Níveis neurológicos e algumas considerações na aprendizagem do surdo



Introdução

 

Acuidade sensorial é a capacidade de percepção de estímulos desenvolvida pela consciência de observar e sentir o ambiente. Essa capacidade é estimulada através dos canais de comunicação sensorial, ou seja, através de nossos olhos (Sistema Visual), ouvidos (Sistema Auditivo), nariz, boca e pele (Sistema Cinestésico) conhecidos também como sistemas representacionais.

Através dos nossos sentidos, percebemos o mundo externo e processamos as informações internamente através do pensamento (diálogo interno), formando nossa representação individual. Quanto maior nossa capacidade de ver, ouvir e sentir o mundo – acuidade sensorial, melhor será nossa leitura de mundo e interpretação dos fatos, promovendo assim decisões mais assertivas em nossa vida.

Essa representação individual é chamada de “mapa” na Programação Neurolinguística (PNL), o mapa é uma interpretação individual da realidade, o modelo de mundo de cada pessoa.

Quando as informações do mundo exterior são percebidas pelo cérebro através dos sentidos, a mente modifica as informações ao armazená-las segundo nossas crenças, valores, pressuposições, profissões, experiências anteriores e cultura, tornando-as simples e aceitáveis para nós, formando nossa representação individual da informação recebida - o mapa.

A esse mecanismo que altera as informações damos o nome de “filtro”, portanto, filtro é uma espécie de lente limitada e focalizada nos conceitos, referências e experiências internalizadas de cada pessoa que não nos permite ter o contato direto com a realidade observada, pois não vemos tudo o que nos é visível como também não prestamos atenção a tudo que é audível ao ser humano, passando assim a prestar mais atenção em determinada coisa do que em outra.

Exemplificando o conceito acima, vamos explicar a utilidade de um computador na visão de um engenheiro, um comerciante e um estudante, provavelmente teremos três percepções diferentes, pois cada um focará determinados aspectos significativos a cada atividade exercida.

Provavelmente, o engenheiro utilizará alguns termos técnicos e se preocuparia com a quantidade de memória, tipo de processador e a velocidade para que os programas utilizados em sua atividade sejam processados com maior agilidade. O comerciante descreveria o computador como uma máquina que o ajuda a controlar a entrada e saída de mercadorias em seu estoque e um banco de dados de clientes e fornecedores. Por sua vez, o estudante descreveria o computador como uma ferramenta de pesquisa na internet auxiliando nos trabalhos de escola.

Portanto, temos três pessoas diferentes observando o mesmo objeto (informação do mundo externo), interpretando conforme suas experiências, atividades, cultura (filtro), visto e entendido conforme sua realidade individual (mapa).

Utilizando os seis níveis neurológicos desenvolvido por Robert Dilts com base no trabalho de Gregory Bateson, veremos como é construído essa visão de mundo inerente a cada pessoa, entenderemos como as experiências ocorrem nos diversos níveis e como a comunicação é indispensável para a construção e estruturação emocional e lingüístico de cada ser.

Acreditamos que quase todos os pais desejam que seus filhos sejam pessoas direitas e responsáveis que contribuam para a sociedade, que estabeleçam relacionamentos sadios dentro e fora do lar, que saibam lidar com emoções e tensões, que sejam suficientemente fortes para fazer suas próprias escolhas, que gozem o que conquistaram com o próprio talento, que aproveitem a vida e os prazeres da vida, façam bons casamentos e sejam bons pais, enfim, que desenvolvam a melhor pessoa que eles podem ser.

Este trabalho tem como objetivo, analisar e descrever as dificuldades da família para o desenvolvimento da maturidade emocional do surdo, reconhecendo que a comunicação através da LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) se torna uma ferramenta fundamental e indispensável para a construção de laços emocionais mais fortes entre familiares e ao convívio em sociedade.

 

 

 

1° NÍVEL: Contexto/Ambiente – 0 aos 4 anos

 

Ferrarezi (2008, p.74) nos fala de “experiências traumáticas sofridas por grávidas em regiões onde ocorreram guerras, mostraram o aparecimento de distúrbios de personalidade no futuro adulto”.

Neste contexto, observamos que o feto tem um estado primitivo de consciência e durante o período de gestação o mesmo já sofre influencia direta das emoções da mãe. Esta carga emocional sendo positiva ou negativa é passada para o feto através do cordão umbilical pelas conexões bioquímicas.

