O burnout no trabalho do enfermeiro no brasil: uma revisão



O BURNOUT NO TRABALHO DO ENFERMEIRO NO BRASIL: UMA REVISÃO

Renata Santini¹, Marcell Alysson Batisti Lozovoy²

1. Discente do Curso de Enfermagem da Faculdade Pitágoras-Londrina/PR

2. Docente do Curso de Enfermagem da Faculdade Pitágoras-Londrina/PR

 

RESUMO

 

Diante do aumento da necessidade em se obter mais estudos relacionados à saúde do trabalhador da área de enfermagem, este trabalho se justifica à medida que a síndrome de burnout tem aumentado cada vez mais nos últimos anos, com isso, há uma necessidade de se pesquisar sobre o assunto, haja vista que, existem poucos estudos no Brasil relacionados ao tema. Essa pesquisa teve como objetivo identificar, por meio de revisão bibliográfica, as principais fontes geradoras de estresse no trabalho do enfermeiro resultando no desenvolvimento da síndrome de burnout, além de descrever os principais sintomas da síndrome e relatar suas conseqüências no ambiente de trabalho. O estudo foi realizado com base de analise e interpretações de artigos publicados entre 1999 a 2010. Os resultados obtidos foram que os enfermeiros brasileiros sofrem com estresse ocupacional e isso está relacionado com o início da Síndrome de burnout. Foi observado que as principais fontes geradoras de estresse ocupacional são exaustão emocional, despersonalização e baixa realização profissional (alta carga horária de trabalho, baixa qualidade de vida, má remuneração). Esses fatores podem levar ao prejuízo aos cuidados prestados aos pacientes e comprometendo a saúde física e psicológica desse profissional.

PALAVRAS-CHAVE: Burnout. Enfermeiros. Estresse ocupacional.

ABSTRACT

 

Given an increase of the necessity in getting more studies related to the health of the nursing area workers, this research is justified insofar the burnout syndrome has grown increasingly in the recent years. Because of it, there is a necessity of researches about this subject considering that there are a few studies about this theme. This examination aimed to identify by literature review, the main sources of stress on nursing workers which results in the Burnout Syndrome development. It also describes the main symptoms of the syndrome and reports its consequences in the work environment. The study was conducted by analysis and comprehension of articles published between 1999 and 2010. The results were that Brazilian nurses suffer from occupational stress and this is related to the onset of the burnout syndrome. It was observed that the main sources of occupational stress are emotional exhaustion, depersonalization and low personal accomplishment (high workload, low quality of life, low pay). These factors can lead to injury to patient care and undermining the physical and psychological health these professionals.

 

Key-words: Burnout. Nurses. Occupational stress.


 

 

1 INTRODUÇÃO

 

        As transformações acarretadas na sociedade nas ultimas décadas, passou a exigir um esforço maior do ser humano para se adaptar as essas mudanças tanto na capacidade física, como mental e social do indivíduo. Essa grande exigência para se adaptar a vida moderna acaba expondo a pessoa a uma frequente situação de conflito, ansiedade, angústia e desestabilização emocional e consequentemente o estresse (MUROFUSE; ABRANCHES, 2005).

Estressor é qualquer situação ou experiência que o individuo vivencia e que gera sentimentos de tensão, ansiedade, medo, ameaça (BARSTOW,1980 apud STACCIARINI; TRÓCCOLI, 2001).

          Foram comprovados por meio de pesquisas que os efeitos destas alterações podem levar a algumas doenças vinculadas ao estresse ocupacional, tais como: hipertensão, úlcera e outras (HOLT; COOPER; MORAES, 1993 apud STACCIARINI; TRÓCCOLI, 2001).

          Diversas consequências podem ser provocadas em trabalhadores sob forte estresse no ambiente de trabalho, tanto na forma de problemas de saúde física como mental, levando o indivíduo a se sentir incapacitado em lidar com situações de pressão no trabalho (HOLT; COOPER; MORAES, 1993 apud STACCIARINI; TRÓCCOLI , 2001).

          A saúde ocupacional tem sido alvo de muitos estudos, pois o estado de saúde do trabalhador tem influência significativa na qualidade de serviços prestados por ele (MINAYO; HARTZ; BUSS, 2000 apud MUROFUSE; ABRANCHES; NAPOLEÃO, 2005).

