Terapia ocupacional na reabilitaçao funcional da mao em portadores de hanseníase



 

 INTRODUÇÃO

 

O presente trabalho tem por finalidade demonstrar a relevância da atuação do Terapeuta Ocupacional na reabilitação funcional da mão de pacientes com hanseníase, bem como do tratamento adequado para a recuperação dos movimentos motores da mão oferecendo melhores condições de vida a este individuo.

A escolha do tema surgiu a partir das estatísticas altas de deformidades presentes nos acometidos na atualidade e do papel importante que o Terapeuta Ocupacional desempenha em todo esse processo.

Destarte que “a hanseníase é uma doença infecciosa, crônica que afeta principalmente a pele e os nervos periféricos”. (LEHMAN, apud, FREITAS, 2006) cujo agente etiológico é Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen.

O comprometimento do sistema nervoso periférico an­tes, durante e mesmo após o término do tratamento, ou seja, a alta do tratamento medicamentoso específico é responsável pela maioria das deficiências e deformida­des associadas à hanseníase (SPIRINGS, 2001, apud CHIUCHETTA, GIUBLIN, p. 344, 2010).

“O Brasil é o maior responsável pela endemia no continente americano e esta entre os 12 países que registraram 90% dos casos no mundo”. (HEALTH, 2008 apud, ARANTES et al., p. 156, 2010).

Por tal motivo, e pelo preconceito sofrido historicamente, ela representa uma das maiores preocupações ainda presentes nos dias atuais. É uma doença que até então é temida pela população, pois pode gerar incapacidades físicas decorrentes desta patologia, como por exemplo, as deformidades afetas da mão.

A hanseníase, doença de notificação compulsória [...] Ao diagnosticá-la, o profissional deverá preencher a ficha de notificação a fim de planejar e avaliar ações de controle (FREITAS, 2006, p.303). Esta notificação deve ser acessada pelo profissional de Terapia Ocupacional, para que ele tenha conhecimento do grau de dimensão da doença do paciente e com isto diagnosticar a condição anatomofisiológica para estabelecer o tratamento de reabilitação, pois este é um profissional que desempenha um trabalho de assistência aos portadores de hanseníase tornando-se possível a reabilitação física, principalmente da mão.

Ressalta-se aqui que a mão é um órgão indispensável na vida da pessoa humana, em seu cotidiano, pois é ela que proporciona o acesso à maioria das ações que estabelece a relação entre sujeito x objeto x e meio ambiente.

De acordo com Freitas (2006, p.19), “a mão é um órgão que está envolvido em praticamente todas as nossas atividades de vida diária”.

A problemática apresentada neste trabalho esta direcionada a intervenção do Terapeuta Ocupacional para minimizar as sequelas deixadas pela hanseníase, além de reabilitar e se for o caso prescrever algum dispositivo ou criar adaptações deixando a mão mais funcional, dando qualidade de vida a esse indivíduo.

É de fundamental importância a abordagem da Terapia Ocupacional no tratamento das sequelas deixadas pela hanseníase haja vista as possibilidades técnicas e científicas que esta área do conhecimento dispõe para a reabilitação do paciente e, consequentemente a sua inserção social, seja no convívio familiar, nos demais espaços sociais, bem como no mercado de trabalho.

A Terapia Ocupacional assume um papel importante no tratamento e na prevenção e redução de incapacidades, pois existem recursos terapêuticos que auxiliam nesse processo (ANDREAZZI, p. 9, et al., s.d).

