Escavação arqueológica na igreja do colmeal- breve notícia



 

 Resumo

 

            Esta pequena notícia tem como objectivo divulgar os dados, ainda que bastantes preliminares, resultantes da escavação arqueológica realizada na Igreja Matriz da Freguesia do Colmeal, concelho de Góis.

 

            A intervenção arqueológica realizada nesta Igreja promovida pela comissão fabriqueira da Igreja do Colmeal, esteve a cargo da empresa Ricardo Teixeira e Vitor Fonseca, Arqueologia Lda.,com sede em Matosinhos, sob a coordenação e direcção cientificas do arqueólogo Rui Pinheiro, signatário do presente artigo, e decorreu em duas fases.

 

            Numa primeira fase, decorrida entre os dias 21 e 25 de Fevereiro de 2011, os trabalhos arqueológicos empreendidos circunscreveram-se à realização de uma sondagem de avaliação arqueológica encostada à parede Sul da nave da igreja com cerca de 10 m2 e tiveram como principal objectivo avaliar o potencial e os níveis arqueológicos afectados pela execução da obra.  realizou-se.

 

            Mediante os resultados aferidos a partir desta sondagem de avaliação arqueológica, foi decidida a escavação em área da nave, da capela-môr, da capela de S.José e de um pequeno pequeno anexo localizado entre a capela de S.José. Esta fase de escavação em área decorreu entre os dias 14 de Março a 21 de Julho de 2011, perfazendo um total de cerca de 165 m2.

 

 

 

            Enquadramento histórico/arquitectónico

 

 

 

            A igreja do Colmeal, constituída por uma só nave, sofreu várias alterações arquitectónicas ao longo dos séculos. A Sul desta estão situadas a torre sineira e a capela de São José, construída em honra deste santo em meados do século XIX. A Norte da igreja, encostada à capela-môr, foi implantada a sacristia em data desconhecida para nós.

 

            A data de construção desta igreja, aumentando uma pequena capela dedicada a S. Sebastião pré-existente, podemos situa-la cerca de 1560, quando o Bispo de Coimbra D. João Soares promoveu o Colmeal a sede de freguesia, mantendo-se o orago a S. Sebastião.

 

 

 

            Introdução geo-morfológica

 

 

 

            A freguesia do Colmeal pertence ao concelho de Góis, distrito de Coimbra e está inserida na Beira Alta.

 

            Morfologicamente, a freguesia do Colmeal está situada no vale do rio Ceira, afluente do Mondego, numa região bastante acidentada onde existem vales profundos encaixados nas serras, algumas com altitudes consideráveis, drenados por uma série de linhas de água afluentes do Rio Ceira.

 

            O povoamento é disperso, com uma baixa densidade populacional, < 22,60 pessoas por Km², assistindo-se mesmo à desertificação total de várias aldeias serranas.

 

            A nível litológico nas zonas das Serras da Lousã e do Açor, zona onde está inserida a aldeia do Colmeal, predominam as formações sedimentares e metasmórficas dos Xistos e Grauvaques.

 

            A nível dos solos predomina os cambissolos Húmicos, associados ao substrato geológico de origem xistoso.

 

            A nível de paisagem domina a floresta; salpicada aqui e ali por pequenos campos/hortas agricultadas, geralmente em zonas mais aplanadas e próximas de linhas de água, sendo as épecies florestais que predominam o eucalipto, o pinheiro-bravo e as mimosas, embora a floresta original fosse constituida por castanheiros, pinheiro-bravo, urzes e carvalhos.

 

            A principal actividade económica do concelho de Góis é a exploração da extensa mancha florestal que possuem.

 

            A nível climatérico esta zona caracteriza-se por uma forte precipitação principalmente nos meses de Inverno;, caindo esta ás vezes sob a forma de neve, temperaturas médias anuais baixas e por uma baixa insolação.

 

           

 

            Metodologia de campo

 

 

 

            A metodologia seguida para esta intervenção arqueológica baseou-se no sistema de escavação e registo preconizado por Harris. Este método é definido pela identificação de Unidades Estratigráficas(UE) que podem ser unidades de deposição, quer naturais quer por acção humana; elementos interfaciais; quer horizontais quer verticais ou elementos arquitecónicos; muros,etc que são individualizados pelas suas caracteristicas físicas( compactação, cor, forma, composição, etc) quer pelos materiais incluidos(carvões, metais, cerâmica, vidros, etc) e sobretudo pelas suas relações estratigráficas com as outras unidades( coberta por, cortada por, cheia por, serve de apoioa, igual a, sincroniza-se com, cobre, corta, enche, apoia-se). A planta assume um papel fundamental na identificação destas relações estratigráficas, assumindo assim os cortes da escavação um papel secundário à interpretação arqueológica.

 

            Cada unidade estratigráfica foi alvo de registo através da fotografia digital; com placa identificadora, escala e com seta do Norte posta em referência ao Norte  magnético; dos desenhos de plano à escala 1/20 e do preenchimento da ficha de unidade estratigráfica. Todos os planos e desenhos de cortes foram cotados altimetricamente em relação a um ponto fixo na escavação (ponto 0) e convertidas posteriormente à altimetria real.

 

            Relativamente ao espólio exumado este foi recolhido e individualizado em sacos plásticos devidamente identificados com etiquetas, as quais possuem o acrónimo, a unidade estratigráfica, o tipo de material, a data e o operador e, posteriormente, acondicionado em contentores de plástico  até ao tratamento a realizar em gabinete.

 

Download do artigo
Autor: Rui Pinho Coelho Pinheiro


Artigos Relacionados


Cidade De MaÇÃo

Abandono

Encantadora

Crime De Amor...

Sem Comentário...

Disfarce

Sedutora