POLÍTICAS PÚBLICAS, PLANEJAMENTO TURÍSTICO E INSERÇÃO SOCIAL



INTRODUÇÃO

Ao longo dos anos, o mercado mundial passa por diversas modificações de âmbito econômica, social e cultural, na tentativa de atrair os diferentes públicos investidores, produtores e, principalmente, os consumidores. Nessa perspectiva, o homem viu a necessidade de se criar novos produtos e mercados para o capitalismo e para sua autosatisfação. Com a criação desses produtos e mercados, o turismo, como atividade prestadora de serviço, se desenvolve em novos segmentos para atender a atual diversidade social, economica e cultural.

O turismo pode ser visto como um dos articuladores mais propicios para que essa dinâmica social ocorra, utilizando o espaço, a história e acultura. Onde, de acordo com Gastal (2007, p. 11):

O Turismo é um campo de práticas histórico-sociais que pressupõem o deslocamento dos sujeitos em tempos e espaços diferentes daqueles dos seus cotidianos. É um deslocamento coberto de subjetividade, que possibilita afastamentos concretos e simbólicos do cotidiano, implicando, portanto, novas práticas e novos comportamentos diante da busca do prazer.

Uma prova disso é a segmentação do turismo voltado ao público GLBTTS, um mercado específico, emergente e polêmico, com um grande potencial em diversos setores da economia mundial e por ser um público que constantemente passa por diversas de preconceito pela sociedade, requer um cuidado maior, com produtos e serviço de qualidade e direfenciados. Onde atualmente, no Brasil, estima-se que 10% da população seja de homossexual, isto é, aproximadamente 18 milhões de pessoas, sendo o segundo segmento que mais cresce dentro do turismo, depois do segmento infantil. (SOUZA, 2006).

A Amazônia, mais especificamente a cidade de Belém do Pará, possui relativamente um grande potencial turístico, o qual é inexplorado pelas empresas, governo e agências de turismo tradicionais, públicas e privadas. Diante disso, a precarização do planejamento transacional, a falta de políticas públicas voltadas para este grupo de pessoas ocasiona a deficiência de profissionais qualificados, inércia do empresariado e o preconceito por parte da sociedade, que não os vê como cidadãos consumidores e participantes dessa oferta, contradizendo a Declaração Universal dos Direitos do Homem, do artigo 2, parágrafo 1:

A cada individuo cabem os direitos e todas as liberdades enunciadas na presente Declaração, sem qualquer distinção por razões de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de qualquer outro tipo, de origem nacional ou social, de riqueza, de nascimento ou qualquer outra condição.( Apud Bobbion; Bovero, 2000, p.493).

O objetivo deste trabalho é explanar como o público GLBTTS é trabalhado no contexto mundial, nacional e estadual, os embates que este grupo enfrenta como agente consumidor e modificador da sociedade, enfatizando a possibilidade da atividade turitica na cidade de Belém do Pará, como um segmento de mercado, aos olhos do trade turístico e da sociedade contemporânea.

Turismo GLBTTS: uma visão global

Segundo economista austríaco Schattenhofen (Apud Moesch, 2002), turismo pode ser definido como "o conceito que compreende todos os processos, especialmente os econômicos, que se manifestam na chegada, na permanência e na saída do turista num determinado município, país ou estado". O qual não recrimina cor, estato, raça ou opção sexual, pois seu único objetivo é de satisfazer o turista ocupando seu tempo livre com práticas que lhe proporcione prazer.

O turismo como qualquer outra atividade é um mercado que abrange vários segmentos - segmentar é identificar clientes com comportamentos homogêneos quanto a seus gostos e

preferências ? como: turismo de aventura, religioso, de pesquisa, de negócios entre outros. Que estão voltados para diversos públicos: infantis, jovens, idosos e de variados gêneros.

Por este motivo, o turismo é entendido como um fenômeno sociocultural, dinamizador da cultura, de profundo valor subjetivo e objetivo para os sujeitos que o praticam. Desse modo, as políticas públicas e o planejamento turístico têm um papel fundamental à consolidação da atividade turística em prol da sociedade e da localidade.

Sendo assim:

Políticas públicas seriam as intervenções realizadas pelo Poder público, instituições civis, entidades privadas e grupos comunitários, com o objetivo de atender à população nas suas necessidades materiais e simbólicas, garantindo-lhes acesso às mesmas, para que seja alcançada maior e melhor qualidade de vida não só para os grupos hegemônicos, mas também - e em especial ? para os excluídos por razões econômicas, sociais e culturais, etárias ou de gênero, dentro do respeito do direito à diferença (GASTAL, 2007, p.39).

