Construindo um conceito de literatura



INTRODUÇÃO

A forma como desenvolve-se o ensino aprendizagem de Literatura vem sendo bastante questionado por vários teóricos que buscam compreender este tema. É importante pensar nesta questão, pois  muitas vezes percebemos em relação ao ensino de Literatura que este está atrelado a uma forma bem fechada, ou seja, seus conceitos principais são transmitidos aos alunos prontos somente para ser decorados e repetidos por eles.

            Este fato influência na aprendizagem e na compreensão do que seria a Literatura realmente para a vida do aluno. É como se fosse um horizonte desconhecido que pertencesse apenas aos poetas, escritores que se tornaram cânones na Literatura.            È Nesse contexto que a participação do professor de Literatura poderá ser diferenciada abordando o assunto envolvendo o aluno e este sentir-se como sujeito principal da sua própria aprendizagem.

O problema do ensino da Literatura geralmente ocorre quando concebemos o conceito ou a próprio texto literário como estático que não aceita mudanças, pois o que realmente percebemos é que o campo de Literatura é, sobretudo, movediço e instável e uma análise de um texto literário pode mudar de leitor para leitor, de época para época.

            A autora Márcia Abreu ( 2006) trabalha muito bem a questão ao explicar que deve-se fazer reflexões aos pensarmos o que  podemos considerar literatura, ou seja, quando posso considerar um texto literário. Essa questão para a autora é uma questão que tem levado a muitos erros na hora se avaliar um texto literário e um não literário.

            A autora citada acentua o fato do conceito de literatura não ser algo objetivo e universal, mas cultural e histórico, pensar literatura é preciso refletir sobre os termos literários (Márcia Abreu, 2006)

            Em relação à leitura de textos literários podemos trazer para o texto o autor  Barbosa, para ele  a literatura nunca é apenas literatura; o que lemos como literatura é sempre mais - é História, Psicologia, Sociologia. Há sempre mais que literatura na literatura (Barbosa, 1994 , p .22).

            Observamos que a questão de literatura é muito mais do que está escrito, envolve muito mais, ao lermos um texto literário encontramos história, geografia, sociologia há sempre diálogos entre diversas áreas, neste sentido é preciso recorremos a diversas estratégias para ensinarmos literatura aos nossos alunos.

            Em relação à escola ela tem trabalhado muito mal nesse sentido de conceber o aluno como algo que precisa ser moldado com informações ‘importantes. Isto porque, de um modo geral, ela tem-se preocupado muito com a passagem desses significados, assumindo uma postura moralista, positivista, herdeira de uma tradição que não recebeu ainda as críticas necessárias, visto que estas foram quase todas histéricas e momentâneas; tais críticas, no caso, deveriam vir de um conhecimento interno dessa Escola, de sua reformulação real e de seus princípios. Quando tudo isso ocorrer, então será possível pensar na literatura como criação, oficina, jogo, tarefa de realização fundamental do ser humano. (Barbosa, 1994, p. 26)

A recepção literária e, inclusive, a definição do cânone literário, tem muito a ver com a universidade e a escola em todos os níveis. No ambiente escolar, desde o ensino fundamental ao universitário, a influência do(a) professor(a) é considerável. Suas opiniões, indicações, comentários, etc, podem influir positiva ou negativamente para a escolha de determinadas obras e exclusão de outras.

Esse poder de influenciar pressupõe, da parte do docente, uma proximidade e gosto pela literatura. Se os(as) professores(as) não lêem, como poderão comentar, opinar, sugerir leituras aos seus alunos? Talvez isto explique a proeminência da instituição universitária, em especial os cursos de Letras, enquanto fator formador e legitimador de preferências literárias. A instituição acadêmica faz uma espécie de inventário de obras a serem lidas e, claro, isso supõe a exclusão de outras.

São estes fatos que podemos levar em consideração para não sermos reprodutores deste tipo de ação, devemos deixar que o próprio aluno perceba a importância e as característica importantes da literatura.

Pois a literatura fala a nós, de nós, da humanidade. A literatura, coloca ao alcance do leitor a possibilidade de refletir sobre si, de ler-se e conhecer-se, pois, na medida em que trata das inquietações humanas e descreve o que há de mais profundo e obscuro na alma humana em sua universalidade, é também a mim, a ti e a nós que ela nos fala. Em outras palavras, a literatura contribui para que conheçamos melhor e mais profundamente o gênero humano e, assim, para nos conhecermos a nós mesmos e nos humanizarmos.

Neste contexto apresentamos esta atividade acreditando que o ensino de literatura pode ser desenvolvido de forma crítica e autônoma pelo aluno, ele poderá contribuir e participar na construção do conceito de Literatura.

           

 

1- ATIVIDADE DE LITERATURA

 

1.1CONSTRUINDO UM CONCEITO PARA LITERATURA

Para o desenvolvimento da atividade propomos alguns objetivos para direcionar a atividade como:

 Proporcionar aos alunos leitura de variados tipos de textos;

Observar características de um texto considerado literatura;

Diferenciar um texto literário do não literário;

 Construir um conceito para Literatura.