          Algumas ocupações oferecem mais riscos ao estresse, entre elas está à enfermagem, pelo fato de trabalharem com enfermidades críticas e com situações de morte (COOPER; MITCHEL, 1990 apud STACCIARINI; TRÓCCOLI, 2001).

          O profissional da área de saúde atua em favor do melhor atendimento aos seus clientes e na maioria das vezes negligência o cuidado com sua própria saúde (PIZZOLI, 2004 apud NEVES et al., 2010).

          Na década de 70, Frendenberg (1974) começou a estudar nos Estados Unidos o estresse laboral conhecido então como a síndrome de burnout que tinha como principais características o sentimento de fracasso e exaustão pessoal causado pela perda excessiva de energia, força e recursos.

          Desde então, vários autores têm pesquisado sobre o assunto e expuseram suas definições e teorias sobre o burnout, mas a de Maslach foi que teve maior impacto e aceitação na área acadêmica (MUROFUSE; ABRANCHES; NAPOLEÃO, 2005).

          Alguns anos depois de Frendenberg (1974), Maslach e Jackson (1981) começaram a estudar a síndrome e desenvolveram o Maslach Burnout Inventory (MBI) que é um instrumento para medir o burnout usado na maioria das pesquisas realizadas sobre o tema.

          Esse recurso também é utilizado no Brasil, sendo realizadas algumas modificações de acordo com a realidade brasileira (BENEVIDES-PEREIRA, 2001).

          Este compõe- se de 22 itens, sendo nove para medir a exaustão emocional, oito itens para realização pessoal com o trabalho e cinco itens para medir a despersonalização (SOUZA; SILVA, 2002).

          Enquanto o estresse refere-se ao esgotamento pessoal que interfere na vida do indivíduo, o burnout reflete diretamente no desempenho do trabalhador em seu local de trabalho. O sentimento de fracasso, exaustão, são alguns dos sintomas dessa síndrome (MASLACH; JACKSON, 1981 apud MUROFUSE; ABRANCHES; NAPOLEÃO, 2005).

          Neste contexto, o burnout (esgotamento profissional) tem como definição uma síndrome psicológica decorrente da tensão crônica no trabalho, constituída por: exaustão emocional, desumanização, decepção, diminuição da realização pessoal (TAMAYO; TRÓCCOLI, 2002).

          Ocorre principalmente em indivíduos que trabalham para pessoas, especialmente as que têm algum problema de saúde, causando assim o distanciamento entre profissional e paciente que passa a encará-los apenas como um objeto inanimado, gerando influências negativas no desenvolvimento do seu trabalho (MASLACH, 1976 apud SOUZA; SILVA, 2002).

          Segundo estudos realizados nos Estados Unidos da América, a síndrome de burnout tem tido grande enfoque nos últimos anos devido às consequências que essa síndrome acarreta não só na vida pessoal do indivíduo, mas também no seu desempenho profissional (CARLOTTO; GOBBI, 2003 apud MUROFUSE; ABRANCHES; NAPOLEÃO, 2005).

          Entidades governamentais, empresariais e sindicatos norte-americanos e europeus vêem se interessando pela saúde do trabalhador, pois o estado da saúde do mesmo reflete no seu desempenho no trabalho, tendo como consequência o aumento no nível de absentismo, queda na qualidade do atendimento, acidentes de trabalho, queda da produtividade e algumas doenças ocupacionais (CARLOTTO; GOBBI, 2003 apud MUROFUSE; ABRANCHES; NAPOLEÃO, 2005).

          A profissão de enfermagem por ter contato direto com a doença, dor e morte dos pacientes, tem uma maior incidência ao burnout, consequentemente aumentando o índice de absentismo e queda na qualidade dos serviços prestados (GIL-MONTE, 2002).

          Conforme a Health Education Authority a profissão de enfermagem é classificada como a quarta profissão mais estressante no setor público (STACCIARINI; TRÓCCOLI, 2001).

          A carga horária excessiva, a sobrecarga de trabalho, conflitos com a equipe de trabalho, a falta de autonomia e autoridade em tomar decisões, são alguns dos motivos que contribuem para aumentar a taxa de incidência do estresse e consequentemente do burnout (GIL-MONTE, 2002).