Vislumbra-se com esta discussão desencadeada neste artigo, evidenciar a relevância que tem o papel do profissional “terapeuta ocupacional” na recuperação, de pessoas anteriormente consideradas “defeituosas e improdutivas”, em pessoas com auto-estima altamente valorizada pela capacidade e habilidade de realizarem movimentos resgatados pela terapia, e com isto tornarem-se úteis e funcionais.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

METODOLOGIA

 

A metodologia adotada no presente estudo compõe-se de pesquisas bibliográficas realizadas e fundamentadas por autores conceituados. A pesquisa bibliográfica foi desenvolvida, utilizando os autores que discorrem sobre o tema em estudo e análises dos materiais escritos, principalmente livros, sites de pesquisa científica (Birene, Scielo). Os dados qualitativos são referentes às falas que abordaram sentimentos frente à situação do paciente, a reabilitação física principalmente da mão, relação paciente e terapeuta, ressaltando que os depoimentos são utilizados apenas como veículo de informação abordando a problemática do trabalho do Terapeuta ocupacional na recuperação física desde o primeiro contato até a última fase do tratamento.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

DISCUSSÃO

 

            Segundo Freitas (2006), embora a hanseníase ocorra em todas as classes sociais é notória a maior incidência nas classes socioeconômicas baixas, em que a multiexposição esta ligada a um baixo nível de instrução, moradia e nutrição. “Trata-se de uma doença de alta infectividade e baixa patogenicidade, significando que muitos se infectam e poucos adoecem”.

            Apesar dos esforços no sentido de se reduzir a conotação negativa da doença, há ainda um conjunto de imagens e idéias cristalizadas acerca da hanseníase, representada pela sociedade como uma doença estigmatizante, fazendo com que seus portadores ocultem seu problema a fim de não serem discriminados pela sociedade. Este fato, junto às precariedades socieconômicas tem dificultado a erradicação da doença. A hanseníase é uma doença endêmica no Brasil e constitui grave problema de saúde pública, graças à possibilidade de causar incapacidade física [...]. (SOUSA et al.,2010).

Na experiência vivida no âmbito dos serviços de saúde, observa-se que a doença funciona como um fator desencadeante de outros problemas que se inicia antes mesmo do diagnóstico definitivo, em decorrência dos sinais dermatológicos de manifestações neuríticas, responsáveis pela diminuição da capacidade laboral. Na maioria das vezes, os indivíduos já buscaram o tratamento pela auto-medicação em farmácias, ou com outros médicos não especializados. No momento em que é revelado o nome da doença, costuma ocorrer um impacto nas pessoas do convívio familiar, e a intensidade deste se vincula a conhecimentos anteriores pré-estabelecidos adquiridos sobre a doença, sem uma informação correta da mesma. 

            O impacto negativo que a doença provoca, ocorre de uma forma mais intensa entre os pacientes com melhor situação financeira, principalmente por conhecer a relação hanseníase e lepra.

                       

As pessoas mantêm diversas crenças e atitudes acerca da enfermidade, influenciadas em parte pelo nível educacional de seus antecedentes sócio culturais [...] Quanto maior for o tempo da doença acompanhado de deformidades, maior será a probabilidade do paciente  desenvolver alterações psíquicas. (PARDINI, 1990, p.45).

           

            Embora os meios de comunicação em comprometimento com os órgãos da saúde mantenham uma divulgação através de palestras em locais públicos, cursos com profissionais de saúde especializados, dentre outros meios, há uma incidência de preconceito em relação à doença, principalmente às pessoas com faixa etária mais elevada, que se sentem constrangidas por estarem com a patologia.

            Em relação às consequências da hanseníase ocorrem as deformidades e as incapacidades principalmente dos membros superiores. Existem quatro formas clínicas desta doença, sendo elas a Hanseníase Indeterminada, Tuberculóide, Dimorfa e Virchowiana. Os tratamentos objetivam auxiliar na melhora, ou estabilidade do quadro, alterações de sensibilidade antes de sua perda, preservar a função neural e evitar ou minimizar suas complicações devido ao dano neural.

As intervenções da Terapia Ocupacional com as orientações e a reeducação sensorial foram de fundamental importância para prevenir maiores agravos causada muitas vezes por falta de sensibilidade. (ANDREAZZI et al., s.d, p.8).

