Uma simples vela e seu pequeno castiçal



                      Uma simples vela e seu pequeno castiçal.

 

Tremulava altiva n a janela. Simples. Solitária.

Sua pequena chama mantinha-me acordado no outro lado da rua

Pesquisava com meus olhos apenas cansados sua mensagem. Sua Imagem

A charrete passa sobre o piso esfarelado pela chuva.

O som do trotar do cavalo me lança a universos desconhecidos.

Penduro-me um pouco mais para fora da janela.

Tenho que deixar minha imaginação percorrer esse espaço.

Quem estaria dançando nesses paralelepípedos nesta noite escorregadia?

Seria apenas um piedoso doutor a procura de seu doente,

Ou um grande amor a procura de sua solitária amada?

Essa noite me oferece chances de escolhas.

Escolho a paixão!

Escolho o olhar furtivo do amante em despedidas.

Triste, cabisbaixo amaldiçoando os tempos de separação.

Como é triste a tristeza do amor!

São pequenas rajadas de vento em dias de outono.

Suas lembranças são como folhas deslizando ao ar.

Lançadas ao acaso da vida sem saber onde aportar.

Chama e paixão. Velas da vida que se tornam fogueiras

Lembranças dos doces momentos a pouco acabados.

Momentos que acompanham a carreira da vida

Lindos mas eternamente distantes. Não se repetem.

São únicos como são as paixões.

Velas do espírito que tremulam na janela da esperança

Chamas! Vidas! Paixões e mortes. Tudo são chamas.

Umas tremulam com pequenos sopros

Outras necessitam de vendavais para se apagar.

As chamas da paixão se apagam com o pequeno tremular de uma sorrateira lágrima.

Meus olhos me tiram do devaneio. Volto a visualizar a janela

A pequena vela ainda derruba lágrimas de cera ao pires.

Pequena esperança de luz.

Seu brilho tênue espanta os medos.

A escuridão e as sombras se encolhem aos cantos.

Sua chama clama apenas aos passantes.

É uma simples vela em uma janela de Natal.


Autor: Francisco Hilário Soares Brandão


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