Artigo: As infecções hospitalares sem controle no Brasil



Artigo: As infecções hospitalares sem controle no Brasil

Roberto Ramalho é jornalista, escritor, articulista, blogueiro e servidor público da Universidade Estadual das Ciências da Saúde de Alagoas

Segundo as enfermeiras Janice F.F.S. Veiga e Maria Clara Padoveze (1) "a infecção hospitalar é uma síndrome infecciosa (infecção) que o indivíduo adquire após a sua hospitalização ou realização de procedimento ambulatorial. Entre os exemplos de procedimentos ambulatoriais mais comuns estão: cateterismo cardíaco, exames radiológicos com utilização de contraste, retirada de pequenas lesões de pele e retirada de nódulos de mama etc".

Ainda de acordo com elas "a manifestação da infecção hospitalar pode ocorrer após a alta, desde que esteja relacionada com algum procedimento realizado durante a internação. Somente um profissional treinado (médico ou enfermeiro com qualificação especial em Infecção Hospitalar) pode relacionar sinais e sintomas de infecção com procedimentos realizados em unidades de saúde e realizar o diagnóstico de infecção hospitalar".

De acordo com a Enciclopédia Wikipédia (2), há mais de vinte anos, a infecção hospitalar era um fantasma que pairava nos quartos e corredores dos hospitais, assombrando apenas os médicos e enfermeiros. A agonia sofrida pelo ex-presidente brasileiro Tancredo Neves trouxe esse fantasma para o cotidiano de todos os brasileiros. Termos como septicemia, diverticulite, infecção generalizada se popularizam.

Desde então, a infecção hospitalar não mudou, apenas tornou-se mais conhecida, permanecendo como um dos flagelos mundiais na área de saúde, pois nenhum país tem o controle absoluto da infecção hospitalar, apenas existem países que possuem números mais baixos de contaminação.

Cerca de cem mil pessoas morrem, a cada ano, devido às infecções hospitalares, segundo levantamento feito pela Associação Nacional de Biossegurança.

O governo informou que não tem dados consolidados sobre o problema, embora uma comissão ligada ao Ministério da Saúde tenha sido criada há 26 anos com esse objetivo.

A pesquisa da Associação mostra que, em média, 80% dos hospitais brasileiros não fazem o controle adequado para evitar a disseminação das infecções.

A Organização Mundial da Saúde, por sua vez, estima que as infecções hospitalares atinjam 14% dos pacientes internados no Brasil.

A presidente da Associação Nacional de Biossegurança, Leila Macedo, diz que "o risco de infecção não pode ser eliminado nunca, mas é possível bloqueá-lo para que chegue perto de zero".

Finalizando, nunca esqueci quando meu pai morreu num quarto da Santa Casa de Misericórdia de Maceió, vítima de infecção hospitalar. Poucos dias antes ele apresentava uma melhora significativa do quadro de pneumonia, e de repente, um paciente que estava no quarto ao lado em estado crítico foi submetido a uma retirada de líquidos do pulmão e este material ficou praticamente na entrada da porta do quarto onde meu falecido pai estava. Uma outra senhora, que havia sido submetida a uma cirurgia cardíaca, mas praticamente não podia beber água em razão de diabetes, com certeza também respirou o referido material retirado daquele paciente. No final das contas, poucos dias depois, papai, o cidadão ao lado e aquela senhora, faleceriam com intervalos de pouquíssimas horas, num descaso a toda prova. O que fazem as Secretarias municipais de saúde e do estado? Nada! E não fazem nada, porque quem manda é o poder econômico, são os donos e sócios dos grandes hospitais que nada fazem para melhorar as condições de vida dos pacientes, principalmente nas UTIS, onde bactérias como a pseudomona aeruginosa, a Klebsiella pneumoniae carbapenemase ? KPC, e a poderosíssima Streptococcus pneumoniae, infestam os hospitais públicos e privados desse país, sem que exista uma política governamental para, pelo menos, diminuir a sua incidência, ou uma intensa fiscalização, fechando UTIS e multando quando for necessário. E de maneira radical, até fechando esses estabelecimentos. Só não processei esse hospital a pedido de familiares e de pessoas da área da saúde. O fato aconteceu em 1991.

FONTES:
1. www.cve.saude.sp.gov.br;

2. Enciclopédia Wikipédia ? pesquisa realizada no site de buscas Google (www.google.com.br);


Autor: Roberto Jorge Ramalho Cavalcanti


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