A CONTRIBUIÇÃO DO PSICOPEDAGO PARA MIMINIZAR OS PROBLEMAS DE INDISCIPLINA ESCOLAR
Tatiana Cardoso Faria
Graduada em Pedagogia em 2006, pela Centro Universitário Adventista de São Paulo/ UNASP ? Campus 2 Engenheiro Coelho..
Psicopedagoga Institucional e Cliníca pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo/ UNASP ? Campus 2 Engenheiro Coelho.
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Resumo: Esta pesquisa teve como objetivo analisar a forma como o psicopedagogo institucional poderá atuar para minimizar os problemas de indisciplina escolar. Analisamos como o psicopedagogo pode auxiliar a equipe educacional, família e educando a diagnosticar principalmente as causas que leva os alunos a apresentar tal comportamento, e partindo do diagnostico traçar "caminhos" para minimizar a indisciplina escolar. Sendo que o educador pode valer-se do uso da afetividade em sua prática educativa. Após considerarmos os dados bibliográficos obtidos, observamos como atuação conjunta entre o docente e psicopedagogo são essenciais para cumprir a missão de educador o aluno para vida.
Palavras-chave: Indisciplina escolar, docente e intervenção psicopedagógica.
Abstract: This research aimed to analyze how the institutional psychoeducator may act to minimize the problems of indiscipline in school. We look at how the psychoeducator can assist education staff, family and educating mainly to diagnose the causes that leads students to produce such behavior, from diagnosis and tracing "pathways" to minimize school indiscipline. Since the teacher can rely on the use of affection in their educational practice. After having considered the bibliographic data obtained, we observe how the joint work of the teacher and psychopedagogists are key to fulfilling the mission of educating students for life.
Key-words: School discipline, teachers and psychoeducational intervention.
Introdução
Nossas escolas estão vivenciando momentos críticos, principalmente, na questão da disciplina. Tal situação persiste, e vem se agravando, sendo assim, é grande o desafio que os educadores têm encontrado em relação à indisciplina tanto em sala de aula como na escola, tanto em escola pública como particular, todavia com manifestações diversas. Um dos pontos que podemos perceber com maior frequência, são professores reclamando que em sala de aula se encontram muitos alunos desinteressados, alunos que brigam facilmente, alunos que não conseguem fazer silêncio quando é necessário, o que fazer para resolver tais problemas, sendo que a família em muitos casos não assume seu papel, consequentemente sobrecarregando a escola. A partir dessas questões, percebemos que não dá para falar de indisciplina isoladamente.
É preciso analisar diversos aspectos. Qual o contexto que a criança está inserida? Foram estabelecidos limites na infância? Quais são as possíveis causas do comportamento indesejado. E com relação à escola, como o psicopedagogo pode auxiliar para miminizar este problema? É preciso analisar a postura do professor, o método que utilizado. Continuamos com métodos elitistas e arcaicos? O que é disciplina? É a prática do silêncio?É possível resolver os problemas de indisciplina usando a afetividade? Como?
Com base nos pressupostos apresentados acima a pesquisa apresentou o seguinte objetivo: Demonstrar como a atuação do psicopedagogo afetivo pode contribuir para minimizar os problemas de indisciplina enfrentados no cotidiano da sala de aula.
Por atuarmos na área de educação nos interessamos grandemente em buscar um caminho para minimizar os problemas de indisciplina na sala de aula, apontada pelos docentes como um dos principais obstáculos ao trabalho pedagógico.
A pesquisa contribuirá na demonstração da influência que a afetividade exerce na busca por uma mudança deste quadro. Como este novo profissional psicopedagogo institucional poderá auxiliar todos os professores, pais e educadores a perceberem, no dia a dia, a importância dos laços afetivos no processo de educação, bem como na busca por meios eficazes na solução para os problemas de indisciplina.
