota-se que houve alguns avanços na área da Educação Física escolar com a chegada da nova LDB (DARIDO, 2001).

Conforme Darido (2003, p.19) "O Ministério da Educação e do Desporto, através da Secretaria de Ensino Fundamental, inspirado no modelo educacional espanhol, mobilizou a partir de 1994, um grupo de pesquisadores e professores no sentido de elaborar os PCNs".

Em 1997 surgem os PCN?s de Educação Física 1º e 2º ciclos (1ª a 4ª série do Ensino Fundamental), 1998 os relativos aos 3º e 4º ciclos (5ª a 8ª série) e 1999 foram publicados o do Ensino Médio, todos procurando criar as condições necessárias para que os alunos pudessem ter uma gama de conhecimento elaborado e reconhecido, voltado para o desenvolvimento da cidadania. Neste sentido vale ressaltar que os PCN?s foram criados para nortear os profissionais da área na organização dos conteúdos, avaliações, discussões e reflexões da prática pedagógica, contribuindo assim para a formação do professor de Educação Física e a sua atualização profissional, bem como subsidiar a elaboração ou versão curricular dos estados e municípios, dialogando com as propostas já existentes, incentivando a discussão pedagógica interna nas escolas e a elaboração dos projetos educativos (DARIDO, 2003).
Para Darido (2001, p.15):

Três aspectos da proposta do PCN na área de Educação Física representam aspectos relevantes a serem buscados dentro de um projeto de melhoria da qualidade das aulas, quais sejam; principio da inclusão, as dimensões dos conteúdos (atitudinais, conceituais e procedimentais) e os temas transversais.

Quanto ao primeiro aspecto o PCN da ênfase a uma Educação Física dirigida a todos os alunos sem qualquer tipo de discriminação. Em seguida ressalta a importância das dimensões dos conteúdos entre o aprender e o fazer, sabendo o que está fazendo, além de propor um relacionamento das atividades da Educação Física com os grandes problemas da sociedade integrando o cidadão na esfera da cultura corpora, os chamados temas transversais (PCN, 1998).
Em contra partida a LDB 9.934/96 resolve:
A Educação Física, enquanto componente curricular obrigatório da Educação Básica, torna-se facultativa a parte prática, entendida como as vivências das atividades , em relação aos alunos que se enquadram nas situações abaixo elencadas e desde que devidamente comprovadas, conforme Lei nº 10.793/2003:
a) que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis horas:
b) maior de trinta anos de idade;
c) que estiver prestando serviço militar;
d) amparado pelo Decreto-Lei nº 1.044/69;
e) que tenha "prole".

Deve-se diferenciar a Educação Física de décadas atrás da nova Educação Física escolar. Essa disciplina que ao longo de sua história procurou mostrar o corpo forte, saudável, hoje busca fazer com o indivíduo preocupe-se com a saúde, independente da forma física. De acordo com o PCN (1998, p. 34) "A Educação Física dentro de sua especificidade deverá abordar os temas transversais, apontados como temas de urgências para o país como um todo, além de poder tratar outros relacionados às necessidades especificas de cada região".

Esses temas transversais (Saúde, Meio Ambiente, Ética, Pluralidade Cultural, Orientação Sexual e Trabalho e Consumo) trazem novas reflexões acerca da construção de novas formas de abordagens e conteúdos, possibilitando ao professor o uso de um discurso crítico, de modo que seja ampliado o seu olhar sobre a prática diária, que alunos e professores questionem, discutam que levem ambos a serem questionadores, formadores de opiniões (PCN, 1998).





















3 VISÃO CRÍTICA DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA SOBRE OS CONTEÚDOS ESPORTIVOS

Para a discussão dos resultados obtidos foram questionados 2 (dois) professores da rede pública estadual. No qual serão identificados como professor 1 e professor 2, a fim de preservar a sua identidade.

