"Afinal, o que é escrever?"



Afinal, o que é escrever?

Qual o assunto a abordar na elaboração de uma composição escrita? Algo vulgar do qual já todos ouviram falar e perdem imediatamente o interesse quando lêem o título? Talvez! Porque não?
O texto não tem apenas a função informativa e comunicativa que todos os dias assistimos nas notícias, é também um desabafo do escritor, que, muitas vezes não encontra outra forma de se exprimir, outra forma de expulsar a sua fúria, melancolia, dor, mágoa, senão massacrando as pequenas e indefesas teclas do computador.
O acto de escrever desperta em mim dos mais variados sentimentos, desde felicidade, satisfação, prazer, quando o texto final me agrada e vai de encontro aquilo que eu planeava escrever, quando as teclas do computador me absorvem, me consomem, me aspiram totalmente para dentro da essência do tema, por mais fútil que este seja; ou pelo contrário, tristeza, melancolia, dor interior, quando as teclas do computador parecem fugir dos meus dedos como se nada do que eu quisesse escrever naquele momento fosse aquilo que o aparelho gostaria de ler. Serão as teclas assim tão indefesas?
"O que escrever?" então se nem a nossa ferramenta de trabalho aceita a nossa tese? Será que os leitores irão gostar do que eu estou a escrever agora? Mas não deveria um texto pessoal ser a exteriorização dos meus sentimentos, dos sentimentos dos escritores em geral?
A construção de um discurso não é mais do que a junção de pequenas palavras que, no fim, produzem o ponto de vista do autor que, por vezes, vai de encontro ao do leitor. Quando tal acontece, ambos ficam radiantes porque sentem que alguém os compreende. É aí que o primeiro sente a valorização do seu trabalho, quando a relação entre o emissor e o receptor se cruza no meio de cada letra que forma cada palavra que, por sua vez, forma a frase e, por fim, o discurso. Quando essa junção de perspectivas ocorre há a exaltação de uma consciência crítica que havia adormecido. Adormecimento provocado pela solidão, pelo isolamento de pensamentos de uma só pessoa.
O que une as reflexões solitárias das pessoas são os textos que lêem e que as fazem ver que não são as únicas a pensar de determinada forma e é isso que, na minha opinião, desperta, ou deveria despertar, nas pessoas o interesse pela leitura e pela escrita, a esperança de encontrarem alguém que as entenda de formas que nem os entes mais queridos conseguem.
Ora, a arte de escrever é única, não pela sintaxe de um discurso, mas pela sabedoria e inteligência na união dos pensamentos mais entorpecidos no interior de cada um de nós que, poderão ou não, despertar outros ainda mais anestesiados pela dura solidão social e real de cada pessoa.

Ana Félix, 16-09-2011

Autor: Ana Félix Silva


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