Consciência existencial - psicologia multifocal



  

O EU é fruto da consciência existencial, é a força fundamental no desenvolvimento da personalidade, é a capacidade de escolha.

 As janelas do córtex cerebral vão sendo processadas a partir do nascimento e o EU vai formando uma base para começar a ter consciência de si e do mundo ao seu redor.

O nascimento provoca um turbilhão de estímulos estressantes que vão alimentar o registro automático da memória (RAM), este registro é realizado deste a vida intrauterina. Assim o homo sapiens é transformado numa usina de pensamento e em uma fonte ininterrupta de emoções (saudáveis ou destrutivas) ate o ultimo suspiro.

Os fenômenos inconscientes (fenômeno da auto checagem, fenômeno do autofluxo e a janela da memória) são os mordomos da mente que contribuem diretamente para a formação do EU. Eles organizam e orientam inconsciente e psicodinamicamente o EU na sua indescritível tarefa de gerenciar os processos de construção da inteligência, principalmente no que tange a ler inconscientemente a memória e construir as cadeias de pensamentos.

 

Os mordomos criam a base para a formação do EU. O EU precisa não apenas de milhões de janelas, mas também da qualidade dos registros.

 

O fenômeno do autofluxo, um fluxo espontâneo e contínuo, é responsável pela leitura da historia intrapsiquica, pela reorganização do caos da energia psíquica e pela construção das idéias, é o diretor coadjuvante do EU.  O fenômeno do autofluxo é um importantíssimo mordomo intrapsíquico que contribui para o processo de formação do "eu". Sem ele, que desde a aurora da vida fetal enriquece a história intrapsíquica, provavelmente na vida extra-uterina jamais chegaríamos a desenvolver a consciência existencial, o que faria de nós seres impensantes e inconscientes. Porém, apesar dele ser fundamental para o desenvolvimento do "eu", ele não deve, à medida que ele é formado, tomar a preponderância qualitativa da produção dos pensamentos, pois essa é a tarefa intelectual do eu, embora inevitavelmente tome a preponderância quantitativa, pois ele é quem promove o fluxo vital da energia psíquica.

 

O fenômeno do autofluxo lê multifocalmente a história intrapsíquica, produzindo em grande parte no processo existencial diário inúmeras matrizes de pensamentos essenciais históricos. Essas matrizes atuarão no campo de energia emocional e motivacional, produzindo uma usina psicodinâmica de emoções e motivações que se desorganiza e se reorganiza continuamente em outros pensamentos e emoções. Além disso, elas sofrerão um processo de leitura virtual, produzindo a construção dos pensamentos dialéticos e antidialéticos.

 

O eu é mais sofisticado do que simplesmente pensar, é a consciência de que pensa e que pode administrar ou gerenciar a construção de pensamentos. O eu é a consciência dos parâmetros intrahistóricos (contidos na memória) e extrapsíquicos. Sem o eu não teríamos a consciência dos parâmetros espaço-temporais e da realidade do mundo que somos (intrapsíquico) e em que estamos (extrapsíquico); sem o eu um segundo e a eternidade não teriam a menor diferença.

Os pensamentos dialéticos e antidialéticos produzem um "ambiente consciente" que propicia ao "eu" ler a história intrapsíquica e produzir pensamentos debaixo dos critérios da maturidade da inteligência.

 

 

No ambiente clandestino e inconsciente dos bastidores da mente, o "eu" aprende um dos mais

refinados, complexos e sofisticados paradoxos da inteligência, que é aprender silenciosamente os caminhos psicodinâmicos "inconscientes" da leitura da história intrapsíquica e do gerenciamento dos processos de construção dos pensamentos. O eu só pode se organizar e gerenciar o processo de construção dos pensamentos, e os demais processos de construção da inteligência, se ele paradoxalmente aprender a ler "inconscientemente" a história intrapsíquica e produzir também, "inconscientemente", as cadeias psicodinâmicas das matrizes de pensamentos.

O eu, ao se conscientizar das cadeias de pensamentos produzidas inconscientemente pelo fenômeno da autochecagem da memória e pelo fenômeno do autofluxo, interrompe ou continua essas cadeias. A continuação da construção dessas cadeias é também uma forma silenciosa e importante de aprender a se organizar e desenvolver o gerenciamento dos processos de construção dos pensamentos.

 A qualidade do gerenciamento do eu sobre o mundo dos pensamentos e das emoções é que

determinará a capacidade do homem como agente modificador da sua história intrapsíquica e social. A tendência natural do homem é ser vítima de suas misérias psíquicas.

Se o fluxo vital da energia psíquica não for conduzido para a produção de pensamentos e

experiências emocionais saudáveis e enriquecedores, ele será conduzido inevitavelmente para a produção de experiências angustiantes, tensas, agressivas, autopunitivas.

 

Quando aprendermos a exercer o gerenciamento do eu deixaremos de ser vitimas para nos tornarmos protagonistas da nossa historia.

  

A consciência existencial nos faz únicos e nos faz ver o mundo a partir de nos mesmos.

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Autor: Clecilene Gomes Carvalho


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