Os fiscais



 

OS FISCAIS

 

O belíssimo poema  Trem de Ferro, de Manoel Bandeira evoca  algumas características  dos  trens de carga e o transporte de passageiros presentes na época, ouso relatar na presente crônica o meu olhar sobre o Transporte Urbano atual.  

Tudo começa quando o trem está em movimento,  no interior do vagão, homens circulam,  desembrulham embalagens de variadas guloseimas,  gritam como feirantes no intuito de  vender suas mercadorias. Quem vende mais? Quem vende menos? Conquistar fregueses significa circular no vagão, atendendo simultaneamente diversos passageiros.

Demonstram suas mercadorias ao vivo: trituram legumes para comprovar a eficiência de um ralador, leem histórias para vender livros, distribuem porções de amendoins para os clientes  degustarem a qualidade. Balas, chocolates, salgados, brinquedos, livros, utilidades domésticas, preços acessíveis,  garantia de satisfação!

Quando os passageiros desembarcam, o cenário se transforma, vendedores  guardam  suas mercadorias em  mochilas, disfarçam de passageiros e escondem seus produtos atrás dos  bancos dos passageiros.

Quais os desafios  para esses  trabalhadores  liberais? Certamente driblar os fiscais e vender suas mercadorias  nos interiores dos trens,  se a relação entre  compra e venda  é satisfatória, o mesmo não se aplica aos  fiscais; circulam, observam passageiros, enviam mensagens quando necessário e permanecem  atentos ao momento no interior do trem.

Não é raro um fiscal  surpreender um vendedor inexperiente, esse acaba de mãos vazias, o semblante ora resignado, ora revoltado.  

E quando uns embarcam e outros desembarcam, vendedores trocam de vagões, agentes de limpeza recolhem a  sujeira acumulada, ainda é possível ouvir o som no alto falante, é proibido   o comércio nos trens...    

 

 


Autor: Maria Estela Ximenes


Artigos Relacionados


AviÃo

O Trem Maluco

Um Trem Água

O Trem

AlÔ!

Uma Tacada De Mestre

Exceto O CaixÃo