Após o nascimento o cérebro se ocupa basicamente em processar o contato com o mundo - ele não age só reage – o bebê acorda se estiver repousando, chora se tiver fome, dormi se sentir cansaço, e são essas as primeiras reações de comunicação com o mundo e a acuidade sensorial passa a ser uma overdose de sensações, iniciando-se com o aleitamento materno juntamente com todas as relações de olhar, afeto, calor, cheiro, batimento cardíaco. Neste período a afetividade ou a falta dela irão influenciar o comportamento e o desenvolvimento emocional da criança para o resto da vida, essas experiências são marcantes na formação de referências e são registradas pela mente afetando diretamente a percepção da criança quanto ao ambiente que vive, logo, o processo de construção do mapa passa a ser constante após o nascimento.

A comprovação de qualquer deficiência em um filho provoca uma situação de crise na família, os pais passam por quatro estágios a partir do diagnostico: a negação, resistência, afirmação e aceitação, o tempo de adaptação pode ser mais longo e mais difícil dependendo da estrutura e característica de cada família.

É fundamental para a saúde emocional da família que os pais passem pelo luto, decorrente da perda do filho idealizado e sonhado na gestação e cessem a investigação de uma busca de explicação para a surdez do filho evitando que o casal aponte de qual lado o gene é recessivo.

De um a dois anos de idade a criança surda não se diferencia da criança ouvinte o processo de equilíbrio, movimentos corporais e expressões faciais são os mesmos, a grande problemática da família e o que torna a surdez assustadora para a maioria dos pais é o isolamento da criança com a família por falta de uma comunicação e por ultimo, o preconceito de uma sociedade majoritariamente ouvinte.

Segundo o neurologista português António Damásio[1] é só aos 18 meses que surge algo que pode ser chamado de Consciência mínima. Neste momento, a integração entre os lobos frontal e parietal do cérebro fizeram a voz que lê este texto começar a balbuciar, o que chamamos de diálogo interno em nossa introdução.

Para as crianças ouvintes é a fase que ela começa desenvolver a fala e passa a aprimorá-la com o retorno dos pais. Por exemplo, a criança começa a dizer AGA e tem o retorno dos pais corrigindo-a e dizendo ÁGUA, com o tempo a fala vai sendo desenvolvida e juntamente a ela a congruência do pensamento. Com a criança surda esse processo é lento devido à falta de uma língua comum entre pais e filho.

A partir dos dois aos quatro anos de idade, a criança tornando-se cada vez mais consciente de si como pessoa e busca socializar-se e interagir com o ambiente em que vive, neste período a criança surda necessita ser exposta a uma linguagem compreensível a ela, a linguagem colaborá com à formação de suas referências particulares passando a sinalizar suas emoções como por exemplo, do que é perigoso, prazeroso, o que é alegria e medo, portanto, cabe aos pais tomarem uma difícil decisão de caráter político levando-se em conta não somente a escolha de uma comunicação audioverbal (oral) ou visiomanual (sinais), mais a integração da família a uma dessas formas de comunicação.

Esta decisão dependerá da trajetória que a família percorrerá dentro de duas áreas e nelas encontraram uma espécie de competição implícita no problema da comunicação dos surdos. De um lado, as ciências biológicas (área da saúde) que em geral vêem o surdo como deficiente auditivo e procura a busca da “normalidade” oferecendo ao surdo a possibilidade de ouvir e falar, disponibilizando os avanços tecnológicos das próteses auditivas e o implante coclear como uma solução para a interação da criança num mundo ouvinte e pelo afastamento de uma cultura minoritária. Do outro lado as ciências humanas (pedagogia), baseada nas propostas educacionais que enxerga o surdo como diferente e defendem a aquisição da língua de sinais como a primeira língua ou a língua “natural” e o português escrito como segunda língua tendo em vista a “diminuição dos estigmas”, a começar dos pais que deverão aprender e usar esta língua com o filho, compreendendo que se tratando de uma língua, esta tem de ser de domínio social e não exclusiva do filho, procurando construir o processo de aquisição de linguagem por meio desse modo de recepção e de expressão.

É importante lembrar que embora exista a possibilidade de escolha, nada garante que a opção dos pais (ou dos profissionais) corresponderá à opção futura do filho.

