Uma tarde



Uma tarde

Recostado ao pé da figueira recosto-me sobre minhas lembranças.

A tarde apenas desliza suavemente pela ladeira das horas.

Ás águas do lago, feito do rio, tremulam como se tivessem com frio.

O vendo e o sol brincam de roda ao jogar com as folhas da árvore.

Tarde de campo, tarde de pura fantasia.

Penso em mim mesmo e no que fiz

Sinto-me agraciado pela paternidade.

 Consegui transmitir mais do que simples cromossomos

Vejo o crepitar translúcido do reflexo do sol nas águas

Assim como vejo meu reflexo nas minhas outras almas.

O pequeno espelho que fotografa parte de minha razão

Reflete-a nos caminhos e sombreia as minhas esperanças

Que meu fruto ao crescer vincule a terra meus princípios e minhas promessas de vida

Ser! Nada seria se não houvesse a certeza do amanhã das razões

Almas incontidas escrevem o futuro em cadernos que respiram

Respiram frases, conhecimentos e razões.

No princípio era o verbo. No passar dos anos, as atitudes. No final, doces lembranças.

O sol se põem! As águas tranqüilas ainda dançam músicas flautadas por Bacos desconhecidos.

Meu corpo se une ao tronco da figueira e me transformo na paisagem.

Sou folha, sou tronco, sou caule. Sou árvore.

Meus frutos já são troncos de árvores que triunfarão sobre tempestades.

Sou pai. Fui forte. Sou pai de fortes.

Aos ventos exclamo, que se hoje sou fraco foram meus frutos que me exauriram.

Absorveram meus cantos de felicidade. Roubaram meus sorrisos nas minhas memórias.

Tiraram dos cantos meus olhos de lágrimas. Tiraram meus anos, Me deram uma vida.

 


Autor: Francisco Hilário Soares Brandão


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