A despeito de existirem muitas pesquisas relatando as causas da indisciplina, o tema se mostrou de execução viável, primeiro por contarmos com a prática profissional e estágios que possibilitaram a realização da pesquisa, e segundo pela existência de teorias como a de Wallon e Vygotsky, entre outros, que demonstram que a afetividade é essencial no processo de ensino aprendizagem, bem como Bossa que traz grandes contribuições sobre a prática da psicopedagogia institucional e clinica, sendo assim uma busca por soluções para o problema de indisciplina na sala de aula.
Falaremos sobre alguns conceitos de afetividade, como as emoções influenciam no comportamento humano e conseqüentemente como irá influenciar na sala de aula, trazendo aspectos importantes sobre problemas afetivos e de conduta e estímulos afetivos, e especialmente considerando a afetividade do educador.
Apresentaremos diferentes conceitos de disciplina, tipos de disciplinas e a origem das práticas disciplinares. Também citamos as principais causas e conseqüências da indisciplina na sala de aula e trataremos a atuação do psicopedagogo tanto institucional e clinica.
Conceituação de afetividade
A origem da palavra afeto vem do latim affectur (afetar, tocar) e constitui o elemento básico da afetividade. O dicionário Aurélio (1999) nos traz a definição de afetividade como um "conjunto de fenômenos psíquicos que manifestam sob a forma de emoções, sentimentos e paixões, acompanhados sempre da impressão de dor, de satisfação ou insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria ou de tristeza". É uma tendência a reagir com emoção, por isso em certos sentidos afetividade e emoção são considerados sinônimos.
Muitos autores vêm defendendo que o afeto é indispensável na atividade de ensinar, entendendo que as relações entre ensino e aprendizagem são movidas pelo desejo e pela paixão e que, portanto, é possível identificar e prever condições afetivas favoráveis que facilitam a aprendizagem. A afetividade está presente no desenvolvimento do sujeito, e na construção do conhecimento.
Mas, não se pode negar que, dentre os fenômenos psicológicos, os afetivos apresentam uma grande dificuldade de estudo, tanto no que se refere à conceituação, como também quanto à metodologia de pesquisa e de análise. Na literatura encontra-se, eventualmente, a utilização dos termos afeto, emoção e sentimento, aparentemente como sinônimos. Entretanto, na maioria das vezes, o termo emoção encontra-se relacionado ao componente biológico do comportamento humano, referindo-se a uma agitação, uma reação de ordem física. Já a afetividade é utilizada com uma significação mais ampla, referindo-se às vivências dos indivíduos e às formas de expressão mais complexas e essencialmente humanas.
Para Capellatto (2002) :
... a afetividade é a dinâmica mais profunda e complexa de que o ser humano pode participar. Inicia-se a partir do momento em que um sujeito liga se a outro pelo amor [...] a afetividade é mistura de emoções sendo que uma delas deve ser o amor, para o ser humano ter controle de sua vida ele deve saber trabalhar com essas emoções.
Segundo Wallon (1995), a emoção é o primeiro e mais forte vínculo entre os indivíduos. É fundamental observar o gesto, a mímica, o olhar, a expressão facial, pois são constitutivos da atividade emocional. Wallon dedicou grande parte de seu trabalho ao estudo da afetividade, adotando, além disso, uma abordagem fundamentalmente social do desenvolvimento humano.
Para Heloísa Dantas, pesquisadora acerca de Wallon, citada por Santos (1996) em entrevista ao site da Revista Nova Escola :
As emoções, para Wallon, têm papel preponderante no desenvolvimento da pessoa. É por meio delas que o aluno exterioriza seus desejos e suas vontades. Em geral são manifestações que expressam um universo importante e perceptível, mas pouco estimulado pelos modelos tradicionais de ensino. As transformações fisiológicas de uma criança (ou, nas palavras de Wallon, no seu sistema neurovegetativo) revelam traços importantes de caráter e personalidade. A emoção é altamente orgânica, altera a respiração, os batimentos cardíacos e até o tônus muscular, tem momentos de tensão e distensão que ajudam o ser humano a se conhecer". A raiva, a alegria, o medo, a tristeza, a alegria e os sentimentos mais profundos ganham função relevante na relação da criança com o meio.