Essa primeira etapa é à base de todo aprendizado de uma pessoa, e está diretamente ligado ao ambiente em que nascemos, vivemos e crescemos, e é bom ressaltar que não são os fatos que geram um registro na mente, mas a carga emocional gerada pela imagem, linguagem e fisiologia percebida pela acuidade sensorial do individuo. 

Para entendermos como é armazenada essa carga emocional na mente, imaginemos uma criança muito, mais muito falante, a um ponto que o pai perde a paciência e a repreende de uma forma agressiva e muito irado, esse pai grita: “CALA A BOCA!!! EU NÃO AGUENTO MAIS VOCE FALANDO NO MEU OUVIDO... VAI PARA SEU QUARTO AGORA!!!”

A imagem juntamente com a fisiologia e a linguagem expressada pelo pai e captada pela acuidade sensorial da criança, gerando um registro “trauma” ligado ao fato de se expressar e falar.

Futuramente, toda vez que essa pessoa for exposta a falar em publico, o corpo reagirá fazendo o coração bater descompassado, as pernas e as mãos tremerão e suarão, a voz ficará difícil de sair levando a reação de fuga. Essas reações é um mecanismo de auto-preservação e proteção da mente e será ativado sempre na intenção positiva de ajudá-lo a fugir da situação de perigo “falar e se expressar”, por tanto, o ambiente sendo harmonioso ou hostil gerara registros que serão ativados ao longo da vida.

Por esse motivo é que a aceitação da deficiência pelos pais e a escolha de uma língua compreensível para a criança é determinante na qualidade desses registros e ambos influenciaram na segunda etapa, determinando as ações em seu comportamento.

 

2° NÍVEL: Comportamento – 5 aos 9 anos

 

            A forma como a criança se comporta está intimamente ligada ao aprendizado da etapa anterior, suas ações serão guiadas pelos limites estabelecidos pelos pais e no caso de uma deficiência, a super proteção além de interferir no convívio com os colegas, a criança não sabe como agir e nem como se defender perante aos acontecimentos.

            No livro “Inteligência emocional e a arte de educar nossos filhos, os autores (GOTTMAN e DECLAIRE, 1997) nos ensinam cinco passos para os pais interagirem com seus filhos quando as emoções se extravasam, e chamam esses passos de preparação emocional:

 

1ª Perceber as emoções da criança;

2ª Reconhecer a emoção como uma oportunidade de intimidade e orientação;

3ª Ouvir com empatia e legitimar os sentimentos da criança;

4ª Nomear e verbalizar as emoções;

5ª Impor limites e ajudar a criança encontrar soluções.

 

Os benefícios apresentados pelas crianças observadas nas pesquisas foram: facilidade de concentração, facilidade em fazer novas amizades, as crianças entendiam melhor os colegas e relacionava-se melhor em situações sociais difíceis, principalmente nas ocasiões que havia excesso de emotividade, apresentavam também um melhor desempenho na parte da fisiologia individual envolvida no processo de acalmar o coração e por fim, eram menos sujeitas as doenças infecciosas.

            Percebemos que uma língua comum entre pais e filhos é fundamental a partir do terceiro passo, pois, como a criança surda irá sinalizar e legitimar um sentimento aos pais, se não houve um processo de aquisição de linguagem moldada na sua percepção? Bem como, ficará difícil para os pais impor limites e ajudar a criança encontrar soluções as suas dificuldades se não existir uma língua comum entre as partes.

Em 1967, Albert Mehrabian, professor de psicologia da Universidade da Califórnia (UCLA), publicou uma teoria a respeito da linguagem corporal e indicou que no processo de comunicação interpessoal, que é a forma que nos comunicamos com o outro, a linguagem corporal e facial é responsável por 55% do entendimento, a entonação da voz por 38% e as palavras por 7% do entendimento, isso explica a diferença na percepção das crianças surdas nas séries iniciais, principalmente entre a criança surda educada por pais ouvintes e criança surda educada por pais surdos, neste último, as crianças são mais independentes e assimilam o aprendizado com maior facilidade, isso se deve ao desenvolvimento da acuidade sensorial para a leitura da imagem juntamente com uma língua comum entre os familiares e professores. O estudo acima foi publicado no Journal of Consulting Psychology com o título “Inference of attitudes from nonverbal communication in two channels”.

