Doido e o promotor



A audiência começa e adentra a sala o preso. O réu era um conhecido doente mental da cidade, apelidado de Xulipa. O juiz faz as perguntas de praxe e se convence que o caso não justificava a manutenção da prisão do infeliz homem. O magistrado pergunta qual era o parecer do promotor para o caso. O representante do parquet se manifesta contrario a soltura do réu, afirmando que se tratava o acusado de um doente mental, pedindo a sua internação no Hospital Psiquiátrico. O juiz indaga mais algumas coisas ao Xulipa e decide que o homem era normal. Enquanto o escrivão preparava a ata Xulipa se coloca de pé e pergunta ao juiz se poderia dar uma cabeçada na parede. Qual é o problema? Perguntou o julgador. É que estou com uma baita dor de cabeça, que só passa quando eu bato com a cabeça na parede, responde Xulipa. O réu corre uns cinco metros e mete a cachola no concreto, chacoalhando-a um pouco em seguida. Volta e diz: agora eu estou bão. O juiz ainda assim mantém a decisão de soltar o pobre homem, mas antes lhe faz algumas recomendações. Xulita, preste atenção, eu vou te soltar sob o compromisso de não brigar na rua, não pegar as coisas dos outros, não tomar cerveja, não tomar jurubeba e não tomar conhaque. Xulipa olha para o cidadão sentado na cadeira mais alta e pede pra fazer uma pergunta. Doutor, e “atrás do saco” eu posso tomar? O juiz olha para o promotor, que já conhecia o réu de longa data, esperando um comentário. Pois é, Xulipa é normal e eu é que sou doido. Fique tranqüilo Excelência, “atrás do saco” é o nome de uma água ardente.


Autor: Creumir Guerra


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