            A avaliação de incapacidade dos membros superiores é de extrema importância para a monitoração do estado atual em que se encontram os pacientes, visando acompanhar a progressão da hanseníase. (FERRIGNO, 2007). Esta avaliação inicial verificará de forma minuciosa todo o aspecto físico da mão causada pela doença infecciosa provocado pelo Mycobacterium leprae.

“O Mycobacterium leprae é um parasita intracelular obri­gatório [...], que frequentemente levam às incapacidades físicas” (CHIUCHETTA; GIUBLIN, 2010, p. 344-345).

            As mãos são órgãos que permitem as expressões, as manifestações para o mundo exterior.  Por meio das mãos assim como os sentidos essenciais, apresenta anatomia de comunicação, movimentos finos, capazes da realização de várias tarefas do cotidiano das pessoas.

           

A mão é um órgão que esta envolvida em praticamente todas as nossas atividades da vida diária, apresentando assim uma variedade de funções, e para seu perfeito funcionamento necessita de completa harmonia entre os vários tecidos que a compõem. (FREITAS, 2006, p. 19).

 

            A prevenção das deformidades da mão em doentes de hanseníase, com o fim de reintegrá-los na sociedade e restabelecer o contato consigo mesmo é preocupação constante entre os profissionais, que discorrem e lidam com o tema. Diante desta problemática surgem estudos e práticas que visam contribuir para que o portador de hanseníase possa estabelecer processos de reabilitação através de técnicas eficazes e profissionais capacitados.

            Dentre as novas práticas destaca-se a terapia ocupacional objetivando reabilitar os movimentos físicos dos portadores de hanseníase, em específico das mãos, através de técnicas que buscam recuperar aos poucos, haja vista que o processo é gradual e lento em relação a estes movimentos, baseados em exercícios contínuos e estimulantes.

            Há que ressaltar que os processos de prevenção das deformidades são ainda bastante precários. O processo de reabilitação depende exclusivamente do estágio em que se encontra a doença para que haja resultados totalmente favoráveis. No entanto pesquisas demonstram que com tratamento através da terapia ocupacional é possível reduzir e recuperar os movimentos das mãos. (PARDINI, 1990).

            Há que fomentar que a cirurgia faz parte do processo de reabilitação. Este meio contribui para prevenir a perda da função neural, minimizar ou restaurar a função, diminuindo as deformidades e incapacidades (FREITAS, 2006, p. 315).

            Outro fator que deve ser levado em consideração, é o desejo do paciente em relação a cirurgia, o conhecimento do procedimento, e os pontos positivos e negativos deste processo cirúrgico.

 

Eu me lembro de uma pessoa que podia corrigir a mão com a cirurgia e eu fui enformá-la das opções que ela tinha, a gente estava andando na comunidade, e quando eu falei que ela podia ir fazer a cirurgia ela disse: eu não tenho interesse na cirurgia, eu não quero! Eu não vou lá! Eu estou feliz com a minha vida, eu tenho minha família, eu tenho minha casa, não tem perigo, eu estou me cuidando muito bem. Eu não quero fazer cirurgia. Eles querem corrigir as minhas mãos, mas eu estou bem. Algumas pessoas me disseram que eu não fiz o papel de convencer a pessoas, mas eu respeito o direito dela. Eu disse a ela que ela tinha o direito de saber que existia esta possibilidade e se ela mudar de idéia ela pode fazer. (LINDA, apud MINISTERIO DA SAÚDE, 2008, p.50).

 

            Segundo a terapeuta ocupacional citado acima, existe uma relação muito forte entre o paciente e o profissional. Há de exclamar o direito que o individuo tem em relação a suas escolhas e o respeito do terapeuta diante desta situação.

Por outro lado existe o tratamento conservador estabelecido pelo terapeuta ocupacional que visa a realização de exercícios principalmente para musculatura intrínseca e a realização de adaptações para as atividades de vida diária (AVD´S), que contribui e muito para prevenir as deformidades. Vale lembrar que “O combate a miséria, as más condições de vida e ao baixo padrão sanitário é medida que deve estar associada ao controle da hanseníase”. (LEHMAN; ORSINI, apud, FREITAS, 2006, p. 301).

