Kadafi fez a colheita



Kadafi fez a colheita

Antônio Padilha de Carvalho

     A semeadura é facultativa, mas a colheita é obrigatória, compulsória, equânime, invariável.

     Capturado vivo por combatentes da sua Nação, sem ação, o velho ditador, agora velho senhor, sujo, fedido, suado, mudado, descabelado, grita: “Não disparem!”

     Morto em Sirta, sua cidade natal, reconhecido mundialmente por fazer tanto mal, o ex-rei, ex-imperador, ex-coronel, ex-ditador, ex-deus, ex-tudo, acaba na vala, entrincheirado por ex-aliados que esfomeados por petróleo, por poder, esquecem a diplomacia, são defensores da pseudo-democracia, e ele grita: “Não disparem!”

     Na poeira, na sujeira, na boca-de-lobo de seu berço Líbio, o ditador implacável, de olhos arregalados, já dominado, projeta para o mundo o derradeiro fósforo da vida, meio sonâmbulo, meio choroso, a gemer com fraco ruído, nem bemol nem sustenido, chutes, pancadas, arrastões, gritos e sacolejos a indagar: viu, onde o senhor veio parar? E ele, quase sem voz: “Não disparem!”

     Nesses quase 42 anos de poder, de glória, de fama, de ânsias que pungem mórbidas atitudes de Estado, de matança de insurgentes, de jorro de sangue de inocentes, do jogo vil de ditador inconseqüente, milhares de sementes foram lançadas, a semeadura foi efetivada.

     Agora que foi derrubado, balbucia: “Não disparem!”

     Eflúvios sinistros e fatais desequilíbrios dos próprios irmãos, incentivados pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), pelas bandeiras poderosas, determinaram ouvidos moucos aos possíveis apelos; Manter vivo um agente da morte pra que?

Enfim, Muamar colhe o que sempre plantou, nunca ouviu, nunca negociou, nunca dialogou... e o povo disparou.

Ao invés de campo-santo, instituto médico legal; Ao invés de terra virgem e morna, geladeira e exposição para muitas fotografias. Muamar, acabou entrando numa fria!

 Antônio Padilha de Carvalho, advogado militante; pós graduado nas áreas do Direito do Estado; Educação e Filosofia; Acadêmico de Geografia/UFMT;Presidente do IMPDrog- Instituto Mato-grossense de Prevenção às Drogas.

 


Autor: Antonio Padilha De Carvalho


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