Inerentes perdas humanas



Inerentes Perdas Humanas

A idéia ocidentalizada da perda e do luto surge quase sempre errônea quando nos vemos obrigados a nos deparar com tais temas, assustamos. Ao analisarmos algumas culturas primitivas poderemos notar que passagens profundas de transformações do ser humano, significam SIM!...a possibilidade de nos libertarmos de nossas próprias “amarras”, determinadas por infinitas obrigações e convenções sociais. Quando surge o sentimento inevitável do “luto”, a angústia aparece ocasionando a sensação de  desamparo, equivalente à de quando éramos bebê e nos separávamos de nossa mãe, tais fatos eram suportáveis, até que depois tornava-se desesperadora a  falta de amparo representado no toque, olhar e cheiro da mãe.

 Necessitamos então, de ter que lidar com a ameaça da perda do outro que aplaca nossas angústias vivenciadas intensamente nos primeiros anos de vida. Essa ausência nos causa o que chamamos de “angústia de separação”, que nos deixa a sensação de abandono e fragmentação. Cabe salientar que não enlutecemos apenas com a perda de pessoas que amamos, mas também por circunstâncias que nos proporcionam prazer e que muitas vezes temos que deixá-las de desenvolver. Por exemplo, quando aposentamos, deixamos velhos hábitos do cotidiano relacionados ao trabalho, nos entristecemos e assim vivenciamos a condição de perda de uma função desempenhada dentro do contexto social. Outra situação é o filho que se casa e deixa a casa aonde mora alterando a sua dinâmica familiar, tendo seus membros que lidar com a ausência do mesmo.

                   Estamos em constante transformação, Cronos o deus na mitologia grega é o tempo, aquele que nos devora e quando damos conta de sua presença ele já se foi, levando consigo o corpo de criança, que se torna adolescente, depois adulto, meia idade e por fim velho, restando então lembranças e recordações cravadas pelas marcas do processo natural da evolução. Ao realizarmos esse processo natural da evolução permeadas por perdas, é necessário que saibamos reestruturar e resignificar a própria vida como forma de renovação, através da qual possamos aprender a  olhar o novo que , mesmo pautado por medos, surge repleto de possibilidade e esperanças. Isto não significa termos que abdicar de valores ultrapassados, pelo contrário, aprender com aquilo que não nos favorece mais como se fosse uma armadura medieval, que serviu para instruir e nos defender de batalhas árduas.

Perda é algo que fica para trás, tão freqüente e presente, que muitas vezes não se percebe quando do nascimento ao envelhecimento até a morte gélida que nos leva  entre perdas, ganhos e também desenganos; ela se manifesta na noite calada, pautada de sereno que prenuncia a madrugada pedindo pulsando nas  profundezas da alma que desesperada grita no corpo, na mente agitada a angústia profunda que no íntimo avassala.

 

Adriana Camargo do Nascimento

Psicóloga Clínica

CRP 14/01893

[email protected]

67 92328742

 

  

 


Autor: Adriana Camargo Do Nascimento


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