Sujeito e Tipos de Sujeito numa visão funcional!



Na língua portuguesa o aluno encontra três tipos de estudos básicos: literatura, redação e gramática. A gramática possui basicamente três análises: FONÉTICA (estuda os sons), MORFOLOGIA (estuda as formas e funções das palavras) e SINTAXE (estuda a frase, a relação que as palavras possuem entre si). Dessa forma, vamos entender nossa língua com calma! Não é incorreto misturarmos morfologia com sintaxe, por exemplo, mas teremos que fazer isso, no primeiro momento, separadamente. Para resolvermos os problemas de "Análise Sintática" ofereceremos, durante este capítulo, um novo esquema.

Antes, tínhamos aprendido que se fizéssemos a perguntinha para o verbo poderíamos encontrar o Sujeito da frase. Assim se eu dissesse: "O menino caiu na lama" faria então a seguinte pergunta ao verbo "cair": Quem caiu na lama?' A resposta então seria o Sujeito: 'O menino foi quem caiu', logo, "o menino" seria o Sujeito simples.

Caro estudante, esse é um método que costumamos chamar de A Maldição das Perguntas. Muitas questões são elaboradas para que os alunos desapercebidos façam estas perguntas e cheguem a conclusões inesperadas nas respostas. Veja só o que poderia acontecer:

CASO PERIGOSO!!!!!

"Qual é o Sujeito da oração: Vendem-se casas amarelas com três quartos, dois banheiros e uma sala para escritório".

E agora? Tente, meu caro estudante, fazer a perguntinha ao verbo para achar o Sujeito. Veja se funcionará! Observe:

"Quem vendem-se?" Não sei quem; logo só poderá ser um Sujeito Indeterminado, não é? Não!, Nesse caso, quando temos um "verbo + SE", tudo o que vier depois dele (não existindo preposição ou advérbio) será o Sujeito. Logo, o Sujeito da frase acima é: "casas amarelas com três quartos, dois banheiros e uma sala para escritório".

Há inúmeras questões falando disso; e muitas pessoas deixam de passar num bom concurso público por causa da falta de percepções como essas que podem ser estudadas, observadas e dominadas por nós em forma de esquemas e muito treino. É claro que tudo se torna simples se estudarmos adequadamente, certo?

Então vamos ao nosso estudo da análise de nossa querida gramática começando uma nova seqüência: o estudo da sintaxe. Observaremos juntos como esse assunto cairá nos principais vestibulares e concursos públicos do Brasil, assim como na grande parte do uso do nosso dia-a-dia. Não percam a seqüência do nosso estudo a partir de agora.

A análise sintática deve ser entendida de forma que o caro estudante tenha como conhecer os mecanismos morfológicos que estruturam uma oração, assim como observar, através deles, termos técnicos nesse processo como "sujeito", "predicado" e tudo o que estiver dentro desses campos de análise. Isso servirá como base para um estudo que será aproveitado mais à frente como: pontuação, concordância, regência e aperfeiçoamento de colocação pronominal. Daí a importância da morfologia, pois funcionará como um verdadeiro manual para a análise sintática. Recomendamos assim que, na medida do possível, o estudante possa rever alguns conceitos na análise morfológica ao menos quando a sintaxe assim o exigir. Treino e dedicação ainda continuam sendo ferramentas do nosso sucesso que estamos construindo passo a passo. Comecemos assim um dos estudos mais significativos de nossa rica língua: ANÁLISE SINTÁTICA.


II ? FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO

Veja os três exemplos abaixo tirados de uma conversa típica de MSN (bate-papo na Internet entre adolescentes):

1) ? oi!
2) ? olá. vc tá bom?
3) ? ahan, to bem, mas ainda me falta mais ânimo para estudar toda aquela matéria, meu.
4) ? só!

Note que no item número "1" temos alguém que inicia uma comunicação com outra pessoa, mesmo não obedecendo àquilo que se considera "norma culta" da nossa língua. No item número "2" já encontramos uma resposta ao que foi expressado na frase "1" continuando o processo de comunicação. No número "3" temos uma expressão mais extensa em relação as demais citadas, indicando mais conteúdo informativo. E no número "4" encontramos uma interjeição que confirma o sofrimento do interlocutor expresso na no item "3" desse diálogo. Dizemos assim que os quatro itens produzem algo que é típico da linguagem humana e é uma conseqüência de toda evolução como seres racionais: COMUNICAÇÃO. Sendo assim, podemos definir as bases desse procedimento em três categorias:

? FRASE: é toda expressão na linguagem que gera comunicação. (seja simples como em "1") e "4", ou mais complexa como em "2" e "3" )

? ORAÇÃO: é toda frase que contém verbo.

