Desencontros e reencontros



Sua voz soou lúgubre ao fundo, era a primeira vez em dez anos que ouvia meu nome vindo de sua boca daquele jeito. Tanta coisa havia mudado que mais parecíamos dois estranhos se encontrando pela primeira vez, pois toda a intimidade do passado se tinha ido com os anos em que nossas vidas tomaram rumos diferentes. Era inverno outra vez e a cena bucólica da velha estrada de barro trazia lembranças indeléveis, de coisas que talvez, nem tenhamos vivido.

Aquela câmera fotográfica sempre à mão registrava a lua que saía tímida, apesar de ainda ser dia alto. Fotografou e fez questão de me mostrar como ficara a lua sendo parcialmente coberta por uma nuvenzinha: - veja como é lindo! Não pude conter o sorriso, seguido de um suspiro e retruquei: - Algumas coisas em você não mudam mesmo... Nesta hora seu sorriso denunciou que por traz daquela muralha enorme tem um coração que também sente a ligação que existe entre nossas almas, e rapidamente me fotografou também.

Naquele dia ficamos um ao lado do outro uma tarde inteira e vimos o sol se por como há muito não víamos. No rádio do carro um disco romântico selava aqueles segundos tão preciosos que deixam a alma marcada e o coração encharcado de felicidade, roubada pelas circunstâncias e escolhas que mais pareceram redomas e, que nem um de nós teve realmente o controle. Pode até parecer inócuo dizer que éramos muito jovens para tomar caminhos diferentes dos que seguimos. Os sonhos alheios e aquilo que os outros consideram politicamente correto às vezes se encarregam de nos tornar “infelizes funcionais” e, o certo é que vivemos estes anos todos os ditames de uma sociedade infeliz pautada em princípios que nem ela mesma entende, mas nos faz acreditar na existência de um “certo” e um “errado” quando se fala de amor.

Quisera saber onde nasce e morre o amor, talvez em algum espaço aos deuses apenas reservado. Controle, acredito não haver nos sentidos quando ele (o amor) nos toca e nos torna servos devotados. O que podemos afirmar de certo é que cada experiência é única nesse cosmo e que não conseguiremos nunca equiparamos as histórias de amor. São diferentes entre si assim como os seres humanos o são e nunca, nunca mesmo obedecerão a um padrão nem seguirão a uma linha virtuosa como objetos feitos em série por uma empresa fabril. Naquele dia nossas mãos se tocaram outra vez, emitindo muito calor e sentimento e nós fingimos não conhecer o que já sabíamos: Um amor de verdade nunca morre.


Autor: Levi Beltrão


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