A circulação atmosférica da região nordeste



A CIRCULAÇÃO ATMOSFÉRICA DA REGIÃO NORDESTE

                                                                                                                     

            Marcelo Cavalcante Nunes Morgado

Graduando Licenciatura Plena em Geografia – UEPB.

 

RESUMO           

Evidenciam as altercações no balanço de radiação, coerentes com a diversidade da superfície terrestre, que geram disputas de pressão atmosférica, no qual conserva o clima em sucessivas circulações. Seja na circulação normal e secundária atmosféricas, prevenindo de tais fenômenos ocasionados pelas secas na Região nordeste. Como também pelas oscilações que pretende de tal modo, acabar com as diferenças de pressão, deslocando a energia térmica das regiões de menor proveito em seus movimentos circulares, pelas massas de ar que influencia entre si, com a superfície da Região, provocando alterações nas condições meteorológicas. Satisfazendo a Região no que dizer respeito ao ambiente temporal, analisando a complexidade dos fenômenos climáticos que se revelam não em grandes distinções térmicas, mas também na formidável multiplicidade do ponto de vista pluviométrico, decorrente, basicamente, do posicionamento desse espaço em afinidade aos diversos sistemas de circulação atmosféricas acontecidas na Região Nordeste.

 

Palavras-Chave: Circulação, Pressão, Temperatura.

 

INTRODUÇÃO

Climaticamente, a região nordestina está associada às temperaturas altas o ano todo, com intensidades térmicas elevadas em torno de 6° C. Mas a respectiva consonância térmica afronta com a ampla variabilidade espacial e a tormenta das chuvas. No litoral, a precipitação anual excede 1.600mm, enquanto no interior não supera 400 mm em acertadas áreas. Por isso, o Nordeste é avaliado como uma região irregular. Com anos abundantes de chuvas, com enchentes desastrosas que podem seguir de estiagens calamitosas. As origens de tais irregularidades são densamente analisadas, mas ainda não têm conclusões definitivas. Todavia, numerosos acontecimentos presentes na Região, isolados ou combinados entre si: Como os movimentos de Hadley-Walker, A Zona de Convergência Intertropical, O elevado albedo da superfície, A penetração de Sistemas Frontais, As irregularidades de temperaturas das águas oceânicas do Atlântico e do Pacífico, As massas equatorial continental de brisas marítimas e terrestres, As linhas de instabilidade com massa equatorial continental atmosférica de grande escala etc. Na favorável topografia da Região parece ser causador em escala local, pelas chuvas de barlavento que são destacavelmente mais chuvosos que as de sotavento, em alguns lugares, a circulação de vale e de montanha parece admirável e todos os acontecimentos acima citados, merecem observações mais detalhadas, a fim de que se avaliem melhor as causas da irregularidade climática nordestina. Do mesmo modo, cita AYOADE sobre a circulação atmosférica.

A causa básica fundamental do movimento atmosférico, horizontal ou vertical, é o desequilíbrio na radiação líquida, na umidade e no momentum entre as baixas e as altas latitudes e entre a superfície da Terra e a atmosfera. Outros fatores que influenciam a circulação atmosférica são a topografia, a distribuição das superfícies continentais e oceânicas e as correntes oceânicas. (AYOADE, 2007.p. 72)

 

A CIRCULAÇÃO NORMAL ATMOSFÉRICA DA REGIÃO NORDESTE   


Ao extenso de uma linha, quase paralela ao equador, as massas de ar dos dois hemisférios se rebatem estabelecendo a Frente Intertropical. O aumento no conjunto do ar na Frente Intertropical produz uma faixa de ordeiras denominada doldrum, zona de aguaceiros e trovoadas. Assim, condicionada pelo movimento geral do Sol na eclíptica, a disposição dessa frente que varia com as estações do ano. Possuindo no hemisfério Norte a maior área continental, ele é em média mais quente que o hemisfério Sul. Por isso a grande massa de ar frio deste último mantém a Frente Intertropical, em média, acima do equador. No verão norte a mencionada frente se depara cerca de 10° Norte, atingindo sua posição final em setembro,quando o pólo Antártico esta mais frio. No verão sul, ela se localiza mais próxima do equador, para alcançar sua posição extrema meridional em março, necessitada agora ao intenso resfriamento do Pólo Ártico. Segundo MENDOÇA, sobre as pressões atmosféricas ocorridas na Região cita.

