Saia fora do forró se avistar ana toró



Pra ocê que é cabra macho E gosta de vadiar Meu conselho vale ouro Mas nada vai lhe custar Corra de aperreação Preste muita atenção Na história que eu vou contar:   Eu sou cabra forrozeiro Eu num guento ouvir um fole E se juntar com um pandeiro As minhas perna já bole Rasto logo uma muié Se deixar eu rasto pé Até ela ficar mole   Normalmente eu não escolho O tipo de muié não Vestiu saia, eu bato o olho Rasto logo pro salão E aí eu já começo E ao sanfoneiro ainda peço: Bote mais animação!   Mas aqui tem uma muié Que me chega até dar dó Nunca vi ela c’um homi Faça chuva ou faça sol O porquê vou lhe dizer: A dona é feia de doer Chamam ela Ana Toró   Certa noite eu estava Numa casa de forró Quando me apareceu Essa tal de Ana Toró Os homi tudo se escondeu No salão só ficou eu Qui nem um peixe no anzol   Eu nem tinha reparado E o povo me olhando Quando eu olhei pra trás O diabo me encarando Foi aí que eu me dei conta Mas a tal já tava pronta E vêi logo me agarrando   Mas aí eu me afastei E me faltou sinceridade Tive pena de dizer E quem diria a verdade? Que ela é feia de doer E o povo ia me ver Com a mais feia da cidade   Disse que era sem jeito Que eu não sabia dançar Não dançava nem no escuro Ela não quis me escutar A danada tava louca Me puxava pela roupa Quando eu tornei a falar   ­– Acho bom ocê desistir Outra vez vou lhe dizer É melhor não insistir Que eu não danço com ocê Eu não sei dançar direito Já tentei, não levo jeito Não consigo remexer   Eu não sei o que acontece Não é minha mentira não A cintura endurece Dou vexame no salão Eu mal sei dançar um xote Rasta-pé não é meu forte Disgraçô se for baião.   Depois de muito tempo Acho que eu convenci Já ia embora pra casa Mas foi aí que eu vi Tava chegando na festa A mais linda donzela Conhecida por aqui   Eu não sou de perder tempo Não podia parar de olhar Para a linda Gabriela Chamei logo pra dançar Foi aí que Ana Toró Passou’m rabo de zói que só E vêi logo reclamar:   – Qual é o seu problema De querer dançar mais eu? Pois não é pra qualquer um Esse corpão que Deus me deu Eu só vou lhe avisar Quem já ousou me rejeitar Desse mundo escafedeu.   Óia eu não vou mentir Tive medo de Ana Toró Eu ameacei fugir Mas aí pensei melhor Inventei uma história Não sei como saiu na hora Essa é a história, veja só:   – Não é isso dona moça A senhora tá enganada Essa linda donzela Ela é minha namorada Se eu dançasse com a senhora Tenho certeza, nessa hora Ela ia ficar zangada   Mesmo assim não é mentira O que antes lhe falei Eu não sei dançar direito Quer que eu diga outra vez? Por favor me acredite Se a senhora não desiste Digo quatro, cinco, seis   Mas se é com o meu benzinho Eu não vou lhe enganar Me abraçou com jeitinho E me chamou pra dançar Não posso ficar de fora Dessa dança, minha senhora Eu não posso recusar   Só com ela levo jeito Coisa sem explicação E o nosso remelexo Não tem quem segure não E a gente mexe, mexe Vira, roda, roda e desce Quase não pisa no chão   Não fique zangada não Pois boa pessoa eu sou Não é nada com ocê Acredite por favor Pergunte ao povo pra ver É verdade, pode crer Só sei dançar com minha flor.   Depois da discussão A donzela me negou Uma dança, e do salão Gabriela se retirou Fiquei com a cara no chão Mas daquela assombração A história me livrou   Voltei pra casa sozinho Desgraçado, sem muié Nem dancei um forrozinho Nem uma dança se quer Pra consolar minha desgraça Eu caí foi na cachaça Pra a tristeza arredar pé   Pra ocê que é cabra macho E não perde um forró Veja bem onde se mete Dê uma olhada ao redor Esse é o meu conselho: Saia fora companheiro Se ocê avistar Ana Toró
Autor: Fred Lima Costa


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