BREVE ANALISE SOBRE O MANDARIN



Breve analise sobre O MANDARIN de Eça de Queiroz.




Tatiana Dantas Santana





"Tu, que me lês e és um homem mortal, tocarás tu a campainha?"

Eça de Queiroz(1880)




Escrito em 1880 por Eça de Queiroz, o romance intitulado O MANDARIN, conta a história de um homem comum e supersticioso, que sonha com a futilidade da sociedade burguesa de Portugal, e motivado pela ambição, decide tocar a campainha causando a morte do Mandarim e assim herdar sua fortuna.
A trama se concentra em Teodoro e as conseqüências da ação de tocar a companhia., o crime lhe propicia riquezas, mas a culpa o acompanha por todo o enredo.Então decide viajar até a china e casar-se com uma mulher da família do Mandarim. O romance apresenta ,muita tristeza, vazio , remorso, culpa, hipocrisia burguesa com sua avareza, inveja, usura, as tensões sociais, econômicas e políticas, fala de sofrimento, de corrupção e de vício que são retratados com uma linguagem clara.A beleza da trama está nas imagens da china exótica , fantástica e colorida. O final é presumível.
As personagens da trama têm características bastantes especificas: Teodoro é o protagonista, magro e corcovado, leva uma vida pacata e monótona. Deixa-se levar pelas aparências, medíocre e de valores duvidosos. Ti Chin-Fu: é o mandarim de grande importância na obra, apesar de não ter falas no romance. Outros personagens secundários dão ritmo ao romance , como a D.Augusta, O diabo, Vladimira, General Camilloff , Sá-Tó, Couceiro, Cabritinha.
Escrita em primeira pessoa, a obra de Eça é uma crítica sócio-política burguesa e fútil de Portugal. A personagem enoja-se quando percebe que as pessoas passam a considerá-lo e até mesmo bajulá-lo apenas pelo dinheiro que possui, todos , desde os pobres até a igreja. Percebe que o que tem define quem ele é.

"A minha ambição seria pintar a sociedade portuguesa[...] e mostrar-lhe, como num espelho, que triste pais eles foram - eles e elas. É o meu fim nas Cenas da vida portuguesa.É necessário acutilar o mundo oficial. O mundo sentimental, o mundo literário, o mundo agrícola , o mundo supersticioso - e, com todo o respeito pelas instituições que são de origem eterna, destruir as falsas interpretações e falsas realizações, que lhes dá uma sociedade podre."
QUEIRÓS Eça de. Carta a Teófilo Braga.
In: Obra completa. Rio de Janeiro:Nova Aguilar,1986.


Encontramos evidências do realismo , principalmente na descrição fiel das personagens retratada por Eça. O gosto pelos detalhes numa narrativa lenta como a forma como define a china , na atitude da denuncia das injustiças sócias, nesse caso com a atitude dele próprio e a atitude de bajulação das pessoas em torno dele,materialismo do amor simbolizado pelo romance com Vladmira, simbolizando a traição humana.

Teodoro em via de sua morte deixa esse questionamento:
"E a vós, homens, lego-vos apenas, sem comentários, estas palavras: "Só sabe bem o pão que dia a dia ganham as nossas mãos: nunca mates o Mandarim!"
E todavia, ao expirar, consola-me prodigiosamente esta idéia: que do Norte ao Sul e do Oeste a Leste, desde a Grande Muralha da Tartária até as ondas do Mar Amarelo, em todo o vasto Império da China, nenhum Mandarim ficaria vivo, se tu, tão facilmente como eu, o pudesses suprimir e herdar-lhe os milhões, ó leitor, criatura improvisada por Deus, obra má de má argila, meu semelhante e meu irmão!"


E você , tocaria o campainha ?

Autor: Tatiana Dantas Santana


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