Segundo Vieira (apud COOPER et al., 2001), as previsões para este século, apontam para mudanças da prática enquanto atividade de massa para um consumo individual especifico onde, a principal tendência é a criação de produtos dirigidos e diferenciados. Por sua vez, os recentes questionamentos sobre uma série de significados como gênero, identidade, território, etnia, classe e nacionalidade vêm provocando transformações na sociedade, na cultura, nas artes e, claro, na economia.

Em decorrência do desenvolvimento do capitalismo ocorreram transformações no âmbito político-social. Isso gerou a dinamização da demanda turística, seguidos de novos atores que influenciam no processo de elaboração de novos parâmetros, como o público GLBTTS (Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transgêneros ou Transexuais e Simpatizantes), que levou a modificação do planejamento e da política publica, perante a sociedade.

Assim como em outros segmentos turísticos, a demanda GLBTTS surgiu como um multiplicador de renda da economia. No entanto, observa- se que há várias fragilidades como o preconceito social, a deficiência nas ações públicas, falta de estruturas comerciais e organizacionais. Frequentemente essas fragilidades são vistas no nosso cotidiano, as quais dificultam o desenvolvimento, crescimento e inclusão deste grupo como cidadãos e agentes modificadores desta sociedade.

Diante disso, no setor turístico, pouquissimas empresas buscam a especialização nessa demanda, seja por meio de estudos, pesquisas e vivências, não obtendo a base necessária para que o homossexualismo seja estudado em sua profundidade. Vindo a ocasionar a precarização

do planejamento transacional, pela falta de profissionais qualificados, a inércia do empresariado, a inexploração desse segmento pelas agencias de turismo, ou mesmo pela falta de interesse dos gays em serviços voltados exclusivamente para eles, e em menor escala, o preconceito.

Dessa maneira, segundo Dencker (2004, p.1):

A finalidade do planejamento não se deve restringir à organização do setor para atender apenas às necessidades do mercado (tendo como objetivo o crescimento econômico baseado no lucro), mas ultrapassar a dimensão econômica avançando no social, contemplando relações de confiança e solidariedade, de comprometimento e reciprocidade [...].

O movimento homossexual ou homoerótico tem crescido e ganho visibilidade nas últimas décadas, junto à discussão a respeito dos direitos humanos e das políticas públicas, as quais culminaram na aprovação de leis de proteção aos direitos homossexuais, incluindo os de parceria ou união civil, especialmente na Europa e América do Norte. Já na América do Sul, formada principalmente por países considerados de terceiro mundo, o movimento garantiu a lei de união civil aprovada em Buenos Aires, capital da conservadora Argentina. No Brasil transsexuais ganham o direito de trocar seu nome de hetero para o de homossexual.

No bojo dessas discussões o segmento formado pelos homossexuais, masculino e feminino, tem cada vez mais exigido participação política, social e econômica, sobretudo, por meio de manifestações, passeatas e protestos, geralmente expostos nas paradas do orgulho gay, que ocorrem no mundo, sendo atulamente encarada não mais como decorrência patológica ou transgressão de preceitos religiosos, mas, como celebração identitária e de manifestação de gênero.

Inicialmente os profissionais de turismo do mercado norte-americano perceberam que muitos de seus clientes, principalmente do sexo masculino buscavam alternativas aos equipamentos de turismo e de lazer voltados aos heterossexuais. Fundando em 1992, em Minneapolis, Estados Unidos, a primeira agencia voltada ao atendimento exclusivo de turistas homossexuais ? RSVP Travel Productions. (Santos; Mariani, 2009, p.4).

No Brasil, esta iniciativa começou com a agência Álibi Turismo, localizada em São Paulo. Foi criada em 1998 e hoje é uma referência no mercado de viagens brasileiro por serbem-sucedida trabalhando com a comunidade de gays e lésbicas (OLIVEIRA, 2002).

Este público é amplo, onde existem diferenças de comportamento e orientação sexual, gerando preconceitos entre eles, os quais na maioria das vezes preferem locais diversificados e específicos, pacotes fechados tanto para casais, quanto para seus amigos simpatizantes visando conforto e lazer. Segundo Grunauer (1997), os clientes gays são geralmente de dois tipos:

* Os que se conformam em comprar pacotes turísticos convencionais e se hospedam em hotéis para todo o tipo de clientela;

* Os que preferem agências especializadas, com propostas dirigidas a cobrir as necessidades e preferências gays.