Ao mesmo tempo em que atua como uma área de baixas pressões em relação ao oceano Atlântico e que atrai, portanto, o ar úmido de nordeste dali proveniente – o que intensifica sobremaneira a umidade da região-, a bacia amazônica atua também como um importante centro produtor e exportador de massa de ar. Mesmo sento uma área onde as temperaturas são consideravelmente elevadas, garantindo a formação de centro de baixas pressões [...] (MENDONÇA, 2007 p.97- 98)

Neste aspecto, o sítio de ação do Atlântico, responsável pela estação boa no Sul, atinge a sua maior pressão no inverno (julho) e sua menor pressão no verão (janeiro). Equivalendo a do mesmo modo, ao período chuvoso nordestino que incidirá em janeiro a abril, durante a circulação extrema para o sul da Frente Intertropical, permanecendo secos os meses remanescentes, sob o domínio do centro de ação do Atlântico constituindo pela Massa Equatorial Atlântica. Deste modo, MENDONÇA cita sobre a circulação de ar na faixa tropical afirmando que.

Essas massas de ar atuam principalmente nas porções norte (MEAN) e extremo nordeste (MEAS) da América do Sul, cuja maior amplitude térmica se dá na estação de verão, quando o ar frio do hemisfério Norte impulsiona a expansão do anticiclone dos Açores pra sul, originando a massa de ar equatorial atlântica nas mais baixas latitudes do hemisfério Norte. Ao mesmo tempo a MEAS tem a sua maior expressão devido ao posicionamento do anticiclone de Santa Helena, que favorece sua atuação sobre o litoral do Nordeste brasileiro. (MENDONÇA, 2007 p.108)

Deste modo, essa massa de ar é formada por duas correntes de circulação: uma inferior e a outra superior, oscilando os dois na mesma direção. Através da circulação inferior, que é bastante fresca por se tratar de ar polar velho, acha-se carregada de umidade, proveniente da evaporação do oceano ao toque do forte vento superficial. Já a correnteza superior se depara pelo contrário, por ser muito quente e seca em valor da forte inversão de temperatura que a espaça da superficial, não consentindo que ambas se combinem, permanecendo o vapor centralizado na corrente superficial, com uma temperatura tanto mais alta quanto ao mínimo a altitude. De acordo com Andrade, sobre advento das correntes de ar, garante.

A umidade do ar e as taxas pluviométricas anuais diminuem do litoral para o interior, mas, encontrado mais ao Oeste a escarpa da Borborema, aumentam novamente devida à queda de chuvas orográficas. (ANDRADE, p.39.)

Ao chegarem às duas correntes nas suas margens extremadas, no doldrum ou no litoral do Brasil, a descontinuidade termal que se procedia aumentando e amortecendo, susta ligeiramente, consentindo que se dê uma elevação violenta das duas camadas do alísio. A inicial, por estar quase saturada, resfria-se segundo a gradiente adiabático úmido, enquanto a elevada segue o adiabático seco. Este acontecimento ocasiona inclinação de temperatura em altitude e forte inconstância que causa chuvas ininterruptas no litoral. Isto incide especialmente no inverno, quando o alísio é mais repetidamente resfriado pela sua combinação com o ar polar marítimo, permanecendo o interior seco, com a restrição apenas das serras.

A CIRCULAÇÃO SECUNDÁRIA ATMOSFÉRICA DA REGIÃO NORDESTE 

Durante o período chuvoso do interior do Nordeste (inverno), não incidem chuvas diariamente: estas são descontinuadas por ocasião de estiagem, tudo pendente às oscilações da Frente Intertropical, que por sua vez estar sujeito das oscilações das frentes polares do Atlântico Norte e Sul, que atuam de modo idêntico e sincronicamente, bastando-nos apenas apresentar a massa equatorial continental da última. Chamando-se de Frente Polar Atlântica à superfície de descontinuidade térmica que afasta os ventos circumpolares de Oeste e Sudoeste dos mais quentes originários do centro de ação, de direções Nordeste e Noroeste. Esta frente que se distende, na América do Sul, desde o Chaco até a ilha Geórgia cortando o litoral no Rio da Prata.

A renovação intensa do anticiclone frio impede a Frente Polar Atlântica em direção ao equador, penetrando em cunha, sob o ar tropical quente. Logo a ascensão deste, redunda em nuvens, chuvas fortes e condições de formação de gelo e trovoadas no período frontal, seguindo-se em tempo frio e seco, que muitas vezes precede as intensas ondas de frio, sob a Alta posterior de temperatura. Segundo FERREIRA, sobre o sistema frontal dos ventos alega.