Outro autor que enfatizou em seus estudos o aspecto entre afeto e cognição é Vygotsky (1996), ele afirma que se houver uma separação entre esses dois aspectos o processo de aprendizagem sofrerá uma grande lacuna. Pois a criança necessita passar por um desenvolvimento de fluxo autônomo de pensamentos que referem a si próprio. Sendo que o psiquismo de todos os seres humanos funciona com base nos sentidos e significados construídos historicamente e compartilhados culturalmente.
Para Miras (2004, p. 210) "parece convincente a indagação a respeito da diversidade de fatores que determinam as demais capacidades que o aluno enfrenta nesse processo (ensino - aprendizagem), em particular suas capacidades emocionais e de equilíbrio pessoal."
Observa-se que Wallon e Vygotsky têm muitos pontos em comum, em se tratando da afetividade. Ambos assumem que afetividade tem seu caráter social e têm uma abordagem de desenvolvimento, demonstrando cada um à sua maneira, que as manifestações emocionais, portanto de caráter orgânico, vão ganhando complexidade, passando a atuar no universo do simbólico. Dessa maneira, ampliam-se as formas de manifestações, constituindo os fenômenos afetivos. Da mesma forma, defendem a íntima relação que há entre o ambiente cultural/social e os processos afetivos e cognitivos, além de afirmarem que ambos inter-relacionam-se e influenciam-se mutuamente.
Com base nesses pressupostos, no que diz respeito à afetividade pode-se afirmar que os seres humanos necessitam de emoções que conduzam a experimentação de sentimentos tais como (alegria, tristeza, amor, perda) e a partir daí conduzir essas emoções para que o indivíduo faça uma experimentação da afetividade, que conduz os seres humanos a se ligar a outro pela dimensão do amor. Tais emoções causam impacto no outro e tende a se propagar no meio social, a afetividade é um dos principais elementos do desenvolvimento humano.
As emoções no comportamento humano
Conforme Delgado (1972) emoção é o conjunto complexo de reações químicas que afetam o modo de operação de inúmeros circuitos cerebrais e a variedade de reações emocionais é responsável pelas mudanças profundas do corpo e do cérebro. Além de provocar alterações nos músculos, nos batimentos cardíacos entre outras reações, situações emocionantes ativam o sistema límbico, parte do cérebro responsável pela emoção, assim ocorre a liberação dos neurotransmissores que são as substâncias responsáveis por toda a comunicação encefálica.
Atualmente, muito se tem discutido sobre a relação existente entre corpo e mente, especialmente sobre doenças originadas na mente, ou seja, doença e excesso de emoção andam juntos, assim como saúde e felicidade. As emoções não precisam ser eliminadas, mas precisam se controladas.
Segundo White (1990, p. 385), "o cérebro é o órgão e instrumento da mente e controla todo o corpo". Assim podemos compreender a grande importância dos estímulos emocionais.
Qualquer pessoa pode falar de emoções baseadas em suas experiências pessoais. O prazer, a ansiedade, o medo, a vibração do amor ou a explosão do risco fazem parte do nosso passado e facilmente reconhecemos quando estamos felizes, preocupados, alarmados ou quando alguém grita ou ri.
Todo esse processo tem qualidades dinâmicas e o organismo age no ambiente ou reage a este, de acordo com uma seqüência complexa de eventos estreitamente ligados uns aos outros.
A emoção pode ser funcionalmente considerada como uma disposição à ação que prepara o organismo para comportamentos relacionados à aproximação. Para preparar uma saída motora apropriada, o organismo tem que ser eficiente na codificação de estímulos relevantes.
Para compreender essa grande dimensão do pensamento humano, para realizar uma analise é preciso levar em consideração as necessidades e interesses, os impulsos e tendências que regem o movimento o pensamento.
As emoções influenciam grandemente o comportamento humano de modo que desde os seis meses de gestação, o feto já pode ouvir e "responder" a recados enviados pelos pais, o que fará o futuro bebê perceber um ambiente similar ao ventre materno.
Segundo Antunes (2002, p. 63), estudos mostram que:
Desde a décima semana os bebês compreendem algumas expressões faciais, identificam falas emocionais de entusiasmo ou negação dos pais e já no final dos primeiros 12 meses reagem perante as emoções dos outros, ainda que não procurem provocá-las.E nos meses seguintes, aumenta progressivamente o número de intervenções emocionais das crianças e, por volta de 18 meses, já se buscam intervir, demonstrando afeto e compaixão.
Wallon (1995), em seus estudos trouxe uma grande colaboração com relação às emoções. O potencial mobilizador das emoções resulta de um traço que lhes é essencial: sua extrema contagiosidade de indivíduo á indivíduo.
Conforme Delgado (1972, p.16) "... as emoções são originadas por estímulos situados no ambiente; requerem ativação das entradas sensoriais".
O aluno em sala de aula também fará a experimentação de emoções de acordo com o estímulo que o professor proporcionar, essa reação poderá ser positiva ou negativa. Pois o aluno estará respondendo ao ambiente e ao estímulo recebido naquele determinado momento. Criar emoções que possam provocar os alunos e levá-los a ação e motivação.
Neste processo percebemos que o psicopedagogo poderá auxiliar os docentes a levar os alunos a experimentar os sentimentos de forma adequada, podendo chegar à motivação.
A escola deve preocupar-se em despertar nos alunos o acesso a suas emoções. Já que, estudos neurológicos e experiências comportamentais mostram que podemos aprender procedimentos que visam administrar com alguma ênfase nossos estados emocionais.
Conforme White (1989, p. 03), "a mais bela obra que os homens já se ocuparam é de tratar com mentes humanas".
Segundo Chalita (2001), na educação existem três grandes pilares: a habilidade cognitiva, a habilidade social e a habilidade emocional.
Neste momento, vamos considerar somente a habilidade emocional, o grande pilar da educação, por impulsionar a aprendizagem libertadora e a felicidade do educador e do educando. Não é possível desenvolver a habilidade cognitiva e a social sem que trabalhemos a emoção.
Trabalhar emoções em sala de aula é um trabalho árduo, porém essencial. Mas esse "trabalho" que talvez para alguns professores parecem ser distantes e difícil de concretizar será mais suave ao ser dividido com o psicopedagogo institucional que conduzirá o aluno a se perceber, e se auto - conhecer, para assim controlar seus sentimentos.
(IN) disciplina - Conceituação
Etimologicamente, o termo "disciplina" originou-se do latim disciplina, provém da mesma raiz de discípulo e discente; para Gómez, Mir, Serrats (1990, p.13): "... o seu significado conotava a relação existente entre o mestre, o ensino, a educação e o próprio discípulo".
O pesquisador acerca de Piaget, Ferrari (2005, p. 24), nos salienta que:
... disciplina tem a ver com discípulo. Discípulo é uma pessoa que tem alguém como modelo e se entrega pelo valor que atribui a essa pessoa. Com o tempo, perdeu-se o elemento de referência que havia antigamente. Isso tem de ser novamente pouco a pouco, pelos dois lados.
Segundo o dicionário Hoauiss (2001, p. 264), o termo disciplina pode ser definido como:
... ensino e educação que um discípulo recebia do mestre; obediência às regras e aos superiores; regulamento sobre a conduta dos diversos membros de uma coletividade, imposto ou aceito democraticamente, que tem por finalidade o bem estar dos membros e o bem-estar dos membros e o bom andamento dos trabalhos; ordem, bom comportamento; (...) ação de se instruir, educação, ciência, disciplina, sistema, princípios de moral....