            Nesta fase, inicia o aprendizado intelectual e é importante para a criança ser estimulada através de brinquedos educativos, onde possa se desenvolver a leitura de imagem, o aprendizado em Libras e o Português (modalidade escrita). Esse aprendizado é de extrema importância a criança surda, pois contribuirá para o reconhecimento das palavras em português e para a família, o aprendizado em Libras.

 

 

 

 

A lei 10.436/02, regulamentada pelo decreto 5.626/05º que vem de encontro a esse aprendizado promove e reconhece a Libras como a língua natural dos surdos com uma estrutura gramatical própria e um sistema lingüístico de natureza visual-motora, garantindo o direito de uma intérprete de Libras entendida como uma facilitadora e mediadora da comunicação entre surdos e ouvintes e a oficialização nas mudanças dos currículos escolares nos cursos de licenciatura e fonoaudiologia, propiciando um atendimento especializado e favorecendo a inclusão.

Concluímos que a inclusão fica mais difícil para os surdos onde os pais optaram em estabelecer uma comunicação oral no lar, e por esse motivo o surdo apresenta uma grande dificuldade de relacionamento e aprendizado comparados com as crianças de pais surdos.

 

3° NÍVEL: Capacidades – 10 aos 14 anos

 

Nos estudos de Jean Piaget (1896-1980)[2] esse estágio do desenvolvimento do período da adolescência é chamado de operacional-formal, e é a fase onde a estrutura cognitiva da criança está formada, o desenvolvimento do raciocínio lógico está presente e a mesma passa a formular hipóteses e buscar soluções. Sentindo-se mais segura de si, todo o aprendizado assimilado passa a ser moldado a sua forma, do seu jeito particular, a criança aprendeu a desenhar as letras, mas com seus 14 anos já apresenta uma forma pessoal de escrever, possui habilidades na forma de se expressar, relacionar e principalmente abstrair conceitos.

            Quanto ao aspecto social, o pré-adolescente sente a necessidade de conectividade e sutilmente começa um processo de desligamento da família em direção a uma sociedade de amigos.

A fase da pré-adolescência e adolescência torna-se a fase mais crítica para a família, pois o filho contesta e abandona as crenças dos pais e passam a assumir as suas próprias crenças. Com o choque de referencias “mapas” entre pais e adolescente, os pais tendem a reprovar as atitudes dos filhos usando uma linguagem destrutiva, e frases como “VOCÊ NÃO CONSEGUE FAZER NADA CERTO MESMO! VOCÊ É UM IRRESPONSÁVEL E NÃO SERVE PARA OS ESTUDOS!” surgem, e caso as capacidades do adolescente não fique perceptível a ele mesmo, ele crerá que não serve para nada e ficará suscetível a influencia dos amigos.

No próximo nível entenderemos os males desse padrão de linguagem e o porquê deve-se mudar esse padrão. É fundamental que em todos os níveis neurológicos os pais incentivem seus filhos a novos desafios, mas em especial no nível das capacidades, os elogios e incentivos vão formar uma base referencial fortalecendo o nível das crenças e valores.

 

4° NÍVEL: Valores e Crenças – 15 aos 21 anos

 

            Definiremos crença como uma convicção íntima, afirmadas e reforçadas com as experiências passadas, solidificadas em acontecimentos carregados com forte emoção, determinando a forma de uma pessoa agir.  

Dilts (1990, p.28) define as crenças em três tipos: a crença sobre causas, a crença sobre significado e a crença sobre identidade.

Crença sobre causas: é a crença que justifica a causa de alguma coisa, podem ser expressas em termos como “se isso... então aquilo”– “Se não fizer minhas orações serei punida” “Eu falo alto porque sou de origem italiana!”, “Todos da minha família sofrem de úlcera!” ou ainda “Se você sair sem casaco, então vai pegar um resfriado”

Crenças sobre significado: são as crenças que envolvem a importância e o significado de determinado comportamento. O que significa não poder parar de fumar? Significa que a pessoa é fraca?

Crenças sobre identidade: são as crenças que limitam o pensamento da pessoa sobre si mesma impedindo a mudança no comportamento, por traz desta crença encontraremos também as crenças sobre causa e significado como exemplo – “Não valho nada!”, “Não mereço ter sucesso!” ou “Sou uma pessoa gorda".

