Gestor educacional: formação, papel e desafios



            Se por um lado as políticas educacionais, sociais e econômicas do país exercem forte influência na escola e, consequentemente, na atuação do professor, por outro, não podemos desconsiderar os sujeitos que constituem a escola, pois eles fazem dela, aquilo que ela é.

            Cada sujeito, dentro do contexto educacional, exerce um papel fundamental, em especial aqueles que estão diretamente ligados à estrutura organizacional da escola e ao processo de ensino-aprendizagem que ocorre nela. Entre eles, podemos mencionar: o gestor, o professor, o aluno e os auxiliares administrativos. Todos eles contribuem para a construção da identidade da escola, assim como a escola contribui para a construção da identidade de todos que a frequentam.

            A escola é uma instituição, a mesma possui sua própria estrutura e é administrada por um diretor ou diretora.  A escola como um todo organizador, interage com a comunidade e com a sociedade, que retroagem sobre a escola, co-produzindo-a.

            O importante neste momento é compreender que, atualmente, a escola não é vista de uma maneira isolada da sociedade e que o diretor não é o único responsável pela administração dessa escola, como se a escola fosse uma estrutura fixa da qual pudesse se ter um absoluto controle. Cada um dentro da escola contribui na formação de sua identidade, mas, a escola com um todo, contribui na formação da identidade de cada um.

            O princípio da auto-eco-organização, portanto, facilita compreender por que a escola, enquanto organização tem autonomia para auto-organizar-se sem, entretanto, excluir a dependência com o meio externo e o princípio hologramático facilita compreender como a escola constrói sua identidade.

            Podemos ser levados a pensar e a entender a escola como uma instituição organizada, com regras, determinismos e constâncias, a fim de se construir uma estrutura e conseguir o controle; ou, o contrário, você pode pensar que, na perspectiva da complexidade, entender a escola como organização significa concebê-la sem regras, sem constâncias, enfim, sem controle. Na verdade, as duas formas de pensar não se excluem, mas se complementam.

            O gestor educacional deve saber dialogar e é preciso viver na democracia para saber exercê-la. Na nova visão de escola, é preciso exercer a gestão pela cultura, procurando intervir em todos os aspectos simbólicos que permitam criar a identidade da escola, entendendo as manifestações culturais e simbólicas a partir dos interesses, das diferenças e dos conflitos, valorizando, assim, as culturas, as subculturas e as contraculturas, presentes em cada organização. Exercer a gestão pela cultura significa conhecer os interesses, os desejos, os valores dos sujeitos dentro da escola. É preciso dialogar sobre isso e criar uma identidade que seja compartilhada por todos.

            Todos precisam ser ouvidos, dar opiniões e discutir. É preciso haver conflitos de ideias, até que se chegue a um projeto compartilhado por todos. Isso é criar uma cultura dentro da escola, de modo que todos se identifiquem com o projeto da escola e se sintam representados. Cultura, no sentido de não ter uma tendência excludente. Para que o gestor consiga trabalhar dentro dessa perspectiva, é preciso exercer uma gestão democrática, mas, para tal, é preciso conhecer bem os princípios que fundamentam essa nova visão de escola.

            Primeiramente, o gestor precisa compreender que democracia vem acompanhada da autonomia. Para exercer a democracia e autonomia é preciso conhecer os direitos e os deveres, ou seja, conhecer a lei. Em seguida, é preciso saber o que é realmente democracia e autonomia. É muito comum as pessoas pensarem que ter autonomia significa não dar satisfações a ninguém. Isso é um engano!

            Após ter observado vários artigos da LDB 9394/96 podemos chegar a compreensão de que a escola não pode mais continuar à mercê de projetos elaborados por instâncias superiores, sem levar em conta suas necessidades reais. Também não adianta elaborar um projeto que não traduza a expectativa da comunidade escolar por meio de uma legítima representatividade de seus sujeitos. Portanto, um projeto Político-pedagógico, que expresse a identidade da escola é de responsabilidade do gestor escolar que deve envolver todos os sujeitos da escola em sua elaboração e avaliação.

            Desafios do educador-gestor:

  1. Compreender a escola como organização complexa;
  2. Gerir adequadamente as interações entre os sujeitos da escola, de uma forma democrática, criando um clima de cooperação;
  3. Gerir as interações e retroações da escola com a comunidade, por meio de projetos que envolvam a comunidade e a escola;
  4. Considerar a desordem como um fator necessário para que exista a ordem, uma vez que a desordem é tão necessária à vida quanto à ordem;
  5. Fazer autocrítica e conduzir a comunidade escolar a fazer autocrítica;
  6. Lidar com os conflitos por meio do diálogo.

 

 

 

 

 

 

 

 


Autor: Marcela


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