            A terapia ocupacional pode ocorrer de duas formas: coletiva e individual. A coletiva permite um contato humano no todo, visualizando a sociedade que os pacientes enfrentam, bem como a troca de experiências, um ramo importante no tratamento, no que se refere ao preconceito e a auto - aceitação.(OPAS, 2006).

 

Um grupo de Terapia Ocupacional pode ser definido como aquele em que os participantes se reúnem na presença do Terapeuta Ocupacional, num mesmo local e horário, com o objetivo de realizar uma atividade. (BALLARIN, apud, CAVALCANTI; GALVÃO, 2007, p.40).

 

            A vivência de medo em relação à doença é sempre uma experiência subjetiva que diz respeito a um sujeito singular, com uma história de vida também singular. A referência a aspectos psicológicos implicados a doenças ditas “contagiosas” é sempre uma relação conflituosa. A dimensão psicológica diz respeito a características individuais, a expectativas, a modos de ser, a ritmos individuais, enfim, um conjunto de particularidades construídas na relação com o mundo na história de vida que remete às diferenças entre as pessoas, que não são consideradas saudáveis. O tratamento terapêutico ocupacional em grupo oferece espaço aos relatos das respectivas melhoras na mão, confirmada pelos próprios pacientes hansenianos como citam os autores abaixo.

 

Observa-se que a conduta terapêutica utilizada permite que exista minimização das dificuldades apresentadas pelo grupo, como: redução de dores musculares e edemas em mãos, melhora na qualidade de hidratação da pele, redução de ferimentos cutâneos, diminuição de contraturas e melhor habilidade nos movimentos de pinça e preensão manual (COLCHIESQUI; TOLDRÁ, s.d, p. 2647).

 

 

            A terapia individual está relacionada diretamente com a reabilitação funcional da mão, com um acompanhamento contínuo e a aplicação de uma série de movimentos que irão permitir que o membro torne-se ativo, visando principalmente à funcionalidade deste paciente.

 

O fator de maior importância da Terapia Ocupacional no tratamento com os pacientes com hanseníase é o contato físico. A manipulação das mãos dos pacientes na avaliação ou programa constitui base para obter do paciente colaboração e aceitação do programa especifico e também no tratamento em geral (TOYODA, 1991; p. 18).

 

 Quanto aos exercícios, movimentos simples são realizados pelos terapeutas,            não necessitando de equipamentos especializados. Os exercícios objetivam manter ou alongar os tecidos moles; fortalecer a musculatura e, manter ou melhorar a amplitude de movimento articular. A pele também dever ter um cuidado especial, principalmente com sua lubrificação e hidratação diária. O terapeuta ocupacional usa-se esta conduta para prevenir o aparecimento de fissuras durante a realização de exercícios e atividades. (FREITAS, 2006, p. 313).

 Outro recurso utilizado pela terapia ocupacional são as adaptações, visando auxiliar a realização das atividades, melhorando assim a função.

 

No grupo das adaptações para prevenção de queimaduras temos as luvas para pegar panelas, o uso de colheres de pau para cozinhar, o uso de cabos de madeira nas tampas e alças das panelas e canecos, piteiras, etc. No grupo das adaptações para melhorar a função temos: as adaptações dos utensílios e instrumentos de trabalho, em que se aumentam as áreas de contato e outras adaptações que substituem a função perdida devido à paralisia dos intrínsecos (abotoador, de roupas, puxador de zíper e outras). (FREITAS, 2006, p. 313)

 

 

O Terapeuta Ocupacional contribui para uma variedade de alternativas com o intuito de desenvolver uma adaptação adequada a cada individuo. O treino nas atividades de vida diária (AVD´S) compreende adaptações e mudanças das atividades realizadas pelo paciente, sendo que pequenas modificações da maneira de realizar suas atividades são suficientes para um bom desempenho funcional. As órteses também são indicadas pelo terapeuta ocupacional. No caso de inicio das garras do dedo mínimo e anular usam-se esse dispositivo no período da noite, deixando as mãos livres durante o dia (TOYODA, 1991, p. 17). “Deve variar sempre nas seções e esclarecer ao paciente os objetivos da aplicação, para que assim o paciente possa interagir ao tratamento”. (PEREIRA, 1999).

