Camisas de clubes de cores diferentes



Por: Laércio Becker, de Curitiba-PR

Até alguns anos atrás, os clubes de futebol eram conhecidos por duas camisas: do uniforme nº 1 e do nº 2. Um com predominância de cores claras, outro com predominância das escuras. Com o tempo, esse padrão binário vem sendo lentamente ampliado. O economista João Rodrigues e o historiador José Neves identificam nesse movimento uma questão estritamente comercial:

“A diversificação de cores dos equipamentos tem sido uma das estratégias seguidas pelas marcas de forma a fomentar a aquisição das camisolas de jogo. Dá-se uma estilização do equipamento desportivo que passa por associar uma linha de equipamento a uma época atual, à semelhança do que sucede com as propostas de vestuário das grandes marcas de design e produção de moda. A criação de cores alternativas às tradicionalmente utilizadas pelos clubes – o laranja no caso do Porto, o amarelo ou prateado no caso do Benfica, o verde florescente no caso do Sporting – foi uma primeira estratégia que de algum modo deu cor à transição de um futebol popular para um futebol pop. Também as tendências de recuperação do tradicional e do antigo são assumidas pelas próprias marcas em busca de modelos alternativos. No caso do Porto como no caso do Benfica, esse processo de mercadorização da tradição foi recentemente levado a cabo.”

Eu tenho uma opinião pessoal a respeito de algumas dessas iniciativas e peço licença para modestamente externá-la, neste artigo – mesmo sabendo que desconheço os reais motivos (mercadológicos, publicitários etc.) que moveram os clubes em algumas dessas decisões. Muitas vezes, os torcedores mais conservadores não se conformam e fazem protestos, até com invasão de campo (p.ex., corintianos contrários à camisa grená, em 2011). Contudo, como bem demonstra Hobsbawm, as tradições não existem desde sempre. Elas são inventadas, isto é, um dia nasceram como uma novidade.

Camisas comemorativas

Salvo engano, a quebra do padrão binário dos uniformes começou primeiramente com o lançamento de camisas comemorativas, que não foram utilizadas em jogos oficiais e, portanto, não eram a “camisa 3”.

De memória, eu diria que a primeira, nesse sentido, foi o relançamento do “papagaio-de-vintém”, do Flamengo, em comemoração ao centenário de fundação do clube. Não deu muita sorte: em nove jogos (amistosos e Copa dos Campeões Mundiais), 4 empates e 5 derrotas. Aliás, uma curiosidade: ela era chamada “papagaio-de-vintém” porque era formada por grandes quadrados em preto e vermelho. Importada da Inglaterra, em estilo de camisas do turfe, era também um desenho comum em papagaios (ou pipas) de empinar, que custavam um vintém (valor baixo).

Aliás, é preciso recordar que a primeira camisa de futebol do Flamengo não foi o “papagaio-de-vintém”. Nos primeiros amistosos, jogados a partir de 1903, os remadores do rubronegro que se aventuraram a chutar a bola atuavam com camisas brancas e calções pretos – tudo para não confundir com o remo, que já usava listras horizontais em vermelho e preto.

A segunda e a terceira camisas comemorativas que eu lembro foram lançadas pelo Fluminense: a laranja, em 2001, e a cinza e branco, no ano seguinte, em que comemorou o centenário. Que eu me recorde, ambas foram usadas só uma vez, num amistoso com o Toluca, do México, em 2002, cada uma num tempo de jogo. A cinza e branco foi uma reedição da primeira camisa do clube; a laranja, uma homenagem ao bairro de Laranjeiras. Apesar do grande sucesso de vendas, que eu saiba, a camisa laranja só não se tornou a primeira “camisa 3” do tricolor devido a restrições estatutárias.

Aliás, o São Paulo também já usou uma camisa laranja. (Será privilégio de tricolor? Só se for como camisa 3. Como camisa 1, lembremos, p.ex., o Carajás EC (PA), o Canoas FC (RS) e o Nova Iguaçu FC (RJ).) Foi pela Libertadores de 1978, contra o Palestino, do Chile, que jogava de branco. Sem uniforme reserva, o São Paulo teve de improvisar e usar a camisa laranja do Unión Española. Por enquanto, não há a mínima possibilidade de o clube reeditar esse uniforme porque, assim como o tricolor carioca, seu estatuto não permite.