O trabalho apresenta alguns pontos que deverão ser seguidos para uma melhor sistematização

 

1o momento: Neste primeiro momento o aluno terá acesso ao conceito padrão de literatura. A turma será dividida em duas equipes e a cada equipe será entregue um dicionário (padrão). Cada equipe escreverá o conceito de Literatura em uma folha de papel e guardará para um outro momento ( será feito uma comparação entre os conceitos no final da aula)

 

 Tempo: 3 minutos para introdução da aula. (Será apresentado o tema, objetivo da aula  e logo também será desenvolvido o primeiro momento)]

           

               5 minutos para o desenvolvimento do primeiro momento

 

  • Dividir a turma em duas equipes e a escolha do líder da equipe;
  • Entregar o dicionário para a pesquisa;
  • Escrever na folha o conceito.

 

2 o momento:   Finalizado o primeiro momento o líder de cada equipe será chamado para frente para escolher entre 8 textos que estarão disposto em uma mesa 4 sendo que 2 deverá ser o que ele achar que é literário e 2 não literário. Depois de escolhido o líder voltará para sua equipe e em conjunto fará a leitura dos textos. Após a leitura cada equipe deverá escolher  2 textos apenas 1 literário e 1 não literário. Cada equipe terá que pontuar características dos textos e escrevê-las em um papel que servirá para a socialização.

 

Tempo: 2 minutos para a organização e explicação do segundo momento. (Explicar a atividade e depois chamar o líder de cada equipe para fazer a escolha dos textos).

 

              5 minutos para o desenvolvimento do segundo momento

  • Leitura dos textos;
  • Escolha dos que serão pontuados;
  • Pontuar e escrever as características importantes que a equipe encontrou nos textos.

 

3o momento:     Uma equipe fará comentários sobre um texto que escolherão como literário e a outra de um texto que escolherão como não literário. Falando suas principais características e justificando sua escolha. Durante a socialização um componente da equipe estará escrevendo no quadro os pontos que foram colocados pelo líder.

 

Tempo 2 minutos para a apresentação e explicação do terceiro momento (será escolhida a equipe que ficará com o texto literário e o não literário e o componente que escreverá no quadro os pontos destacados pela equipe). O líder de cada equipe fará socialização.

 

               5 minutos para o desenvolvimento do terceiro momento

 

  • Primeira equipe terá 2 min  para expor suas ideias sobre o texto;
  • A segunda equipe também terá 2 min  para expor suas ideias;
  • Comentário da professora. 1 min

 

Texto literário:

 

Ficcionalidade (os texto descortinam o mundo real e criam um novo mundo);

 

Função estética: (a realidade é representada a partir da visão do artista, poeta);

 

Plurissignificação: As palavras assumem diferentes significados;

 

Subjetividade: o que é expressado em texto literário é a experiência pessoal, a emoção e o sentimento.

 

4o momento: Após a socialização o professor escolherá um aluno de cada equipe e pedir que construa um conceito de Literatura, levando em consideração as discussões dos momentos anteriores. O professor construirá apenas um conceito utilizando as ideias colocadas pelos alunos. Cada conceito será colocado no quadro tanto dos alunos como do professor.

 

Tempo 2 minutos para a apresentação e explicação do quarto momento (serão escolhidas as duas pessoas do grupo e quem irá começa, não poderá ser o líder)

 

               6 minutos para o desenvolvimento do quarto momento

 

  • O primeiro aluno fala o conceito de literatura e o professor escreve -2 min
  • O outro aluno falará seu conceito e o professor escreverá no quadro -2min
  • O professor finalizará formando um conceito utilizando as ideias de cada aluno. 1min
  • Finalizará mostrando que o conceito de Literatura não pode ser concebido como somente como está no dicionário, pois é dinâmico e não estático e único, sabendo que devemos sempre as características importantes de um texto literário.

 

 

CONCLUSÃO

 

            Após a leitura de texto e o desenvolvimento desta atividade percebemos a importância de conceber a literatura como algo instável, pois acreditamos que sua compreensão depende não apenas de codificar o que está escrito, mas interagir com várias áreas, com o subjetivo de cada leitor e com a o conhecimento que deve perpassar na leitura de um texto literário.

         Observamos também que a escola tem um papel fundamental para o desenvolvimento de atividade que provoque  no aluno o prazer pela leitura, porém o que percebemos muitas das vezes é o mal entendido nas ações de professores em relação ao

 

ensino da Literatura, ao ver o aluno como algo oco que precisa ser preenchido com informações consideradas por muitos insignificantes.

Como professores precisamos nos despertar e refletir criticamente sobre nossa prática em sala de aula, tendo como ponto principal ensinar literatura de forma a envolver nossos alunos em um contexto que ele possa se sentir parte na construção principalmente no conceito de Literatura.

A atividade apresentada tenta buscar subsídio no pensamento mais dinâmico da literatura, acreditando que com isto poderá envolver os alunos em atividades que realmente faça sentido para eles.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABREU, Márcia. Cultura letrada e leitura. São Paulo: UNESP, 2006.

 Publicação: Série Idéias n.17. São Paulo: FDE, 1994. Páginas: 21-26

 

 


Autor: Roseli Gonçalves


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