Indignar-se é preciso



Todos os dias tenho lido no jornal e visto na TV manifestações de milhares de cidadãos em muitos países da Europa, da África e até mesmo aqui na América do Sul.
O povo indo às ruas para exigir democracia, justiça, liberdade de expressão, melhor educação e até mesmo para saquear lojas caríssimas como aconteceu em Londres.
As notícias chegam tão rápido que mal entendi o que aconteceu ontem, e já tenho que lidar com o que está acontecendo agora.
A globalização mostra nosso planeta como ele realmente é: um grão de areia no universo.
Parece que encolhemos, que as distâncias são mínimas. O que antes era do outro lado do mundo, fica agora à nossa porta e influencia nossas vidas de forma agressiva.
O Primeiro Ministro da Inglaterra, David Cameron, diz que vai responsabilizar os pais dos jovens envolvidos nos atos de vandalismo cometidos nos últimos dias no país.
Como podem os pais serem responsabilizados por atos de seus filhos?
As pessoas hoje em dia, e eu digo as pessoas em geral, não somente os jovens, estão tão vulneráveis e expostas a informações que chegam por todos os lados, sem um filtro para que possam ao menos enxergar o que está por trás de cada fato, que fica praticamente impossível conter os ânimos, pedir bom-senso, impedir a indignação.
E sempre existem aqueles que se aproveitam das situações mais escabrosas, mais indecentes para incitar a fúria nas pessoas, mesmo naquelas dotadas de conhecimento de causa.
E apesar de todo esse banho de sangue, da violência, apesar de toda a exposição na mídia, continuamos levando nossas vidas como sempre. E aí nosso planeta minúsculo volta a ser como antigamente: um gigante no espaço, onde os acontecimentos naqueles lugares longínquos parecem não nos afetar, pelo contrário, parecem historinhas que contamos a nossos filhos para que possamos mostrar a eles a diferença entre o bem e o mal. E também contamos com a inabalável certeza de que "isso não acontece aqui com a gente." E essa constatação nos acalma e nos faz seguir com nossas vidas, fazendo com que nos sintamos seguros.
Aí você me pergunta: "Mas o que posso fazer?"
E esta é a pergunta que me faço todos os dias também.
Quem sou eu para mudar o mundo? Para fazer diferença no rolar dos acontecimentos aqui mesmo na minha comunidade, na minha cidade? Como posso lutar contra todo um sistema?
A resposta talvez seja muito simples, como toda resposta é simples para uma questão muito complexa:
Nós podemos nos indignar. Nós podemos não achar tudo isso normal. Nós podemos buscar por notícias boas, por pessoas que nos inspirem para o bem. Nós podemos nos importar com o que acontece a um metro da nossa importante pessoa.
Porque ignorar os fatos ou achar que o que acontece no mundo nada tem a ver com você, é um atestado de incompetência moral, além de ser desumano.
(Júlia Bellini ? 12/08/2011)



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Autor: Júlia Telles Bellini


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