Momento exato



MOMENTO EXATO

Em um lar simplório constando dois cômodos no quarto apertado uma TV e uma prateleira com alguns livros uns novos, outros velhos, infantis e algumas revistas.

A televisão recém comprada moderna faz um discurso pomposo de um jovem pretensioso aos livros especialmente aos mais velhos e ao ancião.

_Como é bom ser novinha e moderna, a família da casa me alisa, me liga assim que acordam sou a preferida, sem mim ninguém vive sou amada idolatrada a preferência nacional, minhas irmãs estão espalhadas por toda parte do mundo, seja na casa de um pobre operário, de um padre ou de um cruel assassino; não importa as divergências religiosas, esportistas e sociais. Todos me amam.

Buuu! Buuu! Gritam todos os livros em coro enquanto em silencio permanece os velhos livros e o ancião um livro de capa vermelha de paginas amareladas.

A TV continua... Seus despeitados como não tem nada a dizer vaiam; você meu velho já esquecido todo amassado seu fim está próximo não é mais novidade.

Cof. Cof. Tosse secamente o ancião da prateleira e nada diz.

Ela continua triunfante:

_A poeira os consome ninguém os procura os mantém para enfeitar o ambiente.

A família chega e liga a TV em um programa qualquer e assim passam os dias, ela sempre o mesmo dialogo e os jovens com as mesmas vaias até que um livro de historia infantil se manifesta.

_A Mimi sempre me abre e nunca me deixa de lado.

_Ah! Ah! Ah! Dispara uma risada grotesca. A menina o pega amassa rabisca como um papel qualquer não lhe dá a mínima e só começar um desenho divertido onde as imagens se movimentam que você é descartado sem remorso.

O silêncio é profundo e o jovem livro suspira tristemente.

Como e o costume aos domingos a família se prepara para assistir a TV, mas a luz elétrica é cortada.

A TV assustada reclama:

_Mas o que aconteceu? Por que a imagem não aparece?

O ancião que sempre se manteve quieto exclama:

_Minha cara você só funciona se houver luz elétrica sem ela você não tem utilidade.

A eloqüente televisão e ouve silêncio.

_Sim sou velho, mas não inútil e ultrapassado, pois, existo sem a tecnologia, contudo a tecnologia não existiria sem mim; a comunicação oral e o inicio de tudo a escrita e o registro de tudo que foi criado e visto pelo homem. Jovem amiga você logo perde a utilidade sem a luz elétrica eu a partir do momento que fui escrito fico a disposição de um sábio leitor.

Ao terminar há uma algazarra de todos os livros e o ancião sente-se alforriado.

A família a luz de velas cada membro escolhe um livro para ler, a menina o seu favorito de historia infantil, a mãe o ancião amassado de tanto ser manuseado.


Autor: Adriana De Barros Silva


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