          Um levantamento realizado pela Associação Internacional do Controle do Estresse, International Stress Mangement Association (ISMA), mostrou que o Brasil é o segundo país com maior índice de estresse do mundo, ficando atrás somente do Japão. Mesmo tendo este alto índice de estresse, há poucas pesquisas relacionadas a este assunto aqui no Brasil o que dificulta uma melhor compreensão para a busca de intervenções e soluções para minimizar seus efeitos (STACCIARINI; TRÓCCOLI, 2001).

          Este estudo teve como objetivo Identificar as principais fontes geradoras de estresse no trabalho do enfermeiro resultando no desenvolvimento da síndrome de burnout, além de descrever os principais sintomas da síndrome e relatar suas consequências no ambiente de trabalho, por meio de revisão literária.

 

2 METODOLOGIA

 

          Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica, descritivo. Foi estabelecido como critérios de inclusão artigos que, em seus títulos, mencionassem a palavra “estresse”, “enfermagem”, “esgotamento profissional” ou ”burnout”. Ainda os artigos publicados na língua portuguesa e espanhola, textos completos no período de 1999-2010.

          Os critérios de exclusão foram artigos publicados antes de 1999, com textos incompletos, e que não tivesse o mesmo enfoque desta pesquisa.

          Utilizou-se a base de dados digital, tendo como ferramenta de busca: “Medline” e “Lilacs”, por meio da “Biblioteca Virtual em Saúde”, e a biblioteca eletrônica “Scielo” onde foram encontrados 36 artigos relacionados ao assunto, mas 12 fizeram parte deste trabalho pelo critério de inclusão.

          Para posterior análise e síntese foi realizada um quadro contendo os seguintes itens: citações; autores; assunto; metodologia; resultados e conclusão.

          A apresentação dos resultados e discussão dos dados obtidos foi feita de forma descritiva, possibilitando ao leitor a avaliação da aplicabilidade da revisão elaborada, de forma a atingir o objetivo já apresentado anteriormente.

 

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

          Encontrou-se 12 artigos que atenderam aos critérios de inclusão.

          Quanto à autoria dos estudos identificaram-se cinco realizados por enfermeiros, quatro por psicólogos, um por psicólogo e enfermeiro, um por médicos, e um por psicólogo e fisioterapeuta. Oito foram desenvolvidos em ambiente hospitalar, três em outras instituições públicas e privadas e um de revisão bibliográfica.

          A maioria utilizou-se de questionário auto- aplicável, sendo que quatro destes aplicaram o Maslach Burnout Inventory (MIB), que é um instrumento mais utilizado para medir o burnout .

          Em relação à quais revistas foram publicados os artigos, quatro foram publicados em revistas de enfermagem, dois na revista latino-americana de enfermagem, três em revistas de estudos de psicologia, um no caderno de saúde pública e dois em outras revistas.

          Observa- se que os artigos não se limitaram a serem publicados em revistas de enfermagem, notando assim que o assunto desperta o interesse em outras áreas de atuação.

          No que diz respeito à metodologia utilizada, três são de abordagem descritiva exploratória, dois transversal de abordagem quantitativa, um qualitativo do tipo descritivo, um descritivo e quantitativo, um exploratório, um qualitativo, um transversal descritivo, um epidemiológico, observacional analítico de corte transversal e uma revisão de literatura.

          Analisando estes resultados nota-se que os tipos de metodologia abordados pelos autores variam muito, o que faz refletir que ainda há muitas dúvidas e dados insuficientes a respeito da saúde dos trabalhadores da área de enfermagem.

          Após esta apresentação panorâmica dos artigos que foram incluídos no presente estudo, segue quadro com a síntese de cada artigo utilizado.

 

 

3.1 AS PRINCIPAIS FONTES GERADORAS DE ESTRESSE

 

          A cobrança de se produzir mais a qualquer custo levou o ser humano a ultrapassar seus limites físicos e mentais resultando no seu sofrimento pessoal, as transformações no ambiente de trabalho também geram mudanças nas relações interpessoais, surgindo então a Teoria do Estresse.

          Mesmo com o grande avanço da tecnologia das últimas décadas o ritmo com a preocupação e cuidados com a saúde do trabalhador é lento, pois permanece ainda a falta de motivação, o desamparo, a passividade, a alienação, a depressão, a fadiga e agora o burnout (CODO; VASQUES-MENEZES, 2000 apud MUROFUSE; ABRANCHES; NAPOLEÃO, 2005).