Para todas as crenças acima a palavra “porque” vem logo como uma justificativa indicando uma crença sobre causa, significado ou identidade.

É fundamental que percebamos as crenças limitantes ao nosso desenvolvimento e crescimento e assim iniciar um processo de argumentação e questionamento. Será que dinheiro não traz felicidade? Será que todo homem ou toda mulher não presta? Será que eu não consigo aprender determinada coisa?

Abandonando a palavra “porque” que nos leva a justificar e ficar no mundo das crenças, passaremos a utilizar o metamodelo da linguagem que é o processo de questionamento utilizando a própria linguagem para evidenciar o real significado dos fatos ou acontecimentos.

Por exemplo, ao perguntar: “Porque não consigo fazer determinada coisa? Com o metamodelo da linguagem passaremos a nos perguntar “O que me impede de fazer determinada coisa?”. A resposta nos ajudará a identificar o que nos impede, impulsionando a ação e com isso a mudança no comportamento, diferente da primeira pergunta, pois utilizando o porque, ficaremos somente na justificativa das crenças sem que exista mudança no comportamento.

O metamodelo é um padrão de linguagem utilizado nas técnicas de PNL, e é uma ferramenta importantíssima, pois além de adquirirmos a habilidade de indagar o outro, passamos a entender o mapa de cada pessoa, pois esclarece a percepção individual que cada individuo tem em determinado acontecimento e fatos, e assim estabelecendo uma comunicação mais assertiva.

 

FRASES DO DIA-A-DIA

METAMODELO DA LINGUAGEM

Não entendi nada!

O que especificamente é nada para você?

Não consigo aprender inglês.

O que especificamente em inglês você tem dificuldade?

Falaram que não haverá férias.

Quem falou? Quando falou?

Aquela criança é a melhor criança do mundo!

Comparado a quem?

Eu desejo muito falar francês.

Como? E o que especificamente você deseja falar?

 

Perceba que eliminamos a palavra “porque” e passamos a indagar especificamente Onde? Quando? Quem? Como?.

Com o metamodelo da linguagem obtemos respostas mais claras e específicas melhorando a comunicação. Essa ferramenta é muito útil em todas as etapas dos níveis neurológicos, pois a todo o momento temos condições de explorar o mapa da criança, passando a entender suas necessidades e emoções, principalmente na fase mais crítica “a adolescência”, onde o filho contesta e abandona as crenças dos pais e passa a assumir as suas próprias crenças.

Com base no que o adolescente acredita, passará a formar sua identidade.

 

5° NÍVEL: IDENTIDADE – 22 aos 29 anos

 

            Podemos dizer que na média o jovem de hoje conclui sua graduação entre os 23 até os 27 anos e percebe-se que muitos ao chegar perto dos seus 30 anos não escolheria o mesmo curso, isso se deve a parte neurofisiológica do cérebro que só tem sua maturação entre os 27 e 29 anos, é neste período que adquirimos um pouco mais de vivencia e temos maturidade para dizer quem somos nós, e o que melhor fazemos, portanto muito depois da escolha do curso da faculdade.

            A identidade está diretamente ligada a nossa missão, e definiremos missão como um propósito essencial, que nos move a tornar a melhor pessoa que podemos ser.

Nenhuma experiência particular de nossa vida pode ser separada do conjunto, todas as experiências ajudaram a formar a pessoa que somos agora. Portanto, podemos dizer que a pessoa que somos é o resultado das escolhas que fizemos ante as circunstâncias e que a vida é fruto da disciplina ou da falta dela. 

 

6° NÍVEL: ESPIRITUALIDADE

 

            Neste nível do conhecimento as perguntas “O que eu faço? E o que eu tenho?” não terão tanto significado do que a pergunta “O que mais posso fazer para contribuir com todos a minha volta?”, espontaneamente o foco passará a ser no coletivo.

Perceberemos que o quê se torna é infinitamente mais importante, do que fazemos e do que temos. O significado e o propósito da vida é realizar o mais plenamente possível o nosso potencial e tornar-se a melhor pessoa que podemos ser transcendendo qualquer dogma ou paradigma.

Enfim, o compromisso com o propósito de nos tornarmos a melhor pessoa que podemos ser é a chave para vivermos uma vida cheia de significado e paixão.