 Portanto, órtese é um dispositivo usado pelo Terapeuta ocupacional que busca contribuir com a reabilitação do individuo. “A Órtese tem sido um dos equipamentos amplamente empregado pela terapia ocupacional no processo de reabilitação de seus clientes” ( CAVALCANTI; GALVÃO, 2007, p. 435). Por outro lado vale lembrar que a fabricação da órtese requer um grande cuidado do terapeuta, pois ela deve ser bem moldada, sem áreas de pressão excessiva, para prevenir o aparecimento de lesões cutâneas. (FREITAS, 2006, p. 315).

O tratamento ortótico constitui-se de um processo lento e gradual que requer força de vontade e disposição do paciente, e em relação ao profissional, estímulo constante e uma relação de interação da normalidade que deve ocorrer sempre de forma afetuosa. No que diz respeito à sensibilidade, a primeira a ser alterada é a térmica, e em seguida a dolorosa e a tátil. (ANDREAZZI et al., s.d).

            “A constatação da perda de sensibilidade nas mãos e o seu alto índice confirmam a necessidade de orientação aos pacientes no sentido de prevenção de lesões nas mãos, [...]” (PEDRAZZANI et al., 1985, p.14)

 As alterações neurológicas podem ocorrer nos ramos terminais da pele e nos troncos dos nervos periféricos, levando a distúrbios de sensibilidade, onde inicialmente observa-se hiperestesia, e posteriormente, hipoestesia e anestesia. Neste último caso, um paciente ao estar cozinhando poderá ocorrer um acidente de se queimar e não ser possível detectar este acontecimento. Fatos que ocorrem em primeira instância nas mãos, onde os afazeres constituem uma sequência concreta do cotidiano das pessoas, havendo a necessidade de uma preparação psicológica aos pacientes, quando estes sintomas começarem a ocorrer.(OPROMOLLA; BACARELLI, 2003).

             Nota-se por meio dessa descrição, que a informação e o conhecimento referente a doença tem que existir no contexto familiar bem como no âmbito da saúde para que sejam evitados problemas maiores como no caso das deformidades, principalmente da mão.

 

No âmbito da saúde e da previdência social, nem sempre o atendimento aos pacientes é feito de acordo com padrões de excelência técnica e de humanidade. O preconceito contra a hanseníase, associado ao desconhecimento da doença e a sua história, está presente nos relatos de inúmeras pessoas atendidas nos serviços de saúde e nas perícias médicas da previdência social. (CARLOS, 2008, p.15)

 

Segundo o Ministério da Saúde (2008, p.81) “a avaliação do grau de incapacidade deve ser realizada obrigatoriamente no momento do diagnóstico e na alta, e também a cada seis meses”.

            . O déficit funcional mais importante na neuropatia da hanseníase é a perda da sensibilidade protetora, resultando na não utilização desta mão ou no uso de força excessiva nas atividades de preensão. (ANDREZZI, MOTA, VILLARINO, s.d)

            No primeiro momento o Terapeuta Ocupacional realiza esta avaliação de sensibilidade por meio de um recurso chamado monofilamentos de Semmes-Weinstein. “Em cada filamento corresponde a um nível funcional representado por uma cor” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008, p. 80).

            Todo o tratamento será realizado em conjunto com a equipe multidisciplinar como: Médicos, Terapeutas Ocupacionais e Fisioterapeutas. Este acompanhamento dependerá da atuação do profissional, da colaboração do cliente e dos recursos a serem utilizados.

 “O tratamento da neