A releitura do pensamento marxista nas sociedades atuais



Apesar de quase 150 anos após a publicação da renomada obra de Karl Marx, O Capital, nunca estiveram tão atuais as idéias quanto a autodestruição do capitalismo através da formação de um enorme grupo de trabalhadores deixados à margem da sociedade em nome da busca pelo lucro desenfreado defendido pela ideologia neo-liberalista.
A crise econômica mundial em 2008, o problema da saúde pública nos EUA, o crescimento do desemprego nos países europeus, o aumento da desigualdade social em âmbito mundial, dentre outras situações como estas, levam os países capitalistas a recorrer ao auxílio do Estado para a superação destas crises. Há um retorno, portanto, ao Estado de bem estar social, porém, com algumas marcas do Estado neoliberal.
A bandeira do estado social, das políticas de esquerda foram bem vindas ao Brasil, e trouxeram diversos benefícios à população, como bolsa escola, bolsa família, pro uni, dentre outros, apesar de ainda não ser o suficiente até que o Brasil diminua o custo de vida da população, principalmente, através da redução dos impostos que são cobrados de forma exorbitante dos cidadãos e, muitas vezes, os valores arrecadados são desviados de suas reais finalidades. Além disso, a desigualdade social, que não é uma realidade só no Brasil, pode ser percebida nitidamente na área rural, em que grande parte das terras nacionais estão concentradas nas mãos de poucos indivíduos, e em muitos casos, tais propriedades não estão cumprindo sua função social, deixando-se de lado a possibilidade de gerar empregos e dar sustento a diversas famílias brasileiras. É nesse ponto, principalmente, que a política nacional coincide com a teoria marxista. Marx demonstrava que a luta de classes surgiu a partir da privatização das terras, em que sempre o detentor da propriedade dominava aquele que se utilizada da sua própria mão-de-obra para conseguir seu sustento e ao longo da história do homem, a classe dominante utilizava-se de uma base ideológica para explicar a dominação e evitar o conflito entre as classes.
A questão sobre a má distribuição de terras no Brasil é muito delicada e campo de muitas discussões. Seguindo-se os preceitos de Marx, as terras não poderiam ser infrutíferas e estar nas mãos de poucos, mas sim, deveria ser distribuída e dar igual chance a todos aqueles que também possuem o mesmo direito de viver com dignidade. O que se defende é o exercício pleno da função social da propriedade e a oportunidade para todos contribuírem com a produção, sem precisarem passar por condições degradantes, como ocorria, durante a elaboração da teoria marxista, com os operários das fábricas durante a revolução industrial.
Conclui-se que a teoria de Marx, apesar de ter sido desenvolvida há quase um século e meio atrás, ainda pode servir como base para as sociedades atuais, contribuindo para o desenvolvimento de uma ciência jurídica voltada para a efetivação de uma igualdade material, na qual os iguais sejam tratados de forma igual e os desiguais de forma desigual, proporcionando uma vida digna àqueles que se encontram à margem da sociedade devido ao processo histórico em que foram verificadas as sociedades capitalistas.


Autor: Jaqueline Marques De Souza


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