Segundo Tiba (1996, p. 99):
A disciplina escolar é um conjunto de regras que devem ser obedecidas para o êxito do aprendizado escolar... é uma qualidade de relacionamento humano entre docente e os alunos em uma sala de aula e, consequentemente na escola.
O conceito de disciplina não é universal e tem mudado com o passar do tempo, e varia conforme a relação a que o termo é empregado, podendo se relacionar a um conjunto de valores ou até mesmo no plano individual.
Para que possa haver harmonia nesse relacionamento para que ocorra o processo de aprendizagem é necessário o cumprimento de regras. Estas podem ser criadas em conjunto, havendo então uma negociação de objetivos e regras com os alunos, assim eles vão aprendendo a ter disciplina.
Riboulet (1961, p. 11) nos confirma que, "... a disciplina é o conjunto dos meios próprios a garantir os bons resultados da instrução e da educação. Seu caráter principal: a disciplina de ser preventiva." Ou seja, o cumprimento de regras previne o desrespeito, o fracasso escolar, o mau caráter. A autora assegura que:
? A ordem material: respeito ao regulamento, silêncio, reserva exatidão, atenção nas aulas, aplicação constante nos trabalhos escolares.
? A ordem moral: forma preciosos hábitos para a vida inteira, desenvolve o caráter, enrija a vontade, facilita a prática das virtudes sociais e cristãs.
A questão da indisciplina nas salas de aula é um dos temas que têm mobilizado professores e pais de diversas escolas brasileiras, inseridas em diferentes contextos. Entretanto é um assunto superficialmente debatido. Geralmente, a maior parte das análises parece expressar marcas de discursos impregnados por dogmas e senso comum.
Segundo Rego (1996), podemos considerar como disciplinável aquele que se deixa submeter, que se sujeita de modo passivo as normas estabelecidas por outrem e relacionadas à necessidade externas a este. Disciplinado é aquele que obedece que cede, sem questionar, às regras e preceitos de uma determinada organização. Disciplinador é aquele que molda que leva o indivíduo ou o conjunto de indivíduos à submissão, à obediência e acomodação. Já indisciplinado é o que se rebela que não acata e não se submete, nem tampouco se acomoda e provoca rupturas e questionamentos.
No meio educacional esta visão é bastante é bastante difundida, compreende-se indisciplina, manifesta por um indivíduo ou um grupo como um comportamento inadequado, um sinal de rebeldia, intransigência, desacato, traduzida para Wallon (1975, p. 379) como:
Falta de educação ou de respeito pelas autoridades, na bagunça ou agitação motora. A disciplina parece ser vista como uma obediência cega a um conjunto de prescrições e principalmente como pré-requisito para o proveito de tudo que é oferecido na escola. Nota-se que nesta perspectiva qualquer manifestação de inquietação, questionamento, discordância, conversa ou desatenção por parte dos alunos é entendida como indisciplina, já que se busca "obter a tranqüilidade, o silêncio, a docilidade, a passividade das crianças de tal forma que não haja nada nelas nem fora delas que as possa distrair dos exercícios passados pelo professor, nem fazer sombra à sua palavra.
Outra tendência é associar a disciplina à tirania. Qualquer tentativa de elaborar parâmetros é vista como prática autoritária, deformadora ou restritiva, que ameaça o espírito democrático e restringe a liberdade e espontaneidade de crianças e jovens. Assumindo assim uma conotação de opressão e enquadramento. Regras e normas existentes na escola devem ser ignoradas. Assim, as condutas indisciplinadas podem ser vistas como virtude, considerando o desafiar padrões vigentes.
Sabemos que no convívio social é necessário estabelecer regras. Partindo deste principio, disciplinador é aquele que educa, oferece parâmetros, estabelece limites e aluno indisciplinado é aquele que não tem limites, que não respeita a opinião e sentimentos alheios que apresenta dificuldades em entender o ponto de vista do outro e de se autogovernar que não consegue viver de modo cooperativo com seus pares. A disciplina é entendida como conjunto de parâmetros que devem ser obedecidos no contexto educativo, visando a uma convivência e produção escolar melhor qualidade.
Piaget, citado por Araújo (1996, p. 103) afirma que, "toda moral consiste num sistema de regras, e a essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o indivíduo adquire por essas regras". Sendo que a aprendizagem na escola deve acontecer em um ambiente de tranqüilidade, de forma harmônica.
Pois, ao pensarmos em um individuo com dificuldades de aprendizagem inseridas em um ambiente que não é organizado, totalmente desestruturado e sem limites, podemos notar que ocorrerão vários casos de fracasso escolar até mesmo por não compreender o que está sendo explanado.
Conhecer a indisciplina é algo importância, porém diagnosticar as possíveis causas é um trabalho árduo e de grande relevância, mas com tantas atribuições para os professores, podemos pensar no psicopedagogo e sua atuação, na investigação das possíveis causas.
O papel do psicopedago institucional
Ao pensarmos em qual é o objeto de estudo da psicopedagogia nos remetemos a uma grande reflexão, que vem sendo descutida e abordada. De acordo com Bossa (2007, p. 24):
A psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, que adveio de uma demanda ? o problema de aprendizagem colocada em um territorio pouco explorada, situada além dos limites da psicologia e da própria pedagogia ? e evoluiu devido a existencias de recursos, ainda que embionários para atender essa demanda, constituindo-se, assim, em uma prática .
Segundo Porto (2009) o psicopedagogo inicialmente se preocupa como ocorre o processo de aprendizagem, com se aprende, e o como ocorre as variações nesses processos. A partir dessa analise o mesmo irá começar sua prática lembrando que é necessario ter um caracter primeiramente preventivo e então curativo.
Podemos observar que tal profissional assume um papel importante no desenvolvimento do individuo, pois estamos diante de uma nova geração que explora o mundo e o conhecimento de diversas maneiras.
Contudo vale ressaltar que a aprendizagem humana está interligada com os seguintes aspectos: cognitivo, afetivo-emocional e de conteúdos acadêmicos. Numa linha preventiva, o psicopedagogo pode desempenhar uma prática docente, envolvendo a preparação de profissionais da educação, ou atuar dentro da própria escola. Na sua função preventiva, cabe ao psicopedagogo detectar possíveis problemas no processo de aprendizagem; participar das relações da comunidade educativa com o objetivo de favorecer o processo de integração e troca.
Dentre as ações desenvolvidas pelos psicopedagogos, pode-se destacar a avaliação e diagnostico as condições da aprendizagem, identificando as áreas de competência.
Realiza também devolutivas para os pais ou responsáveis, para a escola e para o sujeito. Atender o sujeito, estabelecendo um processo corretor psicopedagógico com o objetivo de superar as dificuldades encontradas na avaliação.
Um dos grandes desafios do psicopedagogo é orientar os pais quanto a suas atitudes para com seus filhos, bem como professores para com seus alunos.
Para a prática diagnóstica das dificuldades apresentadas pelos educando, são considerados os seguintes aspectos:
Orgânicos e motores: dizem respeito à estrutura fisiológica e cinestésica do sujeito que aprende;
Cognitivos e intelectuais: dizem respeito ao desenvolvimento, a estrutura e ao funcionamento da cognição, bem como ao potencial intelectual;
Emocionais: ligados a afetividade e emotividade;
Sociais: relacionados ao meio em que o aluno se encontra;
Pedagógicos: estão incluídas questões didáticas, ligadas a metodologia de ensino e de avaliação, nível e quantidade de informações, número de alunos em sala e outros Elementos que dizem respeito ao processo ensino-aprendizagem.
De acordo com Bossa (2000), em geral, no diagnóstico clínico, mais de entrevistas e anamnese, utilizam-se provas psicomotoras, provas de linguagem, provas de nível mental, provas pedagógicas de percepção, provas projetivas e outras, conforme o referencial teórico adotado pelo profissional.