Na primeira questão avaliou-se sobre os critérios utilizados para a formação das turmas de educação física enquanto componente curricular e extracurricular, para o Professor 1 ele disse que os critérios é por faixa etária, podendo ter um ou outro aluno de turnos matutino e vespertino fora dos padrões da turma, que acontece quando os alunos são remanejados ou transferidos de outras escolas.
Já o outro Professor, revelou que os critérios para a formação das turmas de Educação Física enquanto componente curricular confirmou também que segue os requisitos da faixa etária respeitando às normas da escola inserida no seu Estatuto. Ele acrescentou ainda que apesar do componente extra curricular dar-se-á através das actegorias regulamentadas pela Secretaria de Esporte e Lazer do município, não foi encontrado na literatura escrita a respeito de quais devem ser os critérios para a formação de turmas de ambos seguimentos.

Comentou-se ainda que as turmas do turno noturno não tem critérios, pois uma grande maioria, segundo o questionado 1 já tem a maioridade, por que a maioria das turmas dessa escola são do EJA. Enquanto as turmas de treinamento dar-se-á através da opção do aluno, aquela modalidade que ele acha que tem maior precisão nos fundamentos, é a que ele vai praticar. Nesta perspectiva, a Educação Física será analisada como um subsistema autônomo, que tende a preservar e afirmar suas características singulares, e como parte controlada pelo Sistema Escolar e Educacional (BETTI, 1991).

A Educação Física também é uma atividade que deve ser exercida com a livre iniciativa do aluno, pois toda a atividade tem-se mais significado e resultado quando não só o corpo movimenta-se, mas a mente em sintonia com ela. Por isso que é preferível que o aluno escolha a modalidade que ele acha que tem maior precisão.

O que nos faz estar de acordo com Betti (1991, p. 23) quando afirma que "dentro do sistema escolar, a Educação Física pode ser simplesmente definida como um componente curricular que se utiliza das atividades físicas institucionais (dança, ginástica, jogo, esporte) para atingir objetivos educacionais, portanto, como um meio da educação formal".

Ao abordar sobre a metodologia utilizada para o ensino do esporte na escola enquanto conteúdo programático e enquanto treinamento esportivo obteve-se o seguinte resultado: que a metodologia utilizada enquanto componente curricular obrigatório ela é flexível. Pois, as aulas são ministradas de forma com que os alunos participem, para isso é trabalhado, segundo o Professor 1, o histórico dos esportes, seus gestos técnicos, citações de jogadores que se destacaram no cenário nacional ou internacional, as lesões que o atleta possa a vir sofrer e principalmente os casos de doping, entre outros.
O Professor 2 complementou respondendo é ainda com exposição de vídeo, textos reflexivos, e vivências práticas. Já no treinamento esportivo as aulas são ministradas através de vivências a partir de jogos pré-desportivos, conhecimentos básicos adquiridos durantes as aulas teóricas até atingir os objetivos propostos, que é conscientizar os alunos da importância da Educação Física para a saúde.

A finalidade do professor de Educação Física é contribuir para a formação dos alunos, incluindo os aspectos biológicos, sociais e afetivos, fazendo com que todos tenham indistintamente as mesmas oportunidades de aprendizado. (SOUZA JÚNIOR & DARIDO, 2002).

Conforme se verifica a educação física é também uma área profissional, que oferece seus serviços à sociedade através de recursos humanos especializados, que se submetem a um processo de formação de indivíduos atualizados e com senso crítico. Em suma, o trabalho do professor de Educação Física vai além da pura e simples transmissão das técnicas da ginástica, do desporto etc. É fundamental que realmente a aula de Educação Física se transforme num ambiente para crítica.

Para Ghiraldelli Júnior (1988, p.29), estas novas formas de pensamento vão instaurar uma apologia da Educação Física enquanto "centro vivo" da escola pública, responsável por todas as particularidades "educativas" das quais as outras disciplinas, as "instrutivas", não poderão cuidar.

Conclui-se que não existe um método de ensino que deva dirigir os alunos para um objetivo determinado, ao contrário, é o professor que arranja situações em que os alunos podem fazer suas experiências, de forma autônoma, explorando situações de interação e conversação, onde eles possam refletir suas próprias experiências, relacionando-as com a sua aplicabilidade na vida prática. Uma aula assim é uma oficina em que os alunos criam suas próprias situações de movimentos com a ajuda dos elementos de construção.

