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Churrasco de domingo

Churrasco de domingo

 O primeiro passo é decidir onde almoçar, a dúvida é na casa da sogra ou da mãe? _ Depois de decidir, o segundo passo é por a melhor roupa, o perfume mais forte e o batom mais vermelho, chega na casa da sogra e logo de cara já encontra aquele pessoal de sempre, todo mundo se cumprimenta e finge que estava morrendo de saudades, alguns poderiam até ser atores e estar trabalhando na Globo, confesso que seria bem mais divertido ver elas na novela das nove do que ao vivo.

            E começa a confusão, os homens vão para um canto beber e do outro as mulheres vão descascar as batatas e seus filhos ficam correndo pela casa com o nariz escorrendo e tomam água da privada. Mas que beleza!

            _ Logo o tio fala, “O que não mata, engorda”, mas ninguém liga, o churrasco está cheirando, a batata assando.

            Chega a hora de tirar a barriga da miséria, crianças comem primeiro, botam a mão suja na salada, viram refrigerante na mesa, é por isso que eu sempre sento no sofá. Depois é a vez dos adultos que mal se sentam e já começam a falar de política, já bêbados, quase se matam na mesa, mas acaba tudo bem, “isso acontece nas melhores famílias”, palavra da vovó.

            O momento mais esperado pelas crianças, a hora da sobremesa: sagu e pudim, e às vezes tem aquele cremezinho, nem sei do que é feito, mas é muito bom. Os homens vão dar um cochilo para mais tarde beber novamente e ficar bêbados duplamente e discutir o mesmo assunto, só para inovar.

            E chega o momento mais temido pelas mulheres: a louça, a cozinha fica no vácuo e se transforma num deserto, todas se olham e surpreendentemente aparecem dores de cabeça e compromissos. Vai chegando a tardezinha e todos começam a marcar um novo encontro, um churrasco como aquele, por mais que existam desigualdades numa família, ninguém consegue viver sozinho.

Autora: Ketlyn Martins Gonçalves

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