O psicopedagogo deve ser um profissional que tem conhecimentos multidisciplinares, pois em um processo de avaliação diagnóstica, é necessário estabelecer e interpretar dados em várias áreas.
É necessário ressaltar também que a atualização profissional é imperiosa, uma vez que trabalhando com tantas áreas, a descoberta e a produção do conhecimento é bastante acelerada.
Observando as atribuições deste profissional e métodos utilizados em seu trabalho, notamos que ele será de grande relevância tanto no processo de diagnostico dos possíveis problemas de indisciplina, como no estabelecimento de ações "curativas" para minimizar este problema, bem como desenvolver projeto que vise "prevenir" possíveis problemas de indisciplina escolar.
Atuação afetiva do psicopedagogo institucional com os docentes
Nos dias atuais os professores vivem momentos de busca pelo melhor método para exercer sua autoridade em sala de aula. Alguns por não conseguirem o respeito dos alunos através do diálogo utilizam assim de punições como: nota zero, gritos e sansões.
Conforme a Revista Profissão Mestre (junho 2006, p.22) "... o educador tem o poder e autoridade na sala de aula, mas deve ter a postura ética, que não faça abusar disso".
A postura que o professor tem em sala de aula é muito importante, o aluno necessita perceber que o professor está realizando aquela atividade porque se preocupa com seu desenvolvimento acadêmico, não porque quer o silêncio naquele momento.
Conforme Fortuna (2002), "o ideal seria trabalhar com a hipótese de realidades onde o castigo não fosse aplicado e seja substituído por diálogo, compreensão, colaboração e afeto mútuo" .
Porém, com tantos atributos ao professor ele não deve realizar isso sozinho, mas terá todo acompanhamento do psicopedagogo institucional, na função preventiva, o mesmo atuará nas escolas através de assessoria pedagógica ou em cursos de formação de professores, esclarecendo sobre o processo evolutivo das áreas ligadas à aprendizagem escolar (perceptiva motora, de linguagem, cognitiva, emocional), no desenvolvimento humano auxiliando na organização de condições de aprendizagem de forma integrada e de acordo com as capacidades dos alunos, e diagnosticando os problemas de indisciplina e revendo as praticas educativas de forma a criar um ambiente adequado onde a indisciplina será controlada favorecendo o processo de aprendizagem.
Utilizar o afeto e o diálogo são as ferramentas mais importantes para estabelecer respeito em sala de aula, não se deixando assim se levar pela situação e agir de forma incorreta.
Exercer a autoridade em sala de aula é muito importante e necessita ser conquistada pelo professor, estabelecer limites é essencial, dizer sim sempre que possível e dizer não quando necessário. Estabelecendo assim, coerência no ato de disciplinar os alunos. Segundo a Revista Profissão Mestre (junho, 2006, p. 24):
... se a sua escola acredita que a educação se baseia no diálogo e na preocupação do que aquele aluno virá a ser em um futuro próximo, com certeza o poder e a autoridade que você exerce terão sempre um viés positivo. Agora, se poder e autoridade forem atribuídos apenas para deixar claro quem manda e quem obedece, a educação terá outra face.
A escola precisa saber que aluno quer formar, e se preocupar assim, como será dirigida a educação, não estabelecendo uma educação baseada na "ditadura" onde os alunos apenas obedecem. Roncato (2005, p. 17) para a Revista Profissão Mestre nos afirma:
Vários foram os colaboradores que disseram estar o foco da indisciplina na postura do professor e não nos problemas do aluno. A conversa franca, o limite imposto, a organização pedida e autocontrole do docente ? que não deve nunca demonstrar insegurança e fraqueza diante de seus pupilos ? podem fazer a diferença. Outra forma de abordagem muito recomendada pelos participantes de nossa enquête foi a ternura. Enxergar o aluno, perceber suas carências e dificuldades e ajudá-lo a superá-las é um excelente caminho enquanto sua imagem fica guardada no coração delas".