As trovoadas severas estão freqüentemente associadas a linhas de convergências organizadas como as frentes frias, as quentes e as oclusas. Seu desenvolvimento é comum, sobretudo, ao longo das frentes frias associadas a um ciclone extratropical. A convergência dos ventos de superfície ocorre, em geral, ao longo dessas frentes. Os ventos na dianteira da frente fria sopram no hemisfério Sul normalmente de NE e, da retaguarda, de SW. Isso resulta em uma convergência do ar ao longo da frente, forçando a subida do ar quente. (FERREIRA, 2006.p.113)

Com o aumento da Frente Polar Atlântica no centro de ação do Atlântico que é arrastado para latitudes mais baixas, isto é, regressa e vai sendo amortizado, para em seguida ser revigorado pelo próprio anticiclone polar quando a Frente Polar Atlântica se dissolve no trópico, sob o a aquecimento geral.

Já no período que nos preocupa verão e outono, mais exatamente de janeiro a março, os progressos da Frente Polar Atlântica são na maior parte das vezes fracos, não atingindo a exceder o trópico. A orientação da Serra do Mar – que é a mesma do litoral sul – ao sentido Sudoeste-Nordeste, dá à frente posição semelhante, não chegando a ultrapassar a referida serra.

No entanto, se o anticiclone polar for potente, a Frente Polar Atlântica mantém uma orientação Noroeste-Sudeste, capaz de vencer a Serra do Mar e peregrinar velozmente até a Bahia. Visto no inicial caso, onde incidem chuvas consecutivas no litoral sul e em seguida serão escassos no mesmo litoral. Assim sendo, o primeiro fato caracteriza os anos secos, o segundo incide com certa freqüência nos anos úmidos.

Portanto, analiso a seguir, com determinado detalhe, a massa equatorial continental da circulação secundária em ambos os fatos, entre as latitudes de 15° a 0°.

No primeiro fato – Frente Polar Atlântica em seu trajeto para o norte tem inicialmente uma orientação Noroeste - Sudeste. Sob a conseqüência da intensa radiação no continente, ela consente em seu ramo ocidental uma diluição e o ar polar sente convecção. Todavia, o ramo oriental persiste no oceano com orientação Sudoeste - Nordeste. Esta nova disposição transcorre da preferência da massa polar de circular no oceano, como o litoral sul do Brasil possui orientação Sudoeste - Nordeste, as frentes, nesse caso, tendo pouca energia, adota aí o referido sentido. Com este alinhamento a frente fria peregrina do Rio da Prata ao trópico. Assim, sob o aumento da Frente Polar Atlântica, com orientação Sudoeste-Nordeste, o ponto médio de ação do Atlântico é arrastado para noroeste permanecendo o Nordeste sob sua atuação. Deste modo a pressão se elava, e os ventos são de Leste e Sudeste. Esta condição produz bom tempo e aquece no Nordeste, sob a inversão anticiclônica do centro de ação, com nebulosidade três de cúmulos, sem trovoadas.

Assim sendo, a direção da frente fria, no oceano, de Sudoeste-Nordeste, a Frente Intertropical adquire rumo idêntico, adentrando pelo Maranhão e declinando até Goiás. O núcleo de ação dos Açores adentra no Amazonas ocasionando um bom tempo. As chuvas permanecem limitadas a oeste do ponto médio de ação dos Açores sob a conseqüência das calmas continentais e finalizam as precipitações nos vales do São Francisco e Jaguaribe.

Após cerca de três dias, no momento gasto pela frente fria para caminhar do Rio da Prata ao Trópico, ela adquire uma direção Leste-Oeste decorrente talvez da direção idêntico à do litoral do Estado do Rio de Janeiro. Como de fato estamos acompanhando, a massa fria é raro densa e não tem força suficiente para cobrir a Serra do Mar de altitude média de 1.500 metros, que fica a mesma, estacionada nas latitudes envolvidas entre 22° e 23°.

