Degeneração da humanidade



Quando tive a oportunidade de ler a obra de Montesquieu, “O Espírito das Leis”, chamou-me a atenção de certa passagem do livro. Não que eu esteja aqui desprezando o ideal do grande e emérito sábio iluminista, e sim exercendo meu espírito crítico, ato este que levaria a uma melhora na sociedade e evitaria o corrompimento dos valores tão bem pretendidos pelos cidadãos de bem. Retornando a ideia a que me referira, o trecho seria aquele em que Montesquieu aborda sobre a educação no governo republicano, educação esta que deveria ser orientada ao culto das virtudes públicas ou políticas. Na derradeira linha desta parte, ele afirma: “não é a nova geração que degenera; ela só se perde quando os adultos já estão corrompidos”.

Analisei com cuidado a proposição da proposta daquele grande sábio, e cheguei a um silogismo lógico. A primeira premissa é toda a proposição de Monstesquieu. A segunda é minha, e nela digo que “a humanidade é corrompida”, e isso sabemos, desde que nos entendemos por gente. A humanidade é viciosa em sua constituição e apenas uma minoria poderia servir de estereótipo a ser seguido pelo resto. Quando nos deparamos com a humanidade, ficamos horrorizados com as coisas que ela faz, seja por comissão ou omissão. Nos levamos pelas nossas paixões e esta necessidade urgente de atendê-las sempre se inclina ao corrompimento dos meios de adquiri-las. Nós apenas nos diferenciamos dos animais pois harmonizamos com as paixões a racionalidade humana, e desta forma, tornamo-nos famigerados pela coisa alheia, seja ela riqueza ou coisa diversa. Nunca poderemos afirmar que nos encontramos em prodigioso estágio de evolução quando colocamos em segundo plano nossa vontade altruística. O altruísmo deve ser usado harmonicamente com a racionalidade humana em detrimento das paixões, ou pelo menos, colocarmos o altruísmo em primeiro plano. Contudo, tratarei deste assunto em momento posterior.

Concluindo o silogismo, cheguei a um resultado que deixou-me pasmo: a humanidade é degenerada desde a sua existência. Ainda mais, ela nunca se degenerou, já nasceu degenerada. Logo, podemos concluir que piorar o estado atual da humanidade é um desafio copioso para a própria humanidade e que nunca houve geração que servisse de modelo para a próxima. Tiremos de exemplo a antiguidade, em que os egípcios sempre oprimiram o seu próximo mais fraco. Aos gregos, que tanto se orgulhavam de sua democracia, apenas 10% da sua sociedade vivia de fato a democracia. Os romanos padeceram pela sua gananciosidade e os medievos por esta mesma gananciosidade. A igreja católica se fortaleceu sobre a cabeça dos mais pobres e usou de sua influência para enganar e de certa forma, corromper-se. Atualmente, vivemos em estado de total inercialidade, observando as desgraças do mundo. Isso que eu chamo de ação omissiva da sociedade: a adoção da indiferença em ralação aos grandes problemas sociais.

Diante o exposto, sabemos da existência de indivíduos excepcionais, que fazem de sua causa a causa do mundo. São aquelas que adquirem uma racionalidade soberba e pensam e questionam sobre nossos valores. São estas pessoas que deveriam ser nossos líderes, e desta forma, servir de inspiração a nova geração. 

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Autor: Stenio Cavalcante


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