? PERÍODO: conjunto de duas ou mais orações.

Retomando os exemplos acima, podemos dizer que em "1", "2", "3" e "4" são frases, pois têm a intenção de se gerar comunicação; mas em "2" além de ser uma frase é também uma oração porque possui verbo; em "3" encontramos uma frase, oração e também um período por apresentar mais de uma oração, ou seja, mais de um verbo na frase. Isso tudo só monta a idéia básica da análise sintática: estudar a forma básica do discurso que gera, produz, comunicabilidade entre os seres. Isso acontece em estudos de simples termos, como também em sentenças mais complexas. Daí o estudo da sintaxe se estender da simples oração ao período e as formas de concordância e colocação das palavras.


III ? ANÁLISE SINTÁTICA: SUJEITO E PREDICADO ? AS DUAS BASES

Análise Sintática É a parte da gramática que estuda as ORAÇÕES classificando-as, assim como analisa termos de uma mesma ORAÇÃO.

Esquema geral da oração (BATA O OLHO NO VERBO!!!)

VERBO
SER COMENTÁRIO

Sujeito Predicado

Logo,

1) SUJEITO: é o SER do qual fazemos um COMENTÁRIO.
Ex.: Os estudantes estudaram os esquemas.
sujeito comentário

2) PREDICADO: é o COMENTÁRIO que fazemos do SER. (o verbo faz parte do predicado)
Ex.: Os estudantes estudaram os esquemas.
ser predicado


? ORDEM DIRETA DA ORAÇÃO: segue à ordem: Sujeito ’ predicado ’ complementos

Ex.: Os estudantes estudaram os esquemas.
sujeito comentário

? ORDEM INDIRETA DA ORAÇÃO: inverte (geralmente com vírgula) a ordem acima.

Ex1.: estudaram os esquemas, Os estudantes .
comentário sujeito

Ex2.: os esquemas, estudaram Os estudantes .
comentário sujeito

IV ? TIPOS DE SUJEITO

Consideraremos aqui a classificação de apenas quatro tipos de sujeitos de acordo com a NGB (PORTARIA Nº 36, DE 28 DE JANEIRO DE 1959? item: "sintaxe"). Nessa portaria não há menção (e com lógica) ao sujeito "oculto" que vem sendo informado, equivocadamente, como mais um tipo de sujeito a ser considerado nas escolas brasileiras. É bom lembrar e começarmos a entender que, de acordo com a lei, os sujeitos são:

1) SIMPLES 3) INDETERMINADO
2) COMPOSTO 4) INEXISTENTE


1) SUJEITO SIMPLES

? É um sujeito que existe e aparece na oração; possui UM NÚCLEO (o núcleo será sempre um SUBSTANTIVO ou palavras SUBSTANTIVAS). Às vezes, ele não é visualizado por razões estéticas.

Ex1.: Os estudantes estudaram os esquemas.
Sujeito simples
(há um núcleo = "estudantes" (substantivo) )
Ex2.: Todos estudaram os esquemas.
Sujeito simples
(há um núcleo = "todos" (palavra substantiva) )

Ex3.: Estudei os esquemas.
Sujeito simples

Neste último exemplo há um núcleo = "Eu" (palavra substantiva), mas você deve estar se perguntando: ´Por que é simples se não apareceu na frase?´ Resposta: quando estudamos desinência verbal (análise morfológica dos verbos, lembra?!) vimos que a terminação do verbo já indica o pronome a ser usado. Logo, por uma questão estética não precisaremos colocar o pronome "eu" sabendo que a terminação do verbo "estudEI" só pode se referir a esse pronome. Então a terminação "...EI" já é uma forma clara para admitirmos que o sujeito é "EU". O que houve então? O sujeito ficou oculto? Absolutamente... pois aqui ninguém é estudante de ciências ocultas, não! O que ocorre é uma figura de linguagem chamada elipse (não se preocupe, estudaremos mais à frente) logo, o sujeito simples acima até pode ser apelidado, com lógica, de: 1) sujeito simples por elipse; 2) sujeito elíptico; 3) sujeito simples pela desinência; 4) sujeito simples pela desinência verbal; todos esses apelidos são aceitos como lógico: aparecem na estrutura da oração. Mas pelo amor de Deus! "sujeito oculto?!" )


2) SUJEITO COMPOSTO

? É um sujeito que Existe, aparece na oração e possui DOIS OU MAIS NÚCLEOS (lembre-se de que o núcleo será sempre um SUBSTANTIVO ou palavras SUBSTANTIVAS)

Ex1.: Os estudantes e os professores estudaram os esquemas cuidadosamente.
Sujeito composto
(há dois núcleos = "estudantes" (substantivo) e "professores" (substantivo) )

É bom reforçar que o núcleo do sujeito pode ser palavras substantivas: pronomes pessoais (eu, tu, ele, nós, vós, eles); pronomes demonstrativos (esse, este, aquele); pronomes indefinidos (tudo, nada, ninguém, alguém), entre outros. A dica é: precisa dar NOME a algum ser.

Ex2.: Ninguém merece isso, viu?! (sujeito simples formado por um núcleo "ninguém" (palavra substantiva, pois se refere a algum ser)

Ex1.: Nem eu, nem ninguém merecemos isso que você falou. (sujeito composto formado por dois núcleos: "eu" e "ninguém" (ambas são palavras substantivas, pois cada uma se referem a algum ser)


3) SUJEITO INDETERMINADO

? É um sujeito que existe mas não aparece na oração. Só podemos classificar o sujeito indeterminado através de duas situações:

1º caso: verbo na terceira pessoa do plural (pronome "eles" implícito) sem que haja concordância lógica com algum outro termo da oração. Nesse sentido pode-se afirmar com certeza que é sujeito indeterminado.

Ex1.: Estudaram os esquemas

O que fazer mesmo?! "Bata o olho no verbo". Se ele estiver na terceira pessoa do plural já deve ser considerado como especial na análise! Esse é o segredo: o verbo! Veja acima que o verbo está na terceira pessoa do plural e o termo "os esquemas" que poderia concordar com o verbo NÃO POSSUI LÓGICA. Tente colocar esse termo antes do verbo e veja se há lógica! Não há, certo? Então o sujeito do verbo "estudaram" possui sujeito indeterminado. A análise é simples e pode ser assim resumida: VEBO NA TERCERA PESSOA DO PLRAL SEM CONORDÂCIA LÓGICA COM ALGUMA EXPRESSÃO DA ORAÇÃO.

2º caso: verbo junto ao pronome "se". Esse pronome pode vir antes ou até mesmo depois do verbo: "Aqui SE estuda muito" ou "Estuda-SE muito aqui". Quando isso ocorrer, observe bem se depois desse esquema há uma PREPOSIÇÃO ou um ADVÉRBIO (ver análise morfológica). Se isso ocorrer, então estaremos também diante do sujeito indeterminado.

Ex2.: Estuda-se bem os esquemas.

O que fazer mesmo?! "Bata o olho no verbo". Se ele estiver junto com o pronome "SE" então observe o que vem ao lado dele: preposição ou advérbio? No caso acima temos um advérbio "bem" depois desse esquema. Então poderemos afirmar que o sujeito de verbo "estudar" é indeterminado. (nesse caso, o SE é índice de indeterminação do sujeito e o plural não pode existir). O contrário disso seria frase como: "Vende-se casa". (Veja que depois do VERBO + SE não há preposição ou advérbio, então o que vier junto desse verbo será sujeito (simples ou composto) e o "se" será partícula apassivadora. O plural do verbo, nesse caso, deverá existir naturalmente: "VendeM-se casaS")

DICA PARA ACHAR O SUJEITO DETERMINADO (simples ou composto) EM QUALQUER ORAÇÃO!

Se o sujeito for simples ou composto certamente eles estarão na frase. O contrário disso, como nós já vimos, são os sujeitos indeterminados e inexistentes que NUNCA aparecerão na frase. Lembre-se bem disso. Vamos repetir: simples e composto (aparecem na frase) e indeterminado e inexistente (não aparecem na frase). Pois bem, se houver sujeito na frase, o problema é saber achá-lo quando a oração for muito extensa. Por exemplo, ache o sujeito da seguinte oração:

"Ouviram do Ipiranga, as margens plácidas, de um povo heróico um brado retumbante(...)"

É um pouco complicado, não é? Então vamos dar duas dicas infalíveis para que o caro estudante ache o sujeito em qualquer frase:

1ª dica: observe a concordância do verbo com o POSSÍVEL SUJEITO (aquele que você acha que pode ser o sujeito do verbo. Nesse caso, poderia ser: 1) as margens plácidas; 2) um povo heróico; 3) um brado retumbante... Contudo, só o primeiro concordaria com o verbo)

2ª dica: coloque o POSSÍVEL SUJEITO antes do verbo e observe se houve LÓGICA! (a lógica pode ser figurativa, basta que o contexto possa permitir isso)

Pronto, então já foi possível acharmos o sujeito? "As margens plácidas do Ipiranga"


Autor: Wallas Cabral De Souza


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