Nestas condições todo o princípio da circulação é novamente repelido para leste: Logo o ponto médio de ação do Atlântico abandona o Nordeste, onde a pressão cai. O alinhamento Leste-Oeste da frente fria gera na Frente Intertropical uma direção idêntica, o que faz com que esta decline para maiores latitudes, uma vez que o ponto médio de ação não mais se lhe contrapõe. A dorsal dos Açores que adentra no Amazonas regressa para o norte enquanto a massa equatorial continental, contida entre a Frente Intertropical e a Frente Polar Atlântica, transpõe a formar um centro extenso, coberto de calmarias, e que se distende do Amazonas ao Nordeste. Ocasiona as mesmas chuvas de oeste, que na maioria das vezes não transpõem a serra de Ibiapaba, a leste da qual, no estado do Ceará e no médio vale do São Francisco, há inclinação de temperatura sob a influência do bordo da massa equatorial atlântica.

Assim, se torna imprescindível recomendar que simplesmente um grande afastamento do centro de ação é favorável ao aumento das calmas até o Ceará. Isto se lança após duas vias frontais consecutivas no Sul do Brasil, passagem que nos anos secos não ocorre e até nos anos de chuvas normais, raramente ocorre, porque, ainda sob a influência da frente polar, a região do Chaco se apresente resfriado, a intensa radiação no verão logo se faz experimentar, restabelecendo a depressão local, e bloqueando assim o suprimento do ar polar do Brasil. Segundo TUBELIS, cita sobre a distribuição da pressão atmosférica assegurando que.

A ocorrência de massas continentais e oceânicas, ao longo dos paralelos, interrompe as faixas de altas e baixas pressões que se verificariam sobre superfície terrestre homogênea, que foram vistas no item anterior. Formam-se centros de alta e de baixa pressão, alguns semifixos e outros que se deslocam com as estações do ano. (TUBELIS, 1980.p.224)

Como notamos, a Frente Polar Atlântica, concebida pelo seu ramo marítimo, persiste no trajeto para o norte até o paralelo de 22° a 23° quase. Aí estacionado em média um a dois dias, gerando o retorno de todo o princípio para leste, para em seguida sofrer ação de frontólise e regressar com frente quente, que provoca chuvas constantes no Sudeste do Brasil, até sumir no oceano.

O ponto médio de ação do Atlântico volta a dominar a costa e peregrinar para oeste à medida que a Baixa do Chaco se restitui. No litoral aumentam a pressão e temperatura, porque a inversão volta a impedir a convecção. A monção se refaz soprando para o Chaco com a direção Nordeste e Noroeste e retornando toda a circulação ao quadro normal.

Antes, porém, da circulação se ter regularizado, o ar frio, que permaneceu estacionado no trópico, é injetado no centro de ação, formando um reforço do alísio. Este, do mesmo modo renovado, avança para a costa do Nordeste sob a forma de frentes tropicais, causando as perturbações cognominadas ondas de leste.

Assim sendo, nos anos secos, o ar polar, de regra, não alcança as baixas latitudes e só indiretamente refresca o interior do Brasil. Nesta região o aquecimento do continente o aumenta, sendo levado pelas correntes de Sudoeste da Alta superior para o norte. Isto revigora a instabilidade da massa equatorial continental, cujas trovoadas são, conseqüentemente, mais precisadas ao ar frio superior que ao próprio aquecimento superficial que é, entretanto necessário.

No Segundo fato – A massa fria apresenta mais em força e a Frente Polar Atlântica consegue cobrir a Serra do Mar e desenvolver para o norte, mantendo uma direção Noroeste-Sudeste e causando perturbações do tipo frente fria.

Para que isso aconteça de dezembro a março, torna-se imperativo que tenha renovação intensa e comum da Frente Polar Atlântica, com grandes frentes, que desenvolvem violentamente até a Bahia (paralelo de 15°), sendo logo trocadas por novas formações. Sob esta intensa ação frontogenética todos os princípios sofrem atração violenta para o sul. O centro de ação do Atlântico peregrina na mesma direção propiciando à Frente Intertropical, com direção Leste-Oeste, descer ao Nordeste, vencer a Chapada do Araripe e a parte ocidental da Borborema, e chegando com suas chuvas o limite Pernambuco-Bahia.

Com os ventos de Noroeste do antigo ar polar do hemisfério Norte, adentrar em cunha, até uma altura de 1.500 metros, sob os alísios de Leste do ponto médio de ação do Atlântico, a frente invade o Pará e a costa do Maranhão ao Ceará, propiciando inclinações de pressão e chuvas até Petrolina (cotovelo do São Francisco), quando causa os raros aguaceiros da Região. O ar mais seco do anticiclone do hemisfério Norte só permanece bem diferenciado no Pará e Amapá, onde determina bom tempo, queda na temperatura e aumento de pressão.