Segundo Casemiro (2006 apud CARDOSO, 2006) especialista em turismo GLBT e ex-diretor da Associação Mundial de Turismo Gay e Lésbico (IGLTA, na sigla em inglês), nós precisamos de uma mobilização maior:

A comunidade gay na América do Norte e Europa têm muito mais força do que nós. Além de encontrar bairros gays, você tem oferta de produtos e serviços direcionados, com uma comunidade que prestigia as empresas. Basta ver o quanto é difícil montar uma boa palestra e conseguir atrair um grupo interessado em saber mais a respeito de seus direitos e de suas potencialidades.

No Brasil, por enquanto, não há uma pesquisa que confirme a imensidão desse mercado. Onde o mesmo não está incluindo no roteiro das festas internacionalmente conhecidas, mas podendo está entre os países da America Latina com o maior potencial turístico GLBTT, como afirma Luiz Mott (apud ANSARAH, 1999, p.194):

O Brasil foi considerado o paraíso gay da America Latina pelos homossexuais que visitaram o país e que pretendiam voltar. Estima-se que o número de homossexuais brasileiros em 1995 ultrapassou 15 milhões (...) O Brasil na verdade oferece algumas vantagens em relação a alguns países vizinhos: desde que foi extinta a Inquisição, em 1621, a ?sodomia? (como era chamado o homoerotismo) deixou de ser crime no Brasil, o que até hoje não aconteceu no Chile, Equador, Nicarágua e Cuba.

Esse ramo só começou a ser explorado há pouco mais de cinco anos, sendo Rio de Janeiro e São Paulo consideradas as capitais gays da América do Sul por oferecerem, além de opções de lazer e entretenimento, um menor grau de preconceito contra a comunidade GLS. Promovendo diversos eventos como a Conferência Internacional de Gays e Lésbicas, o Dia Internacional do Orgulho Gay, sendo o de maior expressão o carnaval, que atrai turista de todo mundo, seja para apreciar as paisagens naturais, seja para participar de noites especificas como as do Scala Gay, em São Paulo.

Com o intuito de abarcar esse nicho de mercado a Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) , lançou um site em inglês para atrair turistas GLBTTS, com informações turísticas, programação cultural e pacotes turísticos sugeridos pela Associação Brasileira de Turismo GLS voltados para este público,objetivando, mostrar o Brasil multicultural, que acolhe e respeita a diversidade podendo ser acessado pelo endereço www.theloveland.net.

Numa pesquisa realizada por Wanker (2007), "O Turismo GLBT já é respeitado em grandes metrópoles como São Paulo, onde o Movimento recebe mais de R$ 500 mil em apoio do poder público e empresas para organizar a Parada." Mas na visão de Bonfim (2004):

Infelizmente, não são muitos municípios e empresários que percebem esse filão no mercado, muitas vezes por conta do preconceito e do medo do novo. Não raro, ouve-se comentários de pessoas ou organizações que buscam serviços turísticos para um grupo GLBT e quando externam quem deverá ser atendido, recém respostas negativas, sob protestos de risco de perda dos clientes tradicionais. E, isso não são situações isoladas, pois são freqüentes os relatos de constrangimentos que os turistas GLBT sofrem em hotéis e estabelecimentos congêneres.

Turismo GLBTTS: uma possível demanda para a cidade de Belém do Pará

Apostando neste nicho de mercado, que não pára de crescer, o Movimento GLBTTS do Pará, está procurando apoio também na iniciativa privada. "O poder público é nosso parceiro já há algumas paradas, agora também vamos abrir espaço para empresas que não querem perder essa oportunidade de se comunicar com um público tão grande", afirma Ivan Cardoso. (Apud Wenker, 2007).

De fato há um incentivo do poder publico nas paradas, mas não supri a necessidade desta demanda, não havendo investimentos significativos, para a atividade turística no Estado do Pará, nem políticas públicas de segurança, saúde, educação e respeito, principalmente, na capital.