A terceira questão analisou se havia uma divisão de homens e mulheres para a prática do esporte enquanto conteúdo e enquanto treinamento, e foi respondido pelo Professor 1que as turmas trabalhadas enquanto conteúdo programático não há divisão de homens e mulheres, são mistas. Para o Professor 2, não há divisão de sexo nos dois segmentos curriculares, pois trabalha com turmas mescladas em tais práticas.

Neste sentido Ghiraldelli Júnior (1988, p.57) estabelece que o profissional da área de Educação Física atue como intelectual progressista e transformador. Que estabeleça um elo comum com os vetores históricos que encaminham para a construção de uma nova hegemonia, uma nova direção política e cultural, enfim, uma nova cultura e uma concepção de mundo superior e democrático.

Não há que haver divisão, pois, a atividade física é um elemento importante do tempo livre do homem moderno, da formação e educação escolar. Enquanto no componente extracurricular são separados até mesmo pela questão da faixa etária, ou seja, são alunos entre 16 a 18 anos.

A educação física deve proporcionar aos alunos o desenvolvimento harmônico concorrendo assim para formar o sujeito de ação, física e moralmente sadio, alegre e resoluto, cônscio do seu valor e das suas responsabilidades, e de pensamento de igualdade.

A quarta questão questionou se existe uma participação ativa dos alunos na prática do esporte enquanto conteúdo e ainda se aqueles que fizeram opção pelo treinamento sentem motivação para a prática do desporto, assim, a resposta obtida segundo o Professor 1 foi que a participação dos alunos no esporte enquanto conteúdo ela não atinge 100%. O docente 2 respondeu que existe uma participação significativa nas práticas de esporte enquanto conteúdo, porém há uma resistência por parte de algumas meninas em relação a tais práticas. Enquanto os treinamentos, os alunos se sentem motivados, apesar das dificuldades encontradas ele disse que sente a motivação por parte das crianças.

Porém, uma grande maioria ainda participa, vários fatores, acredita o Professor 1, impedem sua participação ativa, como por exemplo, uniforme de educação física que a grande maioria não tem condições de comprar. Além disso, existe ainda o problema da quadra que é descoberta e o piso é áspero, surge disso o medo dos alunos de se machucarem entre outros. Enquanto o esporte trabalhado como treinamento as aulas são ministradas no Ginásio de Esportes da cidade e as condições são bem melhores.

Contudo, pode-se dizer que uma aula aberta às experiências deve ser planejada definindo os objetivos que se pretende alcançar e os materiais necessários para se atingir os objetivos, uma boa disposição dos aparelhos a serem usados e a compreensão dos princípios didáticos a serem alcançados levam à construção de cenas das aulas a serem desenvolvidas.

Numa aula assim os alunos têm oportunidade de agir intencionalmente e de variar as situações de acordo com o que querem fazer. Constata-se pela experiência que a ordem e o planejamento são fundamentais para o bom desempenho da aula, proporcionando chances reais de participação na determinação do sentido da aula de educação física.

Perguntou-se qual a opinião do professor em relação ao tempo disponível para as aulas de esporte enquanto conteúdo e treinamento, o Professor 1 respondeu que o tempo é suficiente nos dois segmentos curriculares, sendo que, o treinamento deve-se entender que o Ginásio de Esportes da cidade é ocupado por várias escolas para os mesmos objetivos, e os horários as vezes são apertados, mesmo assim, a atividade é realizada.
O Professor 2, respondeu que é insuficiente, justificando que um bimestre seria pouco para imensidão de pesquisas relacionadas a históricos e fundamentos básicos de modalidades esportivas enquanto conteúdo programático, visto que é preciso conciliar o conteúdo teórico com as aulas práticas. Revela ainda que o treinamento desportivo duas seções semanais de uma hora são insuficientes para passar os fundamentos básicos, como jogos pré-desportivos e algumas técnicas.