 

Metodologia

 

A pesquisa foi realizada de forma qualitativa, partindo de pesquisas bibliográficas que foram cuidadosamente selecionadas e deram o embasamento teórico para essa temática.

 

Considerações finais

 

Durante dois anos, fui orientadora de aprendizagem pela metodologia do Telecurso 2000, na escola Senai Santos Dumont, para um grupo de dezessete alunos surdos adultos, entre 18 e 40 anos, contratados em um programa de quotas de uma empresa multinacional da região de São José dos Campos para qualificação no nível médio.

Tínhamos um cenário favorável para a aprendizagem, uma intérprete de Libras – Língua Brasileira de Sinais - certificada pelo MEC, recurso visual, um período de quatro horas diárias para o desenvolvimento das atividades propostas pela metodologia e os alunos recebiam um salário mínimo para participar do programa.

            Através desse convívio, passei a interessar-me pela língua gestual dos surdos, rica de significados, e tomei consciência das dificuldades vivenciadas pelos surdos, assim como da pouca influência da família na formação do indivíduo e as consequências de uma comunicação fragmentada.

            Recordo-me que, lecionando o módulo de biologia no conteúdo de doenças sexualmente transmissíveis, verifiquei os conhecimentos prévios da turma a respeito do vírus HIV e um dos alunos relatou que era muito fácil se prevenir da doença, que bastava após cada relação, tanto o homem quanto a mulher, tomar banho e lavar imediatamente os órgãos genitais, tendo o preservativo à finalidade de prevenção da gravidez. Confesso que fiquei chocada com o nível de desinformação a respeito de um assunto tão divulgado nas últimas décadas e, afinal, de quem era a responsabilidade? Da família? Da escola? Da sociedade? Do governo?

            Neste contexto, outras situações apareciam como a dificuldade com a própria língua, pois alguns alunos não compreendiam a sinalização da intérprete e à medida que íamos aprofundando os estudos nas áreas do conhecimento, o conteúdo tinha de ser repetido varias vezes, devido à falta de vocabulário e à dificuldade com a segunda língua, o Português escrito.

            Observei que as emoções extravasavam por uma série de cobranças e esses indivíduos ficavam submersos num turbilhão de informações, não sabendo se defender e reagir, reproduziam essas insatisfações através da agressividade, comprometendo o seu desenvolvimento intelectual, profissional e social.

            Com esta convivência pude observar o comportamento de alguns alunos, na qual me levaram a refletir sobre o papel do educador e o papel da família e me impulsionou ao desenvolvimento deste trabalho. Senti o desafio de pensar nas famílias, onde os pais são ouvintes e nas quais a vida desafia, no grande propósito de educar seus filhos surdos.

            Vygotsky (1993) nos fala que não é a deficiência que decide o destino das pessoas, mas sim, as consequências sociais dessa deficiência; eis nossa problemática, vivemos num mundo de mudanças aceleradas, em uma comunidade majoritariamente ouvinte, onde a valorização pela comunicação é fundamental para as relações, assim qual é a responsabilidade da família no desenvolvimento da comunicação do individuo surdo e na estruturação emocional e lingüística deste indivíduo? 

 

Referências bibliográficas

 

CARTURAN, José Carlos; FERRAREZI, Eugênio; FERRAREZI, Marisa. Apostila referente ao curso de formação Practitioner em PNL modulo I e II. Ministrado pela instituição Open Dreams Desenvolvimento Profissional. Guararema, 2010.

 

DILTS, Robert. Crenças: caminhos para a saúde e o bem-estar. São Paulo: Editora Summus, 1993.

 

FERRAREZI, Eugênio. O cérebro: fonte da liderança, poder e sabotagem. Rio de Janeiro: Editora Qualitymark, 2008.

 

GOTTMAN, John; DECLAIRE, Joan. Inteligência emocional: e a arte de educar nossos filhos. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 1997.

 

SANTANA, Ana Paula. Surdez e linguagem: aspectos e implicações neurolinguisticas. São Paulo: Editora Plexus, 2007.

 

Linguagem Corporal. Disponível em http://grupodeestudopnl-lisboa.blogspot.com/2009/11/linguagem-corporal.html. Acesso em junho de 2010.

 


[1]  In DAMÁSIO, A. O segredo de ser você. Revista Super Interessante. Edição 270, out/2009, p. 71.

[2]  In www.youtube.com.br. Acesso em julho de 2010

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