Do mesmo modo, apesar disso, de a Frente Intertropical ser atirada para o hemisfério meridional, a Frente Polar Atlântica peregrinando no trópico, deslocando o ponto médio de ação para leste, atraindo para essa mesma direção a massa equatorial continental, que de tal modo chega ao Nordeste adentrando de Sudoeste para Nordeste, com precipitações que se incluem às da baixa da Frente Intertropical, durante um, dois e três dias, adentrando nos vales do São Francisco e Jaguaribe até a Borborema e Chapada Diamantina.

Reflito que, se os fenômenos frontogenéticos não forem muito emitidos as chuvas da massa equatorial continental, normalmente a oeste da serra de Ibiapaba, que desenvolvem para leste exclusivamente até o Ceará e o São Francisco, enquanto a Frente Intertropical em sua caminhada para o sul não transpõe a Borborema e a Chapada do Araripe.

Com a declinada da Frente Intertropical para o Nordeste, excedendo a Borborema e Araripe, e alcançando o paralelo de 9°, a pressão declina e incidem chuvas esparsas na zona entre a frente e o paralelo de 15°, pois daí é esvaziando o núcleo de ação, enquanto no Sul do Brasil ele volta a conter (representado pela massa Tropical Atlântica) em parte formado de ar polar velho com tempo fresco e insignificantes chuvas. Ao norte da Frente Intertropical a pressão ascende sob a massa fria do hemisfério setentrional, pois tais condições acontecem sempre com as invasões dos northerns nas Antilhas, muito corriqueiros no inverno, de janeiro a março.

Logo, suavizada a ação da Frente Polar Atlântica, a Frente Intertropical continua retida no Atlântico Norte. Nesta passagem a representação isobárica se depara idêntico ao normalmente observado em julho, conseqüentemente, com alta pressão nos Açores, contidos por um anticiclone quente, bastante intenso, o que traz ao Nordeste desta forte seca (como incidiu em 1877, 1915, 1919 e 1932), isto é, um mau inverno.

No segundo fato, se o verão de janeiro a março proporciona intensas e sucessivas passagens da Frente Polar Atlântica no Sul do Brasil, seguidas por outras nos Estados Unidos, o anticiclone quente dos Açores é extinto, o que traz transformações atmosféricas no Nordeste, com inundações graves (como sucedeu em 1912, 1971, 1924 e 1947), isto é, um bom inverno.

Nos anos secos e de chuvas normais o ramo ocidental da Frente Polar Atlântica, sob a forma de Frente Polar Reflexa, rarissimamente penetra pelo interior do Brasil até as latitudes baixas, e o ramo oriental, também, raras vezes consegue atingir o litoral do Nordeste. Já em fins de abril, estando adiantado o outono, a Baixa do Chaco encontra-se quase extinta, o que permite, por vezes, o avanço da Frente Polar Reflexa até a Amazônia pelo interior e ao litoral do Nordeste pela costa. Isto significa que a Frente Polar Atlântica, em abril, já possui com certa freqüência a orientação Nordeste - Sudoeste e posteriormente Leste-Oeste. Entretanto, nestas condições, o interior do Nordeste já não é tão beneficiado pelas chuvas, porque, estando adiantando o outono, a Frente Intertropical não atinge tanto o hemisfério Sul e a ação da massa equatorial continental é menos notável uma vez que vai sendo substituída, a leste, pelos alísios.

PREVISÃO DAS SECAS NA REGIÃO NORDESTE        

Como observamos uma rápida redução de três a quatro graus, no caminho da Frente Intertropical para o sul basta para ocasionar uma seca catastrófica no Nordeste. Não existindo periodicidade na escassez de chuvas, a presciência de tais fenômenos torna-se incontestavelmente indispensável, pois além da sua gravidade para a economia regional do Nordeste, chegaria assegurar igualmente presságios para outras regiões do País. Isto por si só explicaria maior prevenção por parte dos governos estaduais e federal, de nossas empresas públicas e privadas, e uma ciência mais exata por parte de nossos geógrafos, para melhor explanação dos fatos naturais e humanos. Deste modo, ANDRADE, cita sobre o clima do nordeste afirmando que.

No nordeste, o elemento que marca mais sensivelmente a paisagem e mais preocupa o homem é o clima, através do regime pluvial e exteriorizado pela vegetação natural. Daí distinguir-se desde o tempo colonial a “Zona da Mata”, como o seu clima quente e úmido e duas estações bem definidas _ uma chuvosa e outra seca [...] (ANDRADE, p.37).

Como há na atmosfera uma circulação geral, tendente a mantê-la em equilíbrio de pressão e temperatura, há conseqüentemente estreita relação entre os centros de ação da atmosfera, os quais se movem em perfeito sincronismo, cujo conhecimento, tendo em vista a previsão do tempo, é praticamente possível pela densa rede de postos de observação situados em pontos estratégicos nos diversos continentes. 

Como prenunciar tais fenômenos? Fundamentado nas observações da circulação atmosférica que aprontamos de descrever. Tudo se abrevia, deste modo, em prevenir com antecedência de três a seis meses a pressão nos Açores, pois que a pressão aí consistir em ser elevada em janeiro ocasionando, conseqüentemente, seca ao Nordeste quando em julho do ano antecedente forem analisadas:

a) Pressões baixas no Alasca, na Groenlândia, na Islândia, Estados Unidos, Índia, Samoa, Buenos Aires e Ilhas Árcades;

b) Pressões altas em Zanzibar, Porto Darwin e Capetown;

c) Temperaturas baixas na Groelândia e Japão;

d) Temperaturas elevadas no Havaí, Índia, Dacar, Samoa e Santa Helena.

 

CONCLUSÃO


Deste modo, o clima seco do Nordeste não procede, como se tornou habitual dizer, de aí acontecer contacto de massas de ar com regimes de chuvas não coincidentes durante o ano. Tais regiões de contacto, ao adverso do que alguns dizem, têm em geral chuvas bem distribuídas. Refiro-me a dois exemplos no Brasil que confirmam esta afirmativa: o setor setentrional que obedece a uma faixa de choque entre massas de ar do hemisfério Norte e do hemisfério Sul, e a Região Sul, sob contato de ar quente das massas Tropical Atlântica e Equatorial Continental e do ar frio da massa Polar Atlântica. Ambas as regiões têm um clima úmido de chuvas regularmente distribuídas.

Obviamente, o aspecto seco do Nordeste brasileiro transcorre que esta Região durante todo o ano sob o domínio do centro de ação do Atlântico, é formada pela massa equatorial atlântica.

Apenas no verão e outono, particularmente de janeiro a abril, o centro de ação é afastado do Nordeste, permitindo a descida da Frente Intertropical até a borda setentrional da Borborema e Araripe, e o avanço da massa equatorial continental até a serra de Ibiapaba, no máximo nos anos secos. Já nos anos úmidos, o centro de ação se retira inteiramente do Nordeste, propiciando o avanço para o mesmo da massa equatorial continental até a Borborema e Chapada Diamantina, e a descida da Frente Intertropical ultrapassando o Araripe e parcialmente a Borborema, atingindo o limite Pernambuco-Bahia. Visto o forte progresso da Frente Intertropical que coincide com o enfraquecimento do centro de ação dos Açores e conseqüentemente, com o avanço do ar polar setentrional para a faixa equatorial. Este caso, que não se verifica nos anos secos, raramente é observado nos de chuvas normais, sendo típico dos anos úmidos registrados na Região Nordeste.

 

REFERÊNCIAS


ANDRADE, M. C. A terra e o homem no Nordeste. Contribuição ao estudo da questão agrária no Nordeste. Recife: Editora Universitária da UFPE, 1998.

 AYOADE, J. O.   - Introdução à climatologia para os trópicos/ J. O. Ayoade; Tradução de Maria Juraci Zani dos Santos; revisão de Suely Bastos; coordenação editorial de Antônio  Christofoletti.- 12ªEd.- Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007. 332p.

CPTEC – Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos. http://www.cptec.inpe.br/.  Disponível em: Acesso em: 16 set.2011.

FERREIRA, Artur Gonçalves. Meteorologia prática. São Paulo: Oficina de Textos, 2006, 188 p.

IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo 2010. Disponível em: . Acesso em: 21 set. 2011.

INMET – Instituto Nacional de Meteorologia. . Disponível em: Acesso em: 9 set. 2011.

MENDONÇA, Francisco; OLIVEIRA, Inês Moresco Danni. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2007.

TUBELIS, Antônio; NASCIMENTO, Fernandes José Lino do. Meteorologia descritiva: fundamentos e aplicações brasileiras. São Paulo: Nobel, 1980.

 

 

 



Autor: Marcelo Cavalcante Nunes Morgado


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