O Estado do Pará, segundo Souza (2006),

"precisa desenvolver um planejamento estratégico buscando definir e consolidar a competitividade com outros Estados, comunicando a diversidade cultural e natural, e nada melhor do que trabalhar com o ascendente segmento GLS. Contudo as organizações de turismo paraense precisam estar aptas para quebrar paradigmas e preconceitos da sociedade, através de políticas de Relações Públicas e Publicidade e Propaganda centradas na comunicação integrada, segmentando o público para maior eficácia do relacionamento com o consumidor."

O autor afirma que as empresas locais não possuem projetos, nem estão aptas a receber este público, nem tão pouco quebrar paradigmas.

De acordo com Souza, 2006:

A Vale Verde Turismo, uma das duas grandes empresas turísticas paraenses atuantes no mercado regional, nacional e internacional, com uma boa infraestrutura para oferecer produtos e serviços de qualidade ao turista, formada por profissionais que recebem constantes treinamentos para atingir as ?expectativas dos clientes, em lembranças prazerosas? (...) não trabalha segmentação de público, dirigindo seus produtos e serviços locais ao turismo de massa.

Podemos ressaltar que o mercado turístico paraense está fora da concorrência nacional e internacional do mercado turístico pela demanda GLBTTS, sendo este um forte público. Mas que ainda sentem em pleno século XXI o preconceito das agências paraense, que os ignoraram. Apesar dos grandes avanços no que tange os direitos humanos, como as duas leis que beneficiam o segmento turístico que foram sancionadas pela governadora Ana Julia Carepa:

A lei nº6971 que dispõe sobre a proibição de benefícios fiscais e financiamentos a empreendimentos comerciais, industriais ou de serviços que discriminem cidadãos quanto a sua orientação sexual; e a Emenda Constitucional nº20 de 17 de junho de 2003, que dá nova redação ao inciso IV do art 3º da constituição do Estado do Pará, incluindo o termo orientação sexual no texto "promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, orientação sexual, cor idade e qualquer outra forma de discriminação", ambas de autoria da ex-deputada estadual Sandra Batista (PC do B).

O Estado do Pará é conhecido fora de seus como uma terra de um povo "hospitaleiro", acolhedor, segundo Nascimento (2009). A tradicional receptividade da população Amazônica é marcada pelos diferentes aspectos da nossa cultura: as comidas típicas (pato no tucupi; maniçoba; tacacá; unha de caranguejo); as frutas de sabor exótico que encantam mestres da cozinha regional e internacional (açaí; cupuaçu; bacuri); danças típicas (carimbó; sririá; lundu; marujada; xote); a fé da população; os traços indígenas e mestiços da população; a exuberância da selva em comunhão com o rio; o calor úmido e a chuva da tarde que hoje, com as mudanças climáticas pode cair a qualquer hora do dia ou da noite.

Essas peculiaridades representam apenas alguns elementos característicos da região paraense que podem ser trabalhadas como atrativos turísticos para o público GLBTTS a partir de um planejamento transacional e de políticas públicas para atender suas necessidades.

No entanto, para que haja uma política pública voltada para o planejamento turístico, focando este e os demais segmentos, é necessário haver a avaliação dos recursos turísticos, ou seja, serviços e equipamentos públicos; a urbanização e o grau de organização do território; a articulação com o público e privado; estimular a cultura turística, ou seja, provocar o envolvimento das pessoas com o turismo como fonte de oportunidade, esquecendo o preconceito e valorizando as pessoas pela sua personalidade e caráter e não por sua opção

sexual, e por fim uma política de turismo que vincule a promoção e a comercialização do produto com a qualidade do que é oferecido.

Partindo desse pressuposto, observa- se no esquema abaixo que, para que haja o planejamento turístico adequado, visando à contenção desta demanda, é necessário haver a interrelação entre: Estado, Sociedade Civil, Mercado e Meios de Comunicação.

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Fonte: PRADO, 2008

Logo, não precisar ser um especialista na atividade turística para chagar ao fato de que o Estado do Pará não detém dos devidos recursos para receber e manter essa e outras demandas, indo contra as diretrizes de uma política pública articulada ao planejamento turístico. Falhando no setor de transportes, saneamento básico, urbanização, estrutura, serviços públicos e de iniciativa privada, na promoção turística e na inclusão social tanto da comunidade local e da comunidade GLBTTS.

Observa-se que o planejamento turístico do Estado do Pará tem um déficit à respeito de ações públicas voltadas para o segmento GLBTTS. Nota- se que esse segmento não é trabalhado no âmbito municipal e estadual, tanto pelas iniciativas públicas e privadas, deixando de captar a renda gerada por este público, que em sua maioria é detentora de capital para o seu lazer e entretenimento.