          O burnout (esgotamento profissional) é definido como uma “síndrome psicológica decorrente da tensão emocional crônica no trabalho, constituída pelas dimensões: Exaustão Emocional, Desumanização ou Cinismo, e Decepção, denominada também Diminuição da Realização Pessoal ou Ineficácia” (MASLACH; SCHAUFELI; LEITER, 2001; TAMAYO; TRÓCCOLI, 2002; TAMAYO, 2008 apud TAMAYO, 2002).

          Na área da enfermagem, nota-se que desde sua implementação no Brasil, é uma categoria excluída, pois o enfermeiro vem tentando se afirmar no exercício da sua profissão sem contar com o apoio e a compreensão de outros profissionais (STACCIARINI; TRÓCCOLI, 2001).

          Até hoje os profissionais de enfermagem sofrem com a baixa remuneração e falta de autonomia (MUROFUSE; ABRANCHES; NAPOLEÃO, 2005).

          Vários autores tiveram como resultados de suas pesquisas com profissionais da área da saúde componentes que desestabilizam o trabalho do enfermeiro, algumas delas são: o número reduzido de enfermeiros na equipe de enfermagem; as dificuldades em diferenciar os papéis entre enfermeiros, técnicos, auxiliares e atendentes de enfermagem, relação com pacientes e familiares problemáticos, má remuneração e sobrecarga de trabalho. (STACCIARINI e TRÓCCOLI, 2001; GIL-MONTE, 2002; ROSA; CARLOTTO, 2005; TAMAYO, 2008).

          Além de estarem expostos a riscos químicos e físicos, também se encontram em contato constante com o sofrimento do paciente, dor e morte (BENEVIDES-PEREIRA, 2002 apud ROSA; CARLOTTO, 2005).

          Souza e Silva (2002) mostraram nos resultados de suas pesquisas que os baixos salários têm levado os profissionais a terem jornadas mais longas de serviço e mais de um vínculo empregatício. Neste mesmo estudo os autores mostraram que o traço de ansiedade também é um fator relevante para o desenvolvimento da síndrome.

          Além da ansiedade, Tamayo (2008) salienta em seus estudos que a exaustão emocional é conceituada como aspecto central do burnout e em seguida o fator Desumanização.

          As características de personalidade também favorecem ao desenvolvimento do burnout destacam-se, por exemplo: a motivação, o entusiasmo, a dedicação ao trabalho e a tendência ao perfeccionismo, resumindo, há uma grande necessidade de vencer e ser reconhecido (SQUIRES; LIVESLEY, 1984; REINHOLD, 1996 apud SOUZA; SILVA, 2002).

          A idade é um fator relevante para o desenvolvimento da síndrome, segundo Souza e Silva (2002) o burnout é mais acentuado nos mais jovens de profissão, devido à insegurança de seus conhecimentos por sentirem-se afetados com a reação dos pacientes.

          Entretanto, outros autores descrevem que os indivíduos com anos de carreira já estão mais estabilizados em seus horários com menos carga horária semanal, trabalham predominantemente em áreas administrativas e gerenciais, tendo menos contato com os pacientes, diminuindo assim a incidência do burnout (MOORE E COOPER, 1996 apud SOUZA; SILVA, 2002).

          Em relação ao sexo, Souza e Silva (2002) compararam os resultados de suas pesquisas com as realizadas por Maslach e Jackson (1981) na qual estes apontaram que a dupla jornada das mulheres influencia no surgimento do burnout. Enquanto àquele apontou que a delegação dos afazeres domésticos a outras mulheres diminui e muito o impacto da dupla jornada, já que hoje elas podem contar com secretárias do lar para cuidar dos afazeres domésticos.

          No que diz respeito a turno de trabalho, Neves e colaboradores (2010) realizaram um estudo com profissionais de enfermagem que trabalham no período noturno, citando que pode se tornar um fator negativo para sua qualidade de vida, já que o ritmo de vida deles se torna incompatível com as outras pessoas principalmente em relação à família.

          Estes trabalhadores possuem um desgaste psicofisiológico maior do que os que trabalham no período diurno, já que trabalham no horário em que suas funções orgânicas se encontram diminuídas (NEVES et al., 2010).

