Prematuro



Nasceu criança franzina. A mãe preocupada, se perguntava:
- Será que vive o meu bichinho?
E viveu. Cresceu criança danada. Daquelas que a todos tira o juízo. Rodrigo era o seu nome. Rodrigo.
Na escola a professora com ele, era um aperreio só. Cortava um dobrado. Não parava quieto o pirralho. Nem só um pouquinho. Conversava com um e com outro. Ia de carteira em carteira. Jogava bolas de papel. Brigava. Ah, como brigava. Era um terror, apesar de magrinho.
E haja castigo!
O moleque já tinha a bunda quadrada, de tanto sentar no banco da diretoria. E não resolvia.
Depois de crescidinho, lá pros seus dezesseis anos, época de namorar dos rapazinhos, conheceu Samanta. Menina meio desengonçada, meio esquisita. De sardas e óculos de lentes grossas. Aparelho nos dentes. Um cabelo desgrenhado, meio alaranjado. Magrinha!!! Sem corpo de moça formado. Mas ele dizia:
- Pro primeiro beijo basta!
E beijado, Rodrigo foi aos céus. Foi seu ritual de passagem. "Agora que já era homem, a diversão ia começar de verdade."
Não parou mais. Pegou gosto por rabo de saia o rapazinho. Franzino, mas bom de bico, na lábia, uma fila de garotas traçava: foram Maria, Paula e Ana. Fernanda, Eliane e Severina. Mariane, Juciléia e Bruna. Tatiana e Tatiane (pegou irmãs) e Teiciane (também a prima). E muitas e muitas outras meninas. Nome pra dedéu. Nem dá pra contar quantia.
- Eta! Pegador porreta o malandrinho!
E tome amasso! Sarro, sarro e mais sarro! Em qualquer canto escuro meio deserto. Esfrega-esfrega sem cerimônia. Atrás do muro da escola. Na viela próxima de casa. Agarro na praça. No campinho de futebol. Pega-pega até no meio do mato.
Depois de alguns meses, no auge de sua virilidade, conheceu Gabriela. Moça de família e tímida. De namoro só dentro de casa. Apaixonou-se. Ficou com ela, apesar de sempre vigiado. Aquietou o facho.
Mas a natureza, hormônio vibrando no corpo de ambos, que a vigília foi mais forte. Esperta, não deixou passar a oportunidade.
Em um dia de muita sorte, de mãe no mercado, irmãos passeando e pai no trabalho, aconteceu a primeira transa. Na cama de solteira dela. Tinha quinze anos de idade Gabriela.
Na pressa de penetrá-la, tirar seu cabaço, Rodrigo esqueceu a camisinha. Gozaram rápido os pombinhos... Rápido também, foi a chegada de Ricardo, filho feito na perda da virgindade, que não querendo esperar os nove meses, nasceu de sete.


Autor: Ana Kátia De Souza Pessoa


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