Inteligência - psicologia multifocal



A diferença vem do múltiplo e não do diverso. [...] A multiplicidade estimula a diferença que se recusa a se fundir com o idêntico.  (SILVA, 2000, p. 101)

 

Quando pensamos no homo sapiens, seres complexos, a idéia da inteligência como grandeza passível de medição, como sendo uma competência individual, uma capacidade de raciocinar e de compreender aspectos lógico-matematicos-linguisticos, de fato, já não parece absoluta.

 

O senso comum esta impregnado da concepção de que, os alunos ou pessoas em geral, que “se dão bem” em matemática, são considerados inteligentes, enquanto que um excelente musico ou um exímio atleta não recebe a mesma qualificação.

 

Foram necessários 90 anos para que houvesse uma alteração do modelo unidimensional (Binet e Simon (1905), cujos resultados advinham somente de testes de Q.I., para o modelo multidimensional (Gardner, 1995), cujo processo de identificação utiliza diversos instrumentos para identificação de características de aprendizagem, considerando as áreas do conhecimento.

 

Para Gadner a concepção de inteligência baseia-se por 03 grandes preconceitos que perturbam o funcionamento das escolas: o westismo, o bestismo e o testismo.

 


Westismo: consistiria em reduzir-se o significado do pensamento, da racionalidade, do quadro de valores, ao universo ocidental, de fundamentação aristotélica e natureza lingüístico-lógico-matemática, ignorando-se ou subestimando-se outras formas de associação de idéias. Tal predisposição condiciona, naturalmente, a caracterização dos indivíduos "inteligentes", excluindo ou subvalorizando competências outras, como, por exemplo, os raciocínios analógicos, tão fortemente associados a linguagens ideográficas, que predominam na cultura oriental. É razoável conjecturar-se que pelo menos dois indivíduos excepcionalmente inteligentes, segundo qualquer critério que se convencione, foram vítimas de tal preconceito: Einstein e Jung.

Bestismo: vem da expressão inglesa “the best”, que significa “o melhor”, este preconceito seria o de que tanto nos processos educacionais, quanto no desenvolvimento das relações sociais, o que importa “é ser o melhor”. As atividades escolares e a ação dos professores procuram homogeneizar os alunos, canalizando as diferenças individuais para formas padronizadas de avaliação. Como o que se valoriza são as competências lingüísticas e lógicomatemáticas, o aluno que tem aptidões para estas áreas é rotulado de “melhor. Para Gardner, esse preconceito se origina de uma visão unidimensional da inteligência. Além disso, para o autor, a idéia de superdotado é diferente da que costumeiramente adotamos. Para ele, um indivíduo é superdotado em uma área específica. Nessa linha, Picasso, Einstein e Pelé são igualmente superdotados

Testismo: está diretamente associado aos processos de avaliação (testes) e envolve a suposição de que tudo o que tem valor pode ser avaliado mediante testes “objetivos”. Os testes na escola ou fora dela são quase sempre associados à “medida da inteligência”, caracterizando a inteligência como uma grandeza que pode ser medida. Gardner identificou sete “inteligências” em cada pessoa ou, dito de outra forma, a inteligência é composta por um espectro de sete competências, todas com a mesma dimensão e importância: lingüística, lógico-matemática, interpessoal, intrapessoal, musical, espacial e corporal. O desenvolvimento mais ou menos apurado dessas competências depende de uma organização educacional que ajude a criança a atingir seu potencial máximo em cada uma delas. Para isso, é necessária uma variedade de disciplinas e atividades, todas de igual importância.

 

Numa sociedade plural, a escola tem o papel fundamental de atender às necessidades individuais e específicas dos alunos, articulando as propostas pedagógicas às demandas de formação acadêmica.

 

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Autor: Clecilene Gomes Carvalho


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