 

3.2 OS PRINCIPAIS SINTOMAS DA SÍNDROME E SUAS CONSEQUÊNCIAS NO AMBIENTE DE TRABALHO

 

          Na pesquisa realizada por Laurtert e colaboradores (1999) foram demonstrados os principais sintomas físicos relacionados ao estresse como: alterações cardiovasculares, que é apontado como o sintoma de maior incidência entre os enfermeiros, alterações de sono e repouso que fazem parte do segundo maior grupo de risco, relataram também alterações gastrintestinais; músculo-articulares; alterações de ciclo menstrual; e alterações imunitárias (resfriados, estados gripais, lesões herpéticas, crises asmáticas, entre outras). Outras doenças como hipertensão e úlceras foram associadas (HOLT, 1993 apud STRACCIARINI; TRÓCCOLI, 2001).

          Dos autores pesquisados, quatro utilizaram o questionário Maslach Burnout Inventory (MBI) que é um instrumento para medir o burnout sendo composto por três sub-escalas: exaustão emocional, a despersonalização e a realização pessoal (LAUTERT, 1999; GIL-MONTE, 2002; ROSA; CARLOTTO, 2005; TAMAYO, 2008; MOREIRA et al., 2009;).

          A exaustão emocional é caracterizada pela falta de energia acompanhada do sentimento de esgotamento profissional. Os trabalhadores não conseguem mais ter entusiasmo para atender seus clientes (MUROFUSE; ABRANCHES; NAPOLEÃO, 2005). Segundo Gil-monte (2002) a sobrecarga laboral aparece em seus estudos como um preditor significativo de esgotamento emocional.

          Na despersonalização o trabalhador começa a tratar paciente e colegas como objetos desprovidos de sentimentos. Sintomas mais comuns neste caso são: ansiedade, irritabilidade, desmotivação, queda da produtividade, baixa na auto-estima, alienação (MUROFUSE; ABRANCHES; NAPOLEÃO, 2005).

          A baixa realização pessoal, se auto-avaliar de forma negativa, afetando assim a realização do seu trabalho, prejudicando o contato com as pessoas e o atendimento ao cliente faz parte da subclasse Realização Pessoal (CARLOTTO; CÂMARA, 2004; GÓMEZ et al., 2005; TUCUNDUVA et al., 2006 apud MOREIRA et al., 2009).

          O acúmulo de funções é descrita por Lautert (1999) como fonte que gera tensão e esgotamento, o fato dos enfermeiros terem pouco tempo e pouca ajuda do restante da equipe faz com que executem mal o trabalho e não consigam desenvolver as atividades consideradas essenciais da profissão como registrar evoluções e cuidar dos pacientes, causando assim sofrimento pessoal.

          A presença da síndrome pode afetar a qualidade dos serviços prestados já que ela afeta diretamente o cuidador (ROSA; CARLOTTO, 2005).

          Moreira e colaboradores (2009) mostram ainda mais implicações geradas no ambiente de trabalho como: alto índice de absentismo, pedidos de licença, abandono do trabalho, queda na qualidade de serviços oferecidos contribuindo de uma forma negativa na atenção prestada aos pacientes.

          Devido a todos estes problemas encontrados no dia a dia do trabalho do enfermeiro não sobra tempo para prática de exercícios físicos, lazer, convivência com a família, contribuindo ainda mais para o aparecimento do burnout (CATALBIANCO, 1995 apud SOUZA; SILVA, 2002).

 

4 CONCLUSÃO

 

          Diante dos resultados encontrados nesta revisão bibliográfica, conclui-se o quanto são escassas publicações em periódicos on-line que abordam o tema “saúde do trabalhador da saúde”. Principalmente estudos realizados no Brasil com foco na área da enfermagem.

          Há necessidade também de mais estudos direcionados à prevenção e tratamento da síndrome, permitindo assim, maior compreensão do problema, ajudando quem já sofre com o burnout e evitando que mais profissionais desenvolvam a doença. Com isso, possibilitar melhorar a qualidade de vida e consequentemente do trabalho prestado por estes profissionais se faz necessário, pois o sucesso dos serviços prestados na saúde depende muito do enfermeiro.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Autor: Renata Santini


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