Muralha campineira no quase tetra



Edson Silva 

O inverno de 1978 parecia ser o mais frio que todos nós brasileiros já tínhamos enfrentando. Mas, em Campinas (SP), muitos corações estavam aquecidos pelo orgulho de estarem, de alguma forma, representados na defesa da instituição sagrada chamada de Seleção Brasileira de Futebol. Éramos os tricampeões de 70 e estávamos órfãos de Pelé.  Rivellino e Jairzinho tinham se esforçado em 74, chegaram apenas ao quarto lugar. Nossa esperança, em 78, era ir mais além. Rivellino ainda era camisa 10 e surgira (quem sabe?) um novo Pelé, Artur Antunes Coimbra ou simplesmente Zico, revelado pelo Flamengo (RJ).

Nossa Seleção não perderia nenhuma partida. Ganhou 4 e empatou 3, fez 10 gols e só levou 3, mas não foi suficiente para ser campeã, honra que ficou para os donos da casa, a Argentina, que disputou o título contra a Holanda. Ficamos invictos, mas em terceiro lugar, o que alguém batizou de titulo de “campeão moral”. Motivo de orgulho de Campinas foi ver a dupla de zaga formada por Amaral e Oscar, revelados respectivamente no Guarani e na Ponte Preta. Aliás, naquela mesma Seleção estavam dois outros atletas da Ponte, o goleiro Carlos e o zagueiro Polozzi.

Toda categoria dos zagueiros não era surpresa para quem morava em Campinas, afinal, entre 77 e 78, a cidade era chamada Capital Nacional do Futebol. Em 13 de outubro de 77, a Ponte tinha sido vice-campeã paulista contra o Corinthians; em 13 de agosto de 78, o Guarani seria o primeiro time do interior a ser campeão brasileiro da primeira divisão contra o Palmeiras. Em 10 de fevereiro de 1979, a Ponte voltaria ser vice paulista contra o Corinthians. Quem morava na cidade, em 78, podia dizer orgulhoso que Campinas formou a muralha que defendeu a meta de nossa Seleção e se o goleiro Leão bobeasse, ainda havia o Carlos.

No mais, enfrentamos adversários fortes como Suécia, Espanha, Áustria, Peru, Argentina, Polônia e Itália. O magnífico atacante Reinaldo fez só 1 gol, machucou-se na primeira partida. Zico também só fez 1. Nossos artilheiros foram Roberto Dinamite e Dirceu com 3 gols cada ; o zagueiro Nelinho fez 2, um deles na decisão do 3º lugar, contra a Itália, com um dos chutes com efeito dos mais lindos já vistos em Copas, que o goleiro Zoff deve procurar pela bola até hoje.

Isso foi em 24 de junho de 78, era a 52ª partida que o Brasil fazia em Copas, a última que veríamos Rivellino defender nossa Seleção num mundial e naquele marcado pelo vocabulário inovador do técnico Cláudio Coutinho e seus “overlapping” ou  ponto futuro, que nos parecia distante, afinal era outra Copa sem título, mas com orgulho de nossa invicta zaga campineira.

Edson Silva

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Autor: Edson Terto Da Silva


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