Quando A Igualdade É Pobre E A Diferença, Burra



Quando A Igualdade É Pobre E A Diferença, Burra

 

Para que haja preocupações idênticas, e que surja como livre e comum a ação singular de alguns em todos, carece que a pluralidade dos homens se reduza a um só; e que a todos caiba este último como condição de uma identidade emprestada. – Nenhum ser ali é legítimo. E cada rosto é sempre o mesmo. Cada consciência a si propõe sobre a face deste como frívola extensão daquela qual lhe coube como origem – Somente assim o gosto particular é universalizado, e a atitude privada estende-se à comunidade como costume, dando ao povo um só nome, como excesso da descabida presença de um só.

Fantástico é saber da sociedade como efeito daquilo que, em cada íntimo humano, nos tornamos. A roupa que nos veste pode e até creio que seja efeito da necessidade capitalista de padronização: Teremos agora o mesmo tamanho. Vestiremos todos o vermelho da segunda e, quando fartos da semana, a palidez nos vestirá ao fim do penúltimo dia. Uma sexta feira sempre cansa, e bem creio que todos queiram, de bom grado, trajar o cansaço da carne e assumir tão brevemente a fadiga do corpo – Um pijama, por gente lesa! – Mas em momento algum estamos nós ocupando o mesmo espaço e em mesmo tempo.

Disto se segue que não pronunciamos as mesmas palavras nem desejamos as mesmas coisas pelos mesmos motivos. Pelo menos não há legitimidade alguma na afirmação: Somos e devemos ser todos iguais. Não apenas não somos como a possibilidade se sermos o mesmo parece estar acima ou abaixo da atual condição humana. Quem sabe no futuro o homem, por si mesmo, queira de bom grado não mais querer por si. Não é o caso agora. Ainda pertenço à época em que o homem é díspar. Ao menos internamente penso a diferença ainda nos forje a identidade própria.

Mas alguém ousou mais que o Sistema econômico. E de toda a maravilha da diversidade se fez Taboo. Viu na felicidade tão gratuita de um transexual a perdição de seu entendimento do que seja homem. E como que insistindo em denominar descabida a atitude pela qual este último se diferencia sobre a sujeira da calçada, o riso tentava a redução daquele ao ridículo, enquanto a vaidade deste parecia querer vestir o mundo a seu modo. Em suma: Eis aí, no primeiro, a antropomorfização da caixa de Pandora.

Poderia este contrapor-se a mim dizendo: _ Tu te cales! Que nada sabes tu da vida. Soubesse, tu não te terias donde estás. E como que de pronta resposta, daquelas que quase ardem na língua; e, se não falamos, arrependemo-nos depois, eu diria: _ Cala-te tu! Que nada te justificas quando reduz teu outro a risos teus. Também não quando estendes a todos o modo de vida que somente a ti apraz. Deixa por conta do arbítrio de cada a vida que não te pertences! E não mais te faças Senhor dos homens todos; nem queira feito de costume público os atos que assumiste por hábito e cujo valor mais te emerge como irracional que por sensata reflexão! Portanto, Cala-te!

Cala-te e não te furtas de me ouvir, porquanto mau algum cometem aqueles. São apenas seres distintos. E a cada qual cabe o respeito devido. São homens diversos, e nisto não há pecado algum. Efígies da contra cultura! Pessoas estas cujas existências apenas “nos lembram dos muitos modos de sermos humanos” (Documentário Taboo). Mas haveria nesta crônica algum espaço para as relações sexuais? Ainda há quem ame aquele que jaz. Da zoofilia fez-se o leque de opções. E o que dizer dos pedófilos? (...)

Alguém me chamou? Com sua licença, estimado leitor. Tenho que sair...

 

Autor: David Guarniery

Idade: 24 anos

Início: 01:00

Término: 01:12

Tempo Gasto: 12 minutos

Dia: Sábado

Data: 13 de fevereiro de 2010

Classificação: Crônica Lírica

Obra: 001

In Memoriam:

*Djorgene de Oliveira Lima (Primo)

*

*

*

*

Brasil/Paraná/Cambé


Autor: David Guarniery


Artigos Relacionados


Honestamente... Uma Mentira

Alma Em Coma

Para O Ser De Todo Eu

Da Gestação De Um Sentido

Por Uma Definição Do Eu

Sinônimo De Vida

De Quando A Culpa Nos Convém