Transmitir amor, se interessar pelo aluno e auxiliá-lo em seus problemas, são a missão e o desafio de todo educador, não sendo apenas mero transmissor de conteúdo, mas sim um transformador de vidas.
É preciso ter mais atenção aos sintomas e às verdadeiras causas antes de rotularmos nossas crianças, antes de rotulá-las o psicopedagogo utilizará de método investigação para analisar, quais são as causas que está levando a indisciplina escola. Weis (2006) nos trás que algumas escolas podem ou não ser adequadas a certas crianças. Tudo faz parte de um quebra cabeça onde temos que tentar encaixar a melhor proposta pedagógica à realidade de cada criança e adolescente, com flexibilidade de pensamento sobre o desenvolvimento humano. E o psicopedagogo institucional é o profissional que irá orientar pais e professores a organizar esse "quebra-cabeça".
Ao mapear a sala estabelecer diálogo e o afeto em sala de aula, o psicopedagogo irá juntamente com o docente estabelecer o "contrato pedagógico", ou seja, estabelecer regras e limites que contribuirá para um ambiente agradável que favoreça a aprendizagem.
Metodologia
Esta pesquisa está classificada nos critérios de pesquisa bibliográfica para o embasamento teórico.
Partindo da pesquisa realizada, os dados foram analisados a partir de leitura crítica e redação dialógica a partir dos autores apresentados.
Considerações finais
No decorrer da pesquisa analisamos o desafio que as escolas estão enfrentando diante da indisciplina em sala de aula, analisando também sua conduta mediante a tais situações.
Podemos perceber que para resolver o problema de indisciplina o professor tem que ser mais que um mero professor, ele deve ser um educador, e necessita de apoio pedagógico para que isso aconteça.
Sendo assim, o psicopedagogo irá trabalhar juntamente com a escola, e principalmente instruindo a família e os docentes. O professor precisa conhecer o universo do educando, ter bom senso e proporcione o desenvolvimento da autonomia de seus alunos. É preciso demonstrar aos alunos que além de professor ele é amigo, e tem entusiasmo, paixão, e está sempre vibrando com as conquistas de cada um de seus alunos. Pois um aluno emocionalmente envolvido com o professor tem um melhor comportamento, uma vez que o aluno perceba seu valor para o professor o mesmo agirá de forma positiva para cultivar esse sentimento.
Notamos também a necessidade de um educador que consiga enxergar além dos problemas educacionais, mas que possa acreditar no poder de uma educação conduzida pelo amor, que acredite na influência que o mesmo pode ter na vida do aluno, que possa fazer a diferença. E o psicopedagogo juntamente com o docente irá buscar "a causa" do aluno se apresentar indisciplinado, não simplesmente "tachando" o mesmo como um aluno agressivo, indisciplinado, mas irão procurar ajudar o aluno a transformar sua conduta.
A grande responsabilidade para a construção de uma educação está nas mãos do professor. Considerando este contexto, a escola, família e comunidade são essenciais; juntas essas três "agências" de educação podem significar um avanço efetivo na educação das crianças, podendo se desenvolver harmoniosamente.
É preciso também que a escola repense que tipo de aluno quer formar, qual é o seu verdadeiro objetivo da educação? Tendo sempre em mente que o professor para resolver o problema de indisciplina na sala de aula é preciso saber estabelecer limites, mas também se propor a ser amigo do aluno, e contar com o apoio pedagógico da escola, só assim conseguirá atingir seus objetivos. Respeito não se impõe, se conquista. A amizade com os alunos é essencial.
Educar para a vida é uma missão. E todos os profissionais devem trabalhar para concluir essa linda missão.
Este foi um breve estudo, considerando como o psicopedagogo pode auxiliar os docentes, para minimizar os problemas de indisciplina em sala de aula, observando como afetividade influencia o comportamento dos alunos.
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Autor: Tatiana Cardoso Faria
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