D. Doninha



D. Doninha era uma senhora viúva de sessenta anos, que gostava de saber de tudo e de todos no bairro onde morava. Sabia de quem   nascia e de quem morria. Sabia das casadas e das solteiras, Sabia dos homens e dos gays. Sabia da vida certa e da vida torta da vizinhança. Sabia quem pagava e quem devia. Sabia de quem rezava e quem bebia. Sabia dos honestos e dos ladrões. Sabia dos que faziam confusões.Sabia das mulheres casadas e seus amantes.Sabia das solteiras um monte.Sabia quem trabalhava e quem era vagabundo. Sabia dos bêbados e dos moribundos. Sabia que o padre éra um pedófilo cretino. Sabia que a freira se despia de noite e de dia. Sabia do vigia que dormia, Sabia do policial que corrompia. Sabia da mãe que não amamentava. Sabia da filha que reclamava. Sabia do pai que se drogava. Sabia do juiz que roubava.Sabia do jogador que não jogava. Sabia de tudo e não adiantava. Sabia de tudo, só não sabia a hora que iria morrer.Sabia de tudo que era em vão saber.D. Doninha, morreu dois dias antes de saber que iria morrer. Foi a única coisa que não consegui saber.

                                                                        Roberto Lemos


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