IMPRESSÕES





Uma porção de batatas fritas
uma taça com rodelas de limão, cubos de gelo
duas latinhas de refrigerante ( duas?!)
um copo de suco e um canudo fadado às marcas do batom.
Tudo isso era o que se tinha de mais original ali.
Os gestos e palavras da pessoa, servindo à mesa...
As pessoas que estavam às mesas...
As frases sendo ditas à minha mesa...
Os olhares trocados sobre a mesa...
Parecia-me tudo artificial!
Talvez eu também não fosse eu.
E, se fosse eu, quisera eu saber por onde andava o meu outro eu.
Porém, acabei constatando que meu riso estava igual
Minha rusticidade permanecia igual
E que, embora meu proceder não parecesse igual,
Minha visão de mundo permanecia igual
o que me dava uma certa certeza de estar realmente presente.
Na Avenida, os veículos transitavam...
Na calçada, os pedestres passavam...
provocando um ruído curioso entre humanos e máquinas.
Não sei se por deficiência de percepção, e / ou ausência de intuição
Nada do que via e ouvia parecia-me autêntico.
Absolutamente, nada!
Nem o meu pretenso natural suco de laranja.

Autor: Helena Rodrigues


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