Outra camisa comemorativa marcante foi a havana e azul, lançada pelo Grêmio em 2003, ano do seu centenário. Na realidade, foram essas as primeiras cores do Grêmio, que só mudou devido à dificuldade de encontrar tecido com a cor havana (uma espécie de marrom alaranjado). Consta que só foi usada num amistoso com o Botafogo, em 04.09.2004, ano do centenário do alvinegro carioca, que também vestiu uma réplica de camisa antiga.

Não podemos esquecer a camisa azul do America carioca, lançada em 2004, para comemorar seu centenário. Particularmente, achei que deveria ter sido preta, em homenagem à primeira camisa do clube. Depois, acabou sendo lançada também a “retrô” do America, preta e com o escudo antigo. Desconheço que tenham sido utilizadas em algum jogo.

Por fim, a camisa da Ponte Preta, lançada em 2009, comemorativa dos 40 anos do título da 2ª divisão de 1969. Ao contrário das tradicionais, ela era com listras verticais em preto e branco. Na realidade, também “retrô”, pois ela foi a camisa 2 da campanha de 1969, sem contar que também foi usada nas primeiras décadas do clube. Na condição de comemorativa, a princípio, não era para ser utilizada em nenhum jogo oficial. No entanto, acabou sendo usada no Título do Interior de 2009 (deu sorte) – salvo engano, devido ao fim do contrato com o patrocinador ou com o fornecedor do material esportivo.

Camisa 3

Além dessas camisas que não eram para jogos oficiais, de uns tempos para cá, os clubes, como eu disse, vêm lançando camisas 3, com cores surpreendentes.

Se não me engano, uma das primeiras foi a camisa amarela do Vitória, usada de 1997 a 1999, em virtude de um acordo de patrocínio firmado com o Banco Excel Econômico. Os dirigentes argumentaram que o amarelo marcaria o início de uma época de ouro para o rubronegro baiano.

A camisa seguinte foi a preta do Flamengo, de 1999. Apesar do sucesso nos campos – 2 jogos, 2 vitórias – a torcida chiou e ela foi arquivada. A segunda tentativa de lançar uma camisa 3 para o Flamengo foi em 2001, toda vermelha. Um fiasco: 1 vitória, 1 empate e 4 derrotas. Em 2010, foi a vez da camisa azul e amarela, com resultados não muito animadores. Em 2011, voltou a camisa preta, mas seu jogo de reestréia, em 19.10.2011, foi uma goleada de 4x0, no Engenhão, para o Universidad Católica, do Chile. Parece que essas experiências todas só corroboram o vaticínio do tricolor Nelson Rodrigues: “Para qualquer um, a camisa vale tanto quanto uma gravata. Não para o Flamengo. Para o Flamengo, a camisa é tudo.”

Como dissemos, em 2010, o Flamengo adotou uma camisa 3 azul e amarela. Aqui já não deveria caber a crítica tradicionalista: se o critério for a tradição, a camisa auri-anil vence, porque, como é sabido, azul e dourado foram as primeiras cores do clube, ainda no tempo em que só disputava regatas. Segundo consta, o azul representaria as águas da baía da Guanabara, enquanto o ouro, as riquezas do Brasil – mas há quem diga que eram as únicas que havia em grande quantidade nas lojas (cf. Claudio Nogueira); curiosamente, o argumento contrário foi também utilizado para depois mudar de cor (cf. Luís Miguel Pereira). Ademais, segundo Mário Filho, as camisas auri-anis também eram importadas.

Quanto ao preto e ao vermelho, Luís Miguel Pereira insinua que foi uma alusão às cores do Jockey Club. De fato, o Jockey, fundado em 16.07.1868, tinha essas cores, que manteve até a fusão com o Derby Club, em 29.05.1932, dando origem ao Jockey Club Brasileiro cujas cores são... azul e dourado! Ou seja, quanto às cores, o Jockey fez o caminho inverso do Flamengo.

Parece-me possível, sim, que o vermelho e o preto do Flamengo tenham origem no Jockey. Afinal, naquele tempo, justamente o remo e o turfe é que estavam na moda, na então capital federal, como se vê nos estudos de Victor Andrade de Melo e Ricardo de Figueiredo Lucena. No entanto, é preciso lembrar que essas cores já figuravam na primeira bandeira do Flamengo: listras horizontais em azul e dourado, no canto um quadrado preto com duas âncoras vermelhas cruzadas. Agora, se esse detalhe rubronegro no canto da bandeira teve origem no Jockey Club, aí já não há como dizer, mas considero pouco provável. Mesmo porque eles nem eram clubes vizinhos de bairro, como hoje.

Pessoalmente, eu achava que essa camisa auri-anil deveria ter sido relançada no ano do centenário de fundação do clube, no lugar do “papagaio-de-vintém”, que deveria ter ficado para o centenário do primeiro campeonato de futebol disputado pelo Flamengo – ou seja, 2012. Sugestão: a camisa “cobra-coral” (preto, vermelho e branco) poderia ser relançada no centenário do primeiro campeonato em que ela foi usada, ou seja, em 2014.

Falando em rubronegros, em 2003, foi a vez do Atlético Paranaense, com uma camisa dourada. Considerada “pé-frio” pela torcida, foi abandonada. Por que dourada? Parece óbvio. Na minha modesta opinião, o clube bem poderia relançar os uniformes dos dois clubes que o formaram, Internacional (alvinegro) e América (alvirrubro). Aliás, se for por essa linha, o Paraná Clube, campeão nacional de fusões de clubes, teria muitas camisas para relançar.

Outra camisa dourada é a do Sport, de 2011. Nesse caso, o dourado pode buscar uma explicação no próprio escudo do clube rubronegro, que apresenta um leão dourado. Processo semelhante explica a camisa verde do Figueirense, de 2009. Apesar de alvinegro, seu escudo tem uma figueira verde. Idem quanto à camisa 3 do alvinegro Vasco, de 2010, que traz bem grande e vermelha a cruz que nas camisas 1 e 2 está pequena, na altura do coração (não é exatamente a mesma cruz – ver sobre o assunto o nosso artigo “As cruzes dos times de futebol”). Nesses três casos, é como se o detalhe expandisse, “virasse o jogo” e se impusesse perante as cores normalmente predominantes.

Em 2008, o Coritiba lançou uma camisa 3 preta (assim como a Portuguesa, em 2010), nos 99 anos do clube. Dizem que é porque, antigamente, quando os jornais só publicavam as fotografias em preto-e-branco, o Coritiba era ironicamente chamado de “alvinegro”, pois o verde parecia preto.

Também é de 2008 a camisa 3 do Santos: azul-marinho com detalhes dourados. Pode ser considerada uma referência às cores do Clube Concórdia, onde foi fundado: azul, dourado e branco. Todavia, era muito difícil conseguir tecidos com essa combinação de cores. Daí que, segundo Paulo Gini e Rodolfo Rodrigues, o Santos nunca jogou com elas. Quem sabe no centenário?

Depois da camisa verde-limão (“marca-texto”) de 2007, em 2009, o Palmeiras adotou uma camisa 3 alvi-anil com a Cruz de Savóia no lugar de seu escudo circular. A Cruz de Savóia, símbolo da casa real da Itália, foi usada como escudo nos primórdios do Palestra Itália e também numa camisa comemorativa de 2004 (ver nosso artigo “As cruzes dos times de futebol”). Já o azul, cor da mesma casa real (que explica também a camisa da seleção italiana, a “Azzurra”), foi utilizado em 14.07.1929, num amistoso com o Ferencvaros (da Hungria), e em fevereiro de 1955, na final do campeonato paulista de 1954, por sugestão de um pai-de-santo.

 

Camisas rosa, roxa, marrom e cinza

Desmond Morris, no livro A tribo do futebol, observa como certas cores não são muito comuns em times de futebol, como rosa, roxo, marrom e cinza. Ele levanta algumas hipóteses: as cores precisam deixar os jogadores mais visíveis, mais diferentes dos adversários. Para isso, elas precisam ser menos suaves, mais puras. (Hilário Franco Jr. também traça algumas considerações bem interessantes sobre as cores utilizadas pelos clubes de futebol.) Talvez justamente por isso que alguns times reservam as cores mais raras para suas camisas 3.

Foi o caso do Atlético Mineiro que, em 2010, lançou uma camisa cor-de-rosa. É claro que foi motivo de polêmica e muita provocação dos torcedores adversários. (A associação da cor-de-rosa com o universo feminino é relativamente recente? Talvez. Para comemorar suas segundas núpcias, com a imperatriz D. Amélia, D. Pedro I instituiu a Ordem da Rosa. Vieira Fazenda conta que a cor-de-rosa virou moda. Inclusive “coletes de homens, laços de gravata, tudo era feito com fazendas dessa cor”.)

Aproveito para perguntar: que outros clubes o caro leitor lembra de ter camisa cor-de-rosa? Provavelmente, o leitor apontará em primeiro lugar o Palermo, fundado em 1898. Segundo Luiz Fernando Bindi, a camisa era para ser vermelha e o calção azul escuro, mas uma empresa contratada usou produtos de qualidade duvidosa. Resultado: o vermelho ficou rosa e o azul ficou quase preto. Assim mesmo, jogaram – e venceram por 11x0. Foi o suficiente para manter as cores.

Bindi também cita o Sport Boys, do Peru, fundado em 1926: camisa rosa e calção preto. Porque eram as cores do uniforme do Colégio Marista de El Callao.

E quanto aos brasileiros? Aqui vão alguns:

- CR São Cristóvão, do Rio de Janeiro (RJ), fundado em 12.10.1898, com o nome de Grupo de Regatas Cajuense e as cores: rosa e preto. O rosa, segundo Raymundo Quadros, uma homenagem a Marie Françoise Therese Martin – depois canonizada como Santa Terezinha do Menino Jesus –, falecida no ano anterior, em 30.09.1897. Pouco antes de morrer, ela havia anunciado que “do céu enviarei pétalas de rosas”, daí a cor. Quanto ao preto, era muito comum em clubes náuticos – basta lembrar que Botafogo, Flamengo e Vasco também têm. Em 13.02.1943, por fusão com o São Cristóvão AC, deu origem ao São Cristóvão FR, que, por regulamento da Federação do RJ e por ofício da CBF, sempre tem a preferência pelo seu uniforme todo branco; o adversário é que deve se adaptar. Ou seja, o São Cristóvão só precisa inscrever-se com um modelo de uniforme. No entanto, seu escudo tem detalhes em cor-de-rosa, o clube também vende camisas dessa cor (tanto na sede náutica quanto em Figueira de Mello), bem como a camiseta de regatas, que também é rosa, com letras pretas – ver nosso artigo “São Cristóvão, o Clube Cadete”.

- CE Rio Branco, de Campos dos Goitacazes (RJ), fundado em 05.11.1912: rosa e preto. O rosa, dizem os pesquisadores do futebol campista, foi escolhido por Iaiá, irmã de Celso Linhares (um dos fundadores), devido à cor das bochechas dos meninos que o fundaram, de 13 a 15 anos de idade.

- Friburguense FC, de Nova Friburgo (RJ), fundado em 01.01.1914: camisa rosa e calção branco (segundo Gustavo Pinto de Faria). Depois o clube mudou de nome para Friburgo FC e a camisa para vermelho.

- SC Santos Dumont, de Salvador (BA), fundado em 03.05.1904, nas cores rosa e preto. Mas em 1912 mudou de nome para Atlético FC e as cores para azul e preto.

- SC Rosita Sofia, do bairro Cosmos, Campo Grande, Rio de Janeiro (RJ), fundado em 10.03.1941. É claro que a cor rosa tem ligação direta com o nome do clube, sobre o qual tratamos em nosso artigo “As origens remotas dos nomes de alguns clubes brasileiros”.

- Rosa FC, outro time amador carioca, fundado em 2001. Segundo Emedê, trata-se do primeiro time gay do Brasil, que entra em campo com uniforme rosa, perucas e até maquiagem.

Além do rosa, outra cor incomum é o roxo. Foi a cor adotada em 2009 pela camisa 3 do Corinthians – uma homenagem aos “corintianos roxos”. Particularmente, acho que deveria ter relançado em 2010, em comemoração ao centenário, sua primeira camisa, de cor também incomum: bege, a exemplo do time inglês em que se inspirou (Corinthian FC). Como é sabido, o clube mudou de cor em 1912 porque, no lavar, a cor desbotava para branco. Em vez disso, em 2011, lançou uma camisa grená. Se fosse vermelha, poderia dizer-se que era o vermelho da âncora e do par de remos – assim como o dourado do Sport e o verde do Figueirense, ou seja, “a vingança do detalhe”. Mas não: o grená é devido à partida que jogou, contra a Portuguesa, com a camisa do Torino, em 08.05.1949, porque quatro dias antes o clube italiano perdeu seu time e comissão técnica num acidente aéreo. (Aliás, no mesmo ano de 2011, a Portuguesa também lançou uma camisa 3 grená. Não por causa do tal jogo com o Corinthians em homenagem ao Torino, mas inspirada no uniforme da seleção portuguesa.)

Já que falamos na camisa roxa do Corinthians, que outros times o leitor lembra com essa cor? E com o lilás?

Provavelmente, a Fiorentina, fundada em 1926. Segundo Bindi, inicialmente ela tinha camisas com listras brancas e vermelhas. Mas uma lavanderia lavou tanto que as cores se fundiram num roxo, que ficou até hoje. Desmond Morris também cita o belga Anderlecht. Isso sem contar o japonês Cerezo Ozaka, lilás e azul escuro.

E no Brasil? Eis os que eu localizei:

- Ceará SC, de Fortaleza (CE), fundado em 02.06.1914 com o nome de Rio Branco Foot-ball Club, com camisa lilás e calção branco.

- Campos AA, de Campos dos Goitacazes (RJ), fundado em 26.10.1912. Conhecido pela imprensa como “roxinho”, era tricolor: roxo, preto e branco. As cores foram escolhidas por um de seus fundadores, Wanderley Barreto. Há quem diga que as cores simbolizavam as raças que o clube democraticamente acolhia: mulatos, negros e brancos.

- Fidalgo FC, do Rio de Janeiro (RJ), fundado em 08.08.1914, era roxo e branco. Em 16.02.1933, ele fundiu-se com o alvi-anil Magno FC, dando origem ao Madureira AC, de cores roxo, azul e branco. Em 12.10.1971, nova fusão, dessa vez com o Madureira Tênis Clube e o Imperial Basquete Clube, dando origem ao Madureira EC, o famoso “tricolor suburbano”: azul, vermelho e amarelo.

- CA Juventus, de São Paulo (SP), fundado em 20.04.1924, como Cotonifício Rodolfo Crespi FC. Quando o time da Mooca mudou de nome para Juventus, adotou a cor roxa que, com o tempo, acabou virando grená. Há duas versões para a escolha do roxo, mas ambas têm a ver com a Fiorentina.

- Rio FC, do Rio de Janeiro (RJ), fundado em 1903 (não confundir com o fundado em 12.07.1902, de existência efêmera), camisa branca, roxa e preta (cf. Mário Filho).

- EC Saudade, de Nova Friburgo (RJ), fundado em 09.08.1931. Inicialmente com as cores verde e branco, depois mudou para roxo e branco.

Por fim, algum leitor pode citar um só time com camisa marrom?

Desmond Morris fala no uniforme 2 do inglês Coventry. No Brasil, o único que me ocorre é o alvi-marrom Haddock Lobo FC, fundado em 1905, que foi incorporado pelo America-RJ em 1911. O Samambaia FC (DF) joga de camisa verde e calção marrom – provavelmente para simbolizar o vaso da planta.

Quanto ao cinza, o que me lembro no momento (com uma ajudinha do livro de Paulo Gini e Rodolfo Rodrigues, que ninguém é de ferro...): as camisas de goleiros de vários times, os meiões do Botafogo, a camisa cinza e preto do Corinthians de 1999, as camisas cinza e branco do Botafogo de 2001, do Atlético Mineiro de 2007 e, que já citamos, a primeira camisa do Fluminense.

 

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Autor: Laércio Becker


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