Cristal para atrair o amor



Este foi o meu primeiro cristal. O ganhei em uma festa, lá em São Tomé das Letras. Foi uma moça que me deu, para trazer boa sorte. Ela o preparou dançando em volta de um pote de vidro, onde ele e outros cristais estavam mergulhados em água perfumada de óleos essenciais. Era uma espécie de magia, um ritual com os elementos. Tinha terra, água, fogo e ar. Depois, cada pessoa presente escolheu um cristal. Eu não sabia qual escolher. A moça me disse:
- Escolha o que o seu coração mandar!
E eu escolhi este aqui. Nem sabia qual era o seu nome, ou que era uma pedra para o amor.
O guardei em minha bolsa com todo cuidado. Esta pedra energética, cheia de bons fluidos, era o meu anjo da guarda, minha comunicação com o mundo espiritual. Eu levava este cristal para todo lado. Conversava com ele fazendo vários pedidos, que ele atendia na medida do possível. Um dia, resolvi arriscar pedir algo maior, e pedi um namorado.
Primeiro, pedi para ele me trazer o gato bonitão do meu trabalho. Eduardo, vinte e poucos anos, sarado, queimado e falante. Ah, cheio de graça...
Deixei o cristal a noite toda no sereno, tomando banho de lua pra ficar potente. Meu cristalzinho tinha que trazer aquele fofo!
Acho que Eduardo era muito musculoso. O cristal não deu conta. Não o trouxe!
Não desisti, e fiz uma nova tentativa. Agora com o Aurélio, homem mais centrado nos seus trinta anos e tralálá. Como ele era mais quieto que o primeiro, achei que este o cristal conseguiria.
Mergulhei o cristal em água com sal e pedi, pedi, pedi!
Não deu certo.
- Acho que meu cristal é sintético!
Mas eu sou guerreira! Mulher decidida! Não me abalo por pouco! Comprei um cristal muito maior. Uma drusa enorme. Parecia uma caverna. Agora ia funcionar!
Energizei aquela montanha de pedras que nem a moça da festa. Juntei em volta dele incenso, acendi vela, peguei terra do vaso de minha mãe, água mineral de marca cara e pus tudo ali, ao lado dele. Eu até dancei. Rezei e pedi a energia cósmica que habita o céu, por misericórdia divina, um namorado para uma mulher desesperada.
O cristal me pregou uma peça. Me deu uma canseira. Uma espera de meses!
Quando eu já ia partir para algo mais radical, digamos assim, comprar uns oitenta quilos de pedra para distribui-las pela casa, serviço e bolsa. Locais por onde passo e conhecidos chegados, conheci Pedro em uma distribuidora de cristais, que vendia pedras em grande quantidade para comerciantes. Ele era o atendente. Foi mágico! Nosso amor nasceu a primeira vista.
- Ah, que lindo!!!
Desde então estamos juntos.
Esta casa em que moramos, é um polo de purificação do bairro, com cristais do banheiro ao jardim.
O meu primeiro cristal ficou guardado aqui, em lugar bem especial, para eu sempre me lembrar de:
"Nunca duvidar do poder das pedras!"


Autor: Ana Kátia De Souza Pessoa


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