Segundo Coelho (1997, p.294 apud GASTAL, 2007, p.43), em relação à cultura, pode servir para pensar o turismo, no que se refere à legitimação de políticas publicas. Elas devem guiar- se pela lógica do bem estar social, pois, sem políticas adequadas, "a dinâmica social é deficitária e precisa ser corrigida uma vez aceita a premissa de que as práticas culturais" ? e, acrescentaríamos as práticas turísticas ? "são uma complementação do ser humano".

A concepção sistêmica e o desenvolvimento do turismo devem ter ênfase na cidadania e vir acompanhado de um planejamento que assegure o bem viver com a sociedade, no qual

mesma definirá a interação entre a comunidade local e a demanda turística, sem que tenha o preconceito tanto da parte local, quanto dos turistas. Tornando sua temporada no Estado satisfatória e plausível, desde sua chegada até sua partida.

A sociedade se forma a partir das transformações dos sistemas que se articulam entre si, distinguindo-se por seus traços. Onde determinado grupo social se destaca dos demais por apresentar características únicas: conhecimento, linguagem, crenças, costumes, valores, comunicação e opção sexual.

No Estado do Pará, mais precisamente no município de Belém, já existem locais específicos para o atendimento desse público como: boates (Fetiche, Daible, Mistical), bares e restaurantes e SPA?s, fora seus atrativos naturais (parques, museus, bosques, ilhas) que podem vir a torná- la uma boa oferta turística especializada neste segmento.

No entanto, este segmento turístico, GLBTTS, está fora da concorrência paraense, tanto nacionalmente, quanto internacionalmente, deixando de reter este capital. Apesar das diversas lutas que eles incorporam em todas as partes do mundo, ainda sentem em pleno século XXI o preconceito da sociedade e das agências paraense, que os ignoraram. Apesar dos grandes avanços no que tange os direitos humanos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quando se toma a atividade turística como objeto de análise, tem se a consciência que se fala de um fenômeno complexo e multifacetado, que pode ser apreendido de muitas formas diferentes. Onde o turismo é fruto de uma ampla teia de relações e sua importância pode ser vista, sobretudo, na economia, na sociedade e nos atores e sujeitos que a ofertam ou os que o consomem.

Neste propósito, o turismo se apresenta como uma das atividades mais interculturais, pois se realiza através da interação social, onde a cultura, a história e o ambiente subsidiam as relações de trocas. Onde o mesmo tende a ser planejado e implantado numa localidade visando atender uma determinada demanda, podendo ser massiva ou especifica como a demanda GLBTTS, que utiliza serviços específicos e alternativos.

Por conta disso, os destinos turísticos, que desejam ser atraentes e competitivos, precisam de um planejamento participativo ou transacional em conjunto com políticas públicas para atender principalmente a população local e a essa nova demanda, que, mais que mercadológica, é social e humana.

Nesse sentido, a cidade de Belém do Estado do Pará, localidade que trabalha o turismo ainda fragmentado, detém pontos fortes ? naturais, culturais e históricos - para abarcar o segmento GLBTTS, como atividade multiplicadora de renda, geradora de conceitos e preceitos, de melhoramento na infraestrutura e valorização social.

No entanto, esta realidade ainda esta longe de ser alcançada, pois não há políticas nem planejamento que contemplem este público, já que o mesmo é exigente, na maioria das vezes com excelente nível de escolaridade, sendo muitas vezes hostilizado, descriminado, ridicularizado e desprezado pela sociedade dita "normal", que não o vê como, agente modificador socialcultural, manipulador de capital, e acima de tudo como um cidadão.

Outro aspecto que não pode ser desconsiderado é a necessidade da participação da população local em tais empreendimentos pois, além de perceber as vantagens econômica deste segmento, este também será o caminho para promover à alteridade, favorecendo, na convivência em sociedade, o respeito e a tolerância. Promovendo, assim, a interação entre o turista e o receptor.

Assim, sendo a capital paraense, que possui uma infraestrutura que contempla os demais segmentos turísticos da região, poderia se beneficiar neste concorrido mercado, se utilizasse suas potencialidades históricas, naturais e sociais, a partir de leitura atualizada e respeitosa para com as diferenças, na construção de um produto turístico direcionado ao segmento GLBTTS, pois possui demanda e visível potencialidade econômica.

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Autor: Willa Silva Prazeres


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