Planejamento Estratégico – O Dilema Das Novas Idéias...



Planejamento Estratégico – o dilema das novas idéias...

Grande parte das pequenas e médias empresas (PME) enfrenta enorme dificuldade nos processos de seleção, viabilização e planejamento de novas idéias de negócios. O incessante esforço criativo, por vezes, pode representar uma grande ameaça ao empreendimento, quando não devidamente administrado e planejado.

Sabemos que na grande maioria dos casos, as PMEs são criadas ou alavancadas por idéias que acabam se transformando nos seus objetos de negócios. Evidentemente, o princípio não poderia ser muito diferente disso.

Lançada uma idéia – normalmente algo inovador ou que tome vantagem de um nicho ou de uma necessidade aparentemente específica do mercado, a empresa toma os seus melhores recursos – quando não a alta diretoria ou mesmo os proprietários – na formatação imediata desse objeto (produto ou serviço), já imaginando as formas de seu desenvolvimento.

Por experiência ou por puro tino de negócios, projeções de produção, desenvolvimento e comercialização são vislumbradas, normalmente baseadas em cálculos preliminares intuitivos, dando luz verde aos dirigentes do negócio. Com o tempo e sem as devidas revisões, esses “cálculos de cabeça” acabam se transformando em objetivos oficiais a serem atingidos. Instala-se aí uma enorme armadilha.  

Por si, essa visão carrega extremo risco ao empreendimento. Não existe, absolutamente, qualquer tipo de experiência ou imaginação que possa substituir a precisão e a abrangência de um bom plano de negócios. Cabe ressaltar que muitas empresas não se dedicam ao planejamento, uma vez que essa atividade exige conhecimento e especialização, passando a errônea sensação de um custo elevado e desnecessário. Pura imaginação!

Muitas vezes esquecemos que, apesar de camuflada sob uma imagem brilhante, a idéia tem que ser materializada através de processos, conhecimento e desenvolvimento, estruturas, elementos de custo e produção, recursos diretos e indiretos, e, mão-de-obra. Adicionalmente, não podemos esquecer que devemos saber onde, como, para quem e por quanto vamos vendê-la – ou algo é vendido apenas por se tratar de uma grande idéia?

Portanto, a brilhante idéia, em algum momento, haverá que se ver traduzida e materializada em números reais – análises estruturais, quantitativas e financeiras.

Aos que se permitem a compreensão da necessidade do planejamento, grandes oportunidades podem ser mensuradas, projetadas e avaliadas, muito antes da execução. Da mesma forma, podem mesmo ser evitadas, quando as projeções e os resultados financeiros não sejam capazes de viabilizar o empreendimento.

Aqueles que desprezam essa importante etapa podem colher amargas conseqüências. Por renegarem as projeções, acabam sentindo e vivendo os resultados na variação impactante do fluxo do caixa da empresa.

Será verdadeira sorte, se a idéia era mesmo viável. Azar, ou melhor, grandes choques financeiros ao caixa e à estabilidade da empresa, quando a idéia, apesar de brilhante, não era assim tão boa quanto parecia no início.

Com base em nossos estudos nesse segmento, podemos afirmar que a quase totalidade das empresas que quebram durante os dois primeiros anos de existência sofrem do mal do excesso de confiança, acreditando apenas na experiência e no tino de negócios.

No entanto, os males da ausência de planejamento não residem apenas nessa etapa inicial. Quanto maior a atividade e a capacidade contínua de criação de novas idéias (produtos e serviços), maiores são os riscos ao equilíbrio financeiro do negócio, gerando prováveis dívidas para sustentar o desequilíbrio do caixa.
 
Produtos ou serviços, quaisquer que sejam eles, nunca serão eternos e imutáveis. Dessa forma, significa dizer que possuem curvas de crescimento, de estabilidade e de declínio de aceitação do público comprador, gerando assim quedas potenciais nos resultados que, quando não analisadas, projetadas e antecipadas, sangram o caixa da empresa, efetivamente.

O planejamento estratégico não configura uma atividade estática, utilizada apenas quando se quer lançar um produto, um serviço ou quando se abre uma empresa. É uma atividade contínua e interativa – estudando, analisando, levantando e comparando cenários alternativos, projetando curvas de vendas e resultados, enfim, planejando, antecipadamente, todo o perfil e as tendências dos negócios da empresa.

Seu diferencial ao sucesso de um empreendimento não está apenas na capacidade de analisar e projetar resultados e cenários, mas sim de fazê-los de forma antecipada a qualquer investimento ou esforço de execução.

Eis o seu valor: antecipar oportunidades e, principalmente, evitar equívocos e fracassos.

O custo do auxílio profissional de planejamento é irrisório em função dos seus benefícios. Afinal, o principal esforço do ser humano na busca da vida saudável é a prevenção, e não apenas o atendimento de urgência!

Roberto A. Trinconi
CEO
EdgerSense Consulting
The Business Management Intelligence Company
 
Autor: Roberto A. Trinconi


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