Providência de nossa mãezinha do céu...



Seria esse mais um passeio até Aparecida do Norte, cidade situada no vale do rio Paraíba, no estado de São Paulo. Certamente, ao pegar o ônibus de minha cidade, São José dos Campos, também neste estado, eu depois de uma hora e meia de viagem, já avistaria o Santuário Nacional de NS de Aparecida.

E assim o foi!

Era sábado, cheguei faltando uns cinco minutos para o meio-dia, hora em que é celebrada uma das missas. Como sempre quando vou a cidade de Aparecida, e ao Santuário de Nossa Senhora de Aparecida, gosto de tudo, e não deixo de passar onde está, dentro da igreja, a pequena imagem, de Nossa Senhora da Conceição, aparecida há tantos anos no Rio Paraíba. Nesse lugar, olhando para a imagem, lembro-me do amor dessa mãe, que de tão forte e verdadeiro, subsiste até hoje invadindo os nossos corações. E eu me lembro do amor do filho, Jesus, que nos deixou Maria, Sua Mãe, como Nossa Mãe e intercessora, àquela que pede por nós, a Jesus, para que por Jesus, Deus, Nosso Criador, atenda nossas súplicas e receba os nossos agradecimentos.

Tendo feito as minhas orações, depois da participação na missa, e da eucaristia, agradeci a Deus, por mais essa benção na minha vida. Então me dirigi à pequena rodoviária da cidade. É uma construção bizarra...Não tem outra denominação. Lá chegando, havia acabado de partir um dos ônibus, o próximo só depois de uma hora.

Pensei... Deus sempre sabe o que faz!

         Comprei a passagem e comecei a dar umas voltas por lá. Uma tarde quente, e na cidade de Aparecida do Norte, o clima é mais quente ainda!

         Passei caminhando pelos lugares da rodoviária, onde avistei, sentada e encostada na parede, uma jovem. Notei que ela também olhava para mim. Sentei ao lado dela e lhe perguntei algo. Não me lembro o que foi, mas ela nem esperou eu terminar e já respondeu que faltavam quarenta minutos para o horário do ônibus. O interessante é que ela estava inquieta, e eu procurei continuar falando para ver se ela se acalmava. Perguntei a sua idade, ela falou... 18 anos (parecia ter menos). Eu lhe falei que estava passeando e ia voltar para São José, e ela disse que também pegaria esse ônibus, que sua poltrona era a 30. E eu tinha a de número 29.

         Continuei perguntando... Estuda? Ela falou-me que estava preparando-se para o vestibular, e para o “enem”, e que pretendia estudar língua alemã e fazer pós-graduação na Alemanha. Perguntou-me se eu era descendente de alemães, e eu falei que minha família era de italianos. Ela olhou para a cor da minha pele e dos meus olhos, e terminou... É europeu! Falei-lhe que de todas as línguas a se estudar, ela escolheu uma das mais difíceis (eu acho a pronúncia da língua alemã, seca, ríspida). Ela disse que admira.

         Perguntei-lhe o que o seu pai achava disso, e ela mudou a fisionomia, entristeceu e me contou que o seu pai havia falecido há pouco tempo, e que morava só com o seu avô em Aparecida. Perguntei-lhe de sua mãe. Ela falou que a mãe havia separado de seu pai, o casamento havia acabado há algum tempo, e ela morava em São José, juntamente com duas filhas, gêmeas, irmãs dessa jovem que quiseram morar com a mãe.

         Perguntei a causa da morte de seu pai. Ela disse que foi um enfarto fulminante.

         Seu rosto não tinha mais aquela expressão linda de uma jovem cheia de planos, mas de uma menina cheia de dúvidas...E medos, incertezas.

         Naquele momento eu senti dentro de mim, o porque eu tinha perdido o ônibus anterior, e até mesmo o porque eu havia ido até Aparecida nesse dia de sábado. A razão estava diante de mim, era essa jovem, Roberta!

         Certamente inspirado pela presença materna de nossa mãezinha do céu naquele lugar, e com as bênçãos de Deus, eu comecei uma conversa, que sinceramente não poderia nunca mais repetir a ninguém, pois eu não me lembro de quase nada do que falei, Mas falei, e muito durante todo o trajeto em que nós dois viajamos rumo a São José. Eu vi aquela jovem na minha frente chorar de emoção, contar de sua vida, de sua solidão, e da falta que sentia do pai. Ouvi-a falar da incerteza de nunca ter namorado, não estar trabalhando fora de casa, e não saber o que fazer. Ouvi-a falar dos sonhos do pai que queria que ela estudasse “direito”, e se formasse advogada. Eu a ouvi falar que tinha abandonado a igreja, e que não tinha idéia do que seguir, ou em que acreditar. E eu lhe falei sobre a vida, sobre a sexualidade, sobre a religião, sobre os estudos, sobre os sonhos, enfim sobre a vida.

         O tempo passou rapidamente, e o ônibus entrou na rodoviária de São José dos Campos. Ela disse que a mãe estaria esperando. Quando fomos sair do ônibus peguei a maleta dela para ajudar.

Minha nossa! Como pesava! Eu acho que ela levava alguns livros, mas pareciam pedras de tão pesado. No saguão da rodoviária eu me despedi dela. E tomei o rumo de minha casa...

         Algumas pessoas acreditam em coincidências, eu acredito que tudo é providência de Deus, e nesse caso, com um toque especial de intercessão de Maria, Nossa Senhora da Conceição de Aparecida...

         Lembro-me que Roberta, essa jovem, disse, já em nossa despedida, que ela ouvira de mim coisas que a esclareceram e a ajudaram a decidir sobre as suas dúvidas. E isso sem mesmo ela ter me perguntado. E eu tive a oportunidade de repensar sobre muitos de meus conceitos enquanto conversava com a Roberta.

         Pois é!

É tão bonito e agradável quando dois pontos de luz entrechocam-se em algum lugar do universo, como nós dois o fizemos, e nesse vórtice de tempo, resulta uma nova energia de amor incondicional que se irradia para todos os cantos, iluminando os caminhos que ainda temos que trilhar.

Esse foi um milagre que aconteceu na minha vida e na vida da Roberta! E como eu refletia um pouco antes... Deus sempre sabe o que faz!

 

Paz e Bem!

 

                          

                                               Vito Antonio Fazzani

                                                                                                                                                                                              

 

 

                                                                                                                                                  11/10/2011

                                                                                                                                             SJC/ SP/ BRASIL


Autor: Vito Antonio Fazzani


Artigos Relacionados


Amor E Outros Desastres

O Brasil Para Cristo

Uma Conversa

Liberdade De Voar!

Jesus

Uma QuestÃo De Fidelidade

Aprendizados Bíblicos Sobre A Oração (parte 2 De 7)