Babilônia drinks



Seguiu aquele seu caminho errado. Andar obtusa sua cabeça cheia de coisas. Olhou o luar tardio e exasperado, caminhou até o museu erótico de ninfas carpaccos. Deliciou antes do que nunca um gosto de vento orvalho nos lábios. Perambulando sei lá a quantas, na calçada de lâmpadas amarelas. Um rubi oval reluziu na varanda do bar boêmio na rua antes do sinal azul. O brinquedo de cedro rodopiava em cima do hidrante cor laranja. Suvinis destroçados ao longo, uma lamparina esguia acenava para o horizonte, quem mais podia imaginar um cajá ao sol neon no vagão do navio trem que partia para Teresópolis. Foi quando numa nevoa quente surgiu um animal berrante roçando os dentes. Fabrica de papelão ao lado da estrada. O animal comeu amendoim frito. A ponte levadiça corria normal seu curso prateado. O animal incólume subia a ladeira ofegante. São quatro da manhã, leu seu ultimo capitulo antes de escovar os dentes com sua escova nova. Comprou uma e levou duas. Sorriu ao lembrar-se de dormir logo antes que clareasse. Perdeu a idéia inicial do texto e por isso só escreveria a metade ou menos que a metade. Sua tela filtro camada de ozônio elameou seu olho triste, como dizendo: vai dormir alma penada, nada mais pode fazer hoje.

Seus ossos textura opaca doíam o corpo a garganta roxa arranhada de guizo na serena penumbra. Surrupiou um verso remido que pretendia apaziguar sua lastima. Abrumou a folha em branco com traços sombrios nas bordas como cimento fresco para imprimir o jogral do lamento pútrido da sarcástica palavra muda. Nômade e sonolento dedilhou um texto anêmico todo feito de retalhos inflados, debruçou debaixo da colcha babado subtraendo o nicho da criatura besta fera. O animal rosnou de novo querendo quase destroçar a folha ainda molhada de esperma, espuma branca aonde ia se desenhando a letra solda cáustica com remela amarela pegajosa debaixo da mesa. O efeito ruído saído da tecla castanha que espancava a folha de esperma amarelo. O mostro canzarrão de dentes pontiagudos salivava em cima da folha e novas palavras iam desintegrando-se. Teleobjetiva do campo lá em Moçambique plainava um gavião de asas geométricas radiativas que cintilava um talismã pagão. Quando bateu o anda no rochedo iluminado com mexilhões brancos cristais e o leite escorria na rocha e remexia a claridade. Tendo assim um enorme elefante que rodopiava em uma nuvem hortelã. Respirou argônio revirando a imaginação e rolou por baixo do inconsciente confuso, palmilhou pra dentro do vulcão mungunzá e reapareceu defronte a luminária bebendo café na Confeitaria Colombo. O cristal cristaleira trepidava, outros rachavam de pavor pelo pisar do elefante metálico suspenso na nuvem hortelã. Pessoas apavoradas cruzavam a Rua do Ouvidor. Secretarias com saias cinturas altas despencavam de prédios na Av. Rio Branco. Sirenes oscilavam suas cores e um som ensurdecedor rasgava o Paço Imperial.

Fumou o ultimo cigarro, levantou dirigindo-se ao primeiro bar. Bebeu dez conhaques. Minto, fui só um. Cuspiu repetidamente. Acendeu um filtro branco desviando da poluição da descarga de um supersônico. Olhando o céu seu cigarro esquadrilha da fumaça. Correu párea para um abrigo seguro. Mastigou rodelas de abacaxi com groselha. Na lata de creme condensado molhou raiz de gengibre e sua cara lambida, ardida e argilosa prosseguia a batida da estrada. Dardejou solfejos em pleno os arcos da lapa. Viu um sapateado Fred Astaire com tabuas de compensado, encostou-se ao balcão pediu caldo de feijão. Emaranhou-se no meio da multidão, foi sumindo depois apareceu. Bebeu outra, foi roçando os corpos eletrizados até a beira do palco. Solfejou um blues içado a borda do tablado onde avistou aquela linda mulher com voz de seria homérica. Mirou pra tudo quanto é lado meninas mulheres cada uma de um tipo, dedilhava a imaginar seu tipo ideal, àquela companheira porreta, que nem Sartre e Simone. Mas tinha também o desejo selvagem de entrar por dentro de qualquer uma sem dó nem piedade. Fustigar com truculência ventres testudos.

Indistinto farejando algum som maneiro rodou atrás de banquetas, mesas organdi. Procurou na esquina do lavradio. No Sementes talvez encontrasse babosas e espojas sonoras que lhe tirassem do tédio notívago de sua peregrinação. Um burburim das portas infestadas de gente gigabyte. Procurou alguém que lhe oferecesse os seios e sentadas em pleno Campo do Santana apaziguassem seu desespero. Trombou com garrafas estendidas na calçada, prumou seu rumo besta entrando em cabarés distintos. Não sabia dançar, pelo menos, as danças geométricas de salão. Seu corpo sacudia tremulo e liberto movido por um balanço afro. Tambores trepidavam no seu pau onde sentia as vibrações mais significativas. Ordenhou alguma tequila enquanto tentava segurar-se naquela freqüência musical. E deitado ao colchão ortopédico sentia seu corpo ainda se contorcendo doidamente calejado de hematomas dos solos das rumbas. A virilha arroxeada com a brutalidade das salsas e merengues precedentes naquela noite elétrica e febril, quando arremeçava seu corpo tremulo entre as coxar batedeiras de mulheres robustas aptas para qualquer demanda. Compreendeu seu drama agachado de baixo da pia contorcendo-se de espasmos sonoros, pois havia reparado que demasiado e detento ao alto falante de uma caixa potentíssima do DJ cubano de Havana. As folhas de fumo de charuto montecristo chapadas em sua blusa de lã bege de gola careca. Os alto falantes pendurados em seu ouvido faziam com que seu rosto embaçasse o espelho. Foi à farmácia e comprou um Epocler, o mundo começou a girar mais lento, então teve clareza naquela hora de ter retumbante a melhor musica do mundo. Aquela que contorce o corpo e imprime uma mania na lembrança que demora muito até voltarmos à tona no mundo diurno e racional cotidiano de nossas vidas vazias.

Ass, λ¬θη βιÎσας

 

 

 

 


Autor: Joao Pereira


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