No entanto, apesar do PCN rezar por um efeito de estudo que traga condições para que os alunos estabeleçam uma direção no processo de formação e uma estrutura adequada, a situação real é diferente, pois conforme verifica-se nas escolas das regiões há uma precária infra-estrutura nas quadras de esportes.

Na sexta e última questão avaliada, perguntou-se sobre o material disponível, se é suficiente para as aulas de esporte nos dois segmentos curriculares, a resposta obtida pelo Professor 1, foi que o material é insuficiente tanto para o esporte enquanto conteúdo, quanto o treinamento, muitas das vezes os próprios alunos levam seus materiais, sem contar o material de sucata que é criado aqui na escola.
Já o Professor 2, respondeu que o material além de insuficiente é inadequado para o bom rendimento da prática do esporte nos dois segmentos curriculares. Isso se deve, segundo este professor, as verbas disponíveis que não são condizentes com as necessidades de compras de materiais para as modalidades esportivas. Estendendo-se a essa, como tantas outras.

É importante reconhecer na educação física mais um elemento no processo histórico de superação dos atuais estágios de vida na sociedade. As aulas tradicionais sempre mostraram a visão de mundo limitado e reduzido. As aulas abertas a experiências possibilitam e facilitam a identificação e o trato do que é significativo, individual e coletivo.
Portanto, a questão de materiais para a prática, seja educativa ou esportiva pode-se dizer que as aulas tornam-se abertas a experiências que pode ser um elemento conscientizador, e estas refletem uma ação político-pedagógica que visam o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem em educação física e esportes, coerentes com a perspectiva de transformação social.


























4 CONCLUSÃO

Pode-se concluir que o desenvolvimento do conteúdo esporte enquanto componente curricular difere do conteúdo de esporte enquanto componente extra curricular nos seguintes aspectos: Critérios para a formação das turmas e nível de interesse na participação dos alunos nas aulas práticas.

Percebe-se ainda, que o desenvolvimento do conteúdo esporte enquanto componente curricular se assemelha ao esporte enquanto extra curricular nos seguintes aspectos: O tempo de duração da aula e na utilização dos recursos materiais.

Por fim, as principais dificuldades identificadas foram: O tempo insuficiente para o desenvolvimento do conteúdo esporte enquanto componente curricular e tempo insuficiente para a prática do treinamento; os recursos insuficientes para a prática do voleibol enquanto componente curricular e extra curricular. O uso de uniformes, por exemplo, de educação física que a grande maioria não tem condições de comprar, além disso, a existe ainda o problema da quadra que os professores utilizam para a prática de esporte é descoberta e o piso é áspero surge disso o medo dos alunos de se machucarem. Estes fatores acabam tendo a auto exclusão do aluno por insegurança, medo e outros fatores psicológicos como o de inferioridade.

Como proposta para futuras pesquisas nesta perspectiva, podem-se investigar outros conteúdos, profissionais da área, bem como outras escolas com fins comparativos de aulas ministradas no componente curricular e extra curricular.

Propõem-se também analisar o papel do Educador X Treinador na sociedade moderna, fazendo uma comparação de como era trabalhada a Educação Física ontem e como são ministradas as aulas atualmente.



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APÊNDICE









QUESTIONÁRIO (COLETA DE DADOS)

1ª) Quais os critérios utilizados para a formação das turmas de Educação Física enquanto componente curricular e extra curricular?

2ª) Qual a metodologia utilizada para o ensino do Esporte enquanto conteúdo programático e enquanto treinamento esportivo?

3ª) Há um divisão de homens e mulheres para a prática do Esporte enquanto conteúdo e enquanto treinamento?

4ª) Existe uma participação ativa dos alunos na prática do Esporte enquanto conteúdo? E aqueles que fizeram opção pelo treinamento esportivo sentem motivação para a prática do desporto?

5ª) Qual a opinião do professor em relação ao tempo disponível para as aulas de Esporte enquanto conteúdo e treinamento?

6ª) O material disponível é suficiente para as aulas de Esporte nos dois segmentos curriculares?

Autor: Ricardo Ricardo Luiz Rocha Do Nascimento


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