Empreender Na Era Do Fim Do Emprego



Embora as pessoas lutem para conseguirem um bom emprego, este já está com seus dias contados. Apesar hoje ainda existir muita gente empregada, ter um empregado hoje significa que você é um candidato a ser um desempregado num futuro próximo, provavelmente, antes de se aposentar se nada fizer para acompanhar as tendências futuras. Segundo os futurólogos sociais, o emprego, pelo menos neste formato que conhecemos, está em extinção. Para quem já ouviu falar em KPO/BPO (Knowloge Process Outsourcing and Business Process Outsourcing) sabe que em breve as empresas estarão terceirizando várias áreas importantes de sua atividade além daquelas que já terceirizam hoje, ou seja, demitirão quase todo o quadro funcional e ficarão apenas com uma pequena parcela de sua equipe para desenvolver algumas poucas atividades específicas deixando o restante a cargo de serviços terceirizados. Isto porque as organizações estão entendendo que estão dedicando muito tempo e recursos com atividades que não são foco de seu business como gerir pessoas, plano de saúde, problemas funcionais, transportes, logística e outras que demandam muito empenho e trabalho. Existem casos de KPO de empresas que estão dispostas até mesmo de terceirizar conhecimentos de processos estratégicos, ou seja, pagam para alguém inovar, criar métodos novos para serem colocados em prática. Aliás, isto já é realidade em alguns países do mundo. Se perguntarmos então como fica o segredo industrial? Para essas empresas, são poucos os processos que necessitarão serem guardados a sete chaves e isto pode ser fixado em contrato, por outro lado justificam dizendo que quando um executivo ou especialista é demitido, também leva seu conhecimento e experiência para outra organização, ou seja, é difícil hoje em dia represar conhecimento dentro das 4 paredes da organização. Especialistas afirmam que o Paquistão e a Índia têm aumentado sua competitividade no mercado global devido às empresas destes países terem aderido a esta estratégia. No Brasil a moda ainda não pegou porque nossas leis trabalhistas ainda são muito conservadoras, mas isso irá durar por pouco tempo sob pena de nossas empresas ficarem de fora do mercado mundial uma vez que esta estratégia reduz sobremaneira os custos operacionais das empresas.

Diante desta perspectiva aterradora o que fazer então? A melhor alternativa é tornar-se um profissional empreendedor, ou seja, um autêntico VOCÊ S/A. Uma espécie de profissional auto gerido, que projeta sua carreira, estabelece seu ritmo de trabalho e consegue por si próprio gerir seus próprios recursos, seja através de um emprego formal ou de um trabalho autônomo. É possível se tornar um profissional com esse perfil desde que a pessoa desenvolva características pessoais compatíveis para isso e com o cuidado de não se deixar ficar obsoleto tecnicamente, mesmo que ainda exerça cargos importantes na empresa, porque hoje em dia ninguém está imune a ficar desempregado.

Fazendo entrevistas de seleção para executivos desempregados em Manaus, percebi que ao contrário do que se pensava anteriormente, ficar muito tempo exercendo o mesmo cargo numa mesma empresa é um fator complicador para sua recolocação quando fora do mercado. Antes tempo de casa contava muito para que a pessoa se tornasse cada vez mais valorizada no mercado. Entretanto hoje em dia as empresas entendem que quanto mais tempo você passa fazendo a mesma coisa, maior é a resistência às coisas novas e mais difícil é a adaptação à uma nova cultura. Se o fato de passar uma curtíssima temporada num cargo ou numa empresa não é de bom para o currículo, ficar anos e anos fazendo a mesma coisa, embora sendo num cargo de chefia, não é bem visto pelos recrutadores, soma-se tudo isso a um profissional de idade avançada aí as coisas tendem a ficar ainda pior. Infelizmente na maioria, pessoas com o avançar da idade, tendem a se acomodar fazendo as coisas sempre do mesmo jeito. Sentem dificuldades a se adaptarem as novas culturas e a novos ambientes, além de resistirem a novas tecnologias. São raras as pessoas que desenvolveram a cultura de empregado, não serem assim, e se você tem dúvidas se tem ou não essas características, aproveite para fazer uma auto-análise ou até mesmo pedir a opinião das pessoas próximas a você. Entretanto um profissional com características empreendedoras tendem manterem-se atualizados, pois são arrojados, desafiadores, gostam de experimentar coisas novas, arriscam, têm claro o que querem do futuro e não se apegam as coisas do passado. Conheço vários profissionais consultores, auditores, médicos, publicitários da terceira idade, plenamente aceitos no mercado de trabalho e com remuneração superior ao de uma ocupação formal equivalente.

Ser empreendedor é antes de tudo acreditar em si próprio, é acreditar que você é capaz de realizar as coisas por si mesmo sem que alguém tenha que lhe dizer o que, quando e como fizer. Significa você ser o senhor de si mesmo ainda que em muitos casos, tenha um patrão formal.

As vezes fico imaginando o quanto as pessoas são dependentes de um chefe para reconhecer o valor de seu trabalho, é importante que você seja capaz de se auto valorizar e auto reconhecer seu potencial e suas fraquezas. Acredito que a partir daí, desenvolvendo essas características, o profissional será mais efetivo, conseguirá ser tanto um bom empregado formal como um excelente profissional autônomo, e segundo o que foi dito no início deste artigo, o caminho do emprego será esse. As empresas estão procurando pessoas que assumam determinados trabalhos, os realize e os entreguem prontos, recebendo uma remuneração em contrapartida. Em alguns casos, o profissional do futuro terá que montar sua própria equipe, executar um trabalho e ao final desfazer-se dela e em seguida incorporar-se-á a outra equipe, realizará outro trabalho e assim por diante. A especialização profissional, a falência da previdência pública e a instabilidade do emprego levarão as pessoas a desenvolver competências capazes de possuir várias frentes de trabalho especializado, realizando várias coisas ao mesmo tempo para uma série de organizações diferentes. O homo-corporativus se converterá em homo-autonomus, com elevada capacidade de desafio, planejamento, persuasão, perseverança, comunicação e autoconfiança, equipado com toda parafernália tecnológica de TI e telecomunicações, capaz de desenvolver seu trabalho em casa, aeroportos, hotéis ou no interior das organizações que estão prestando serviços. Creio que será este, mais ou menos, o cenário do futuro do emprego, principalmente para profissões especializadas. Talvez as ocupações que resistirão ao modelo tradicional serão as de atividades básicas como garçons, serviços gerais etc, pois imagino que cada vez menos existirão pessoas dispostas a executar estes trabalhos cuja atividade sempre será caracterizada pelo emprego.

Até a próxima!


Autor: André Wandemberg


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