De olho na política



As eleições estão por vir... Espero que a população, (penso eu) mais atenta com os problemas sociais, num patamar de consciência mais elevado, desposada com uma moralidade centrada na boa razão e entendedora dos ideais da boa e pura democracia, e não daquela comercializada (através de negociações de votos), consiga, dessa vez, votar melhor, escolhendo não a figura “populista” do candidato, valorando o seu carisma e sorriso, bem como o seu poder de apadrinhamento, mas, responsavelmente, analisando a sua postura ilibada para com a política, honestidade e respeito para com o poder governamental, isento de qualquer maquiagem ou preceitos falsos, para assim, efetuar o seu direito de cidadania.

Frente a essa minha esperança de brasileiro, passei a me lembrar de um acontecimento muito importante em minha vida que me alertou como jovem primaz pela boa política e me decepcionou como cidadão...  

Certa feita, em tempo não muito remoto, estava eu dialogando sobre política com certa pessoa. Frente a constantes discordâncias da minha parte, cheguei a conclusão de que naquele indivíduo havia pouca compreensão do que realmente seria política no seu sentido pleno. Por isso, passei a indagar a respeito de algumas “sutilezas” do mundo político para confirmar a sua compreensão cívica.

Uma das perguntas formuladas tinha a ver com a sua visão construtiva para fortalecer um possível “nascimento” de uma política mais responsável com a humanidade, com os anseios da população, compromissada com a justiça social, enfim, mais justa e solidária (no sentido humano, e não financeiro) para com a sociedade.

Esperei ela me dizer o que deveria melhorar; quais os projetos para obtermos uma política mais pública, e não privativa de um grupinho de engravatados, mas aberta em diálogos com o povo etc. Esperei ela me dizer coisas do tipo... Contudo, para minha enorme surpresa, sem que ao menos titubeasse, respondeu-me que apenas votaria no candidato que, embora potencialmente levado a posição de corrupto e demagogo, trabalhasse pelo povo.

Na verdade, aquela “alma” não estava preocupada em saber se o político era de confiança ou não. Estava patavina interessada em saber se votava num político honesto ou corrupto, de ficha limpa ou suja. Mas, a toda evidência, vislumbrava votar naquele que “roubasse, mas fizesse pelo povo”.

Ai eu perguntei comigo mesmo e com os meus botões: - para que povo, meu Deus, essa pessoa diz que esse político trabalhará? Óh, inocência!!! Esse “encosto” político, que se revela Agente do Estado, nunca poderá fazer pelo povo, pois como pode alguém fazer por uma “gente” se está reingressando na política com o propósito de elevar o seu enriquecimento ilícito? (revistas de grandes circulações já haviam revelado suas fraudes). Lembrei do velho brocardo popular: “não se pode dar aquilo que não tem”... Pois é, aquele político não tinha realmente nada a dar ao povo, mas, sem qualquer nebulosidade, retiraria muito mais daqueles que nada tem...

Em frações de segundo me deu uma vontade de ser bastante hostil com aquele indivíduo, mas, depois de refletir melhor, compreendi que ele era mais um alienado do sistema, prisioneiro de uma razão implantada (não construída) em sua mente. O que eu poderia fazer era alertar, “ensinar” (é claro, se o conteúdo prolatado estivesse diante da minha compreensão).

Depois de muito relutar, ainda não acreditava no que havia escutado. Achei muito tosco da parte dela, mas, sem sombra de dúvidas, as suas palavras demonstraram-me ser bastante verdadeiras face à existência de uma complexidade teratológica de escolher - atualmente - um bom candidato.

Posso perceber que as constantes denúncias de fraudes, corrupções, desvios de verbas, sonegações etc. envolvendo o nome de políticos deixa a população atordoada, sem muitas alternativas... Isso é uma lastima, mas é a fotografia real do nosso falido sistema político.

Nesse muito divagar na complexidade política, lembrei-me de alguns políticos do meu torrão natal... Sem sombra de dúvidas, simplesmente mercenários. Pessoas capazes de vender a mãe e mais um pouco para permanecer na política.

Sabemos, e isso não é novidade, existir políticos que em quatro anos de governo conquista a confiança do povo através de sua forma de gerir a coisa pública e pela maneira de se portar diante dos problemas da sociedade. Já têm outros – Deus me livre! – que no primeiro ano de governo (basta o primeiro ano) já mostra para que veio: destruir com a sociedade, envergonhar o povo e banalizar o sistema político. Não pode se falar numa Ação Civil Pública que seu nome está no pólo passiva. É réu em tudo que é ação, e mesmo assim, na eleição seguinte, com a maior “cara lavada” aparece de bom menino na foto, pedindo mais uma vez o seu voto de confiança, para “trabalhar pela sociedade”. Qual sociedade???!!!

Na verdade, esse político é uma piada, para não arranhar o meu português...  

Tive o desprazer de conhecer um político dessa laia. Ele não fez nada pela população. A propósito, para não ser injusto, ele apenas construiu uma praça na cidade, e com essa obra, conseguiu a sua reeleição para a chefia do executivo, bem como a sua posteridade na política em outros cargos eletivos.

Se alguém perguntava quais as suas obras, ele soltava: “-Que eu construir a praça, que eu pintei a praça, que eu coloquei bancos na praça, que mandei instalar orelhões na praça, que fiz... para a praça... etc.” suas obras gravitavam em torno daquela “bela praça” e nada mais...

Eu bastava acreditar na ingenuidade daquele povo, mas sabia - dentro de mim - que ainda estavam arraigados a conceitos e preceitos da política de “cabresto”, do sistema coronelista, dos apadrinhamentos... Isso era tão visível que em todos os períodos eleitorais a cidade virava uma “zona” (não aquela de acepção eleitoral, você sabe!)...

Da noite para o dia as pesquisas de preferência poderiam “surtar”, “desnivelar”, “declinar”, “inverter os pólos” etc., dependia apenas da força motriz da mudança (“bufunfa”, “carvão”, “poivinha” (pólvora), “Money”, grana, “tutu”, “faz-me-rir”, “dim-dim” etc.).

Para resumir, um candidato dormia eleito, sonhando sentar-se na cadeira do Executivo, e acordava chorando no banco da praça, sem eira nem beira, sem “moral” para se eleger suplente do vice-presidente de associação de bairro.

Acredito que nalgum interior desse “Brasilzão” ainda é assim, uma bagunça...  

Por isso, lembremos em consciência política do amanhã... Vote com respeito e dignidade. Vote naquele que realmente tem compromisso com a sociedade, e não com os seus interesses pessoais.

 Minhas sinceras lembranças a sua consciência.


Autor: Diego Bruno De Souza Pires


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