Foi ou não foi? eis a questão! (salada literária)



Sou chamado de Bentinho Apelido que foi dado Quando ainda eu era pequeno E nunca mais foi tirado Mas meu amigo eu lhe juro Eu prefiro Dom Casmurro Do que Bento Santiago   Dom Casmurro é calculista Cabra macho, inteligente O Bentinho é um covarde Dominado, inocente Já o Bento Santiago... Esse aí é um coitado Ciumento, um doente   Como todo mundo sabe Seja do Norte ou do Sul Sou doido por uma mulher Chamada por Capitú Mas dela com Escobar Passei a desconfiar Tem caroço nesse angú!   Pode ser só paranóia Ou eu posso ter razão Em pensar que fui traído Ou é imaginação? Tomara que eu teja errado Mas acho que fui chifrado Fui ou não? Eis a questão!   Foi aí que escrevi Pra um antigo amigo meu Chamado de Balduíno E um conselho ele me deu Pedir pra Jubiabá Com sua mandinga revelar Se o adultério aconteceu   Peguei logo um navio Do Rio para Salvador Chegando lá na Bahia Procurei o tal doutor Em macumba e candomblé E também, pra quem quiser Pode até ser curador   Rodei a cidade toda Por três dias e não achei O famoso pai-de-santo Mas o que eu encontrei Foi um ser descomunal Conhecido por Venceslau Coisa que eu não gostei   Ele mora na Amazônia Eu não sei o que fazia Esse comedor de gente Lá pras bandas da Bahia O monstro Piaimã Usando o Muiraquitã Por pouco não me comia   Ainda bem naquela hora Dom Casmurro estava ali O Bentinho seria fácil Pra o gigante destruir Mas dessa vez ele era a presa E bem na sua cabeça Com uma pedra eu o atingi   Depois eu fiquei sabendo Não digo quem me contou Que foi arte de Capitú Enviar a Salvador O gigante pra impedir Que eu pudesse descobrir Se sou corno ou não sou   Depois disso eu fiquei Ainda mais desconfiado Será que foi Capitú Quem mandou o tal diabo? E como desconfiou Que eu tava em Salvador Para desvendar o caso?   No quarto dia eu achei Depois de muito procurar O bendito macumbeiro Para me aconselhar Minha peleja foi dura Mas por fim lá no Cabula Encontrei Jubiabá   Contei o meu caso a ele Que me ouviu com atenção Se interessou por minha história Que tratava de paixão E decidiu me ajudar A verdade alcançar Mas com uma condição   Ah mas como eu queria Fazer adivinhação! Pensei nisso quando eu soube Qual era a minha missão: Tomar a Muiraquitã Que estava com o Piaimã Que deixei caído no chão   Quando eu voltei até lá Vi o monstro ainda deitado Eu só não sabia dizer Se tava morto ou desmaiado Até ele se mexer Sem saber o que fazer Eu fiquei ali parado   Avancei bem devagar Sem fazer nenhum ruído Cheguei perto do gigante Que fazia um gemido E tirei o talismã O belo Muiraquitã Do monstro tão temido   Depois da missão cumprida Voltei a Jubiabá. Fui cobrar o nosso trato, Era vez dele labutar E com todo o seu saber Pediu força e poder Aos santo e orixá   Jubiabá fez uma magia Difícil de acreditar Eu não acreditaria Se eu não tivesse lá De repente em um segundo Eu estava em outro mundo Foi coisa de assombrar!   Até ali eu não sabia O que tava acontecendo Eu confiei no macumbeiro Mas não tava entendendo Só sei que tava num lugar Seco com um sol de rachar E um boi morto ainda fedendo   O lugar era Canudos Só soube depois que eu vi O forte Antônio Conselheiro Mas ainda sem conseguir Entender porque até lá Me levou Jubiabá Não sabia até alí    Mas aí o feiticeiro Começou a me explicar Que me levou até alí Foi pra eu poder falar Com o autor de O Alienista Que com outro jornalista Tava sério a conversar   Relatei àquele homem Toda a minha jornada Pela busca da verdade Ele deu uma risada E olhando para o amigo Disse que eu corri perigo Pra não aproveitar nada   Ainda ele me disse Que era pra eu aceitar Que é pergunta sem resposta Não adianta questionar Isso aí é um mistério Fica a meu critério No que devo acreditar   E o homem me jurou Pediu pra eu acreditar Que ele não sabia mesmo Não podia me ajudar Foi o que me deixou jurú Que além de Capitú Só quem sabe é Escobar
Autor: Fred Lima Costa


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