Considerações gerais sobre sexualidade e mídia nos meios de comunicação brasileiros



1. A EVOLUÇÃO DA SEXUALIDADE E A MÍDIA

Até os dias atuais, a sexualidade veio sofrendo algumas mudanças, principalmente em sua abordagem pela sociedade. Atualmente, essa questão é abordada de forma mais natural, dinâmica e didática, especialmente pelos meios de comunicação.

As mulheres eram as principais vítimas dos pudores que envolviam essa temática antigamente, em meados dos anos 40 até os anos 60 aproximadamente. A sociedade dessa época impunha que mulheres politicamente corretas deveriam controlar-se em seus anseios sexuais, sendo submissas e dominadas pelos homens. Essa questão iniciou-se já em histórias religiosas da Bíblia, como a de Adão e Eva.  A escritora Riane Eisler em sua obra “ O prazer sagrado” faz  comentários a respeito dessa polêmica questão:

Como na história bíblica de Eva, a mulher é uma criatura pecadora, ‘carnal’, que só serve para a procriação, para prover o homem de filhos. Portanto, a mulher, junto com a sexualidade humana, deve ser severamente, na verdade violentamente controlada. Mas o fato de nossa sociedade continuar a erotizar tanto a dominação tendeu, em vários graus, a condicionar o homem a pensar no sexo em termos de dominação e controle como integrantes de sua ‘masculinidade’ básica ou senso do ego ( EISLER, 1996, p. 14 ).

Nessa época, os pais não tinham o costume de conversarem sobre assuntos relacionados à sexualidade com suas filhas, inclusive a respeito de menarca ( primeira menstruação). Essa rígida educação sexual refletia até no modo de vestir-se das mulheres: usavam roupas longas, sem mostrar o corpo. Apesar disso, era comum as mulheres casarem-se bem jovens e terem muitos filhos, afinal a figura feminina era vista como símbolo de fertilidade. Ao terem seus desejos sexuais reprimidos, muitas mulheres desenvolveram uma doença chamada histeria. Freud, considerado o pai da psicanálise, foi o descobridor dessa doença. A histeria é causada pela recusa do desejo sexual que é tipicamente reprimido e se manifesta em forma de ansiedade e traumas, segundo os psicólogos.

A relação sexual é algo natural, que faz parte da natureza humana e dos animais. Atualmente vivemos uma revolução sexual, como relata Anthony Giddens em seu livro “ A transformação da intimidade”:

O sexo hoje em dia aparece continuamente no domínio público e, além disso, fala a linguagem da revolução. O que se diz é que durante as últimas décadas ocorreu uma revolução sexual. Atualmente, pela primeira vez na história, as mulheres reivindicam igualdade com os homens. As mudanças que atualmente afetam a sexualidade são, na verdade, revolucionárias e muito profundas(GIDDENS, 1993, p. 9).

Eisler, (1996), também relata as mudanças  do comportamento sexual da humanidade a partir da década de 80: Houve a quebra de alguns mitos, entre eles: masturbação é prejudicial, mulheres são mais carnais do que os homens, mulheres gostam do estupro e apenas homens querem e sentem prazer no sexo. Além disso, o sexo não era mais visto como algo pecaminoso, especialmente o sexo por prazer. Homens e mulheres passaram a ter o poder de escolha, optar em ter ou não filhos e selecionar com quem iriam fazer amor. O sexo heterossexual não é mais visto como a única forma “normal” de sexualidade.

As principais transformações sofridas pela sexualidade foram:

  • Virgindade não era mais vista como prêmio matrimonial do homem;
  • Homens e mulheres admitem que podem ser amigos e amantes;
  • Embora com resistência, educação sexual foi introduzida no currículo escolar;
  • Educação sobre controle de natalidade começou a ser difundida;
  • Livros e artigos sobre como as mulheres podem obter mais satisfação sexual e emocional em seus relacionamentos proliferaram;
  • Exploração da ligação entre sexualidade e espiritualidade;
  • Aparecimento de grande material pornográfico, descrevendo o sexo como basicamente uma atividade mecânica e impessoal, desprovida de carinho ou, até mesmo, do reconhecimento da humanidade do outro.
  • O sexo passou a ser divulgado na televisão e em filmes comercializados em grande escala;
  • O sexo passou a ser associado com dominação e violência;
  • Violência sexual se intensificou na vida real;
  • Surgiram músicas que rebaixavam as mulheres e o sexo, como também exaltavam a violência sexual mais brutal como boa, divertida e viril.
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Autor: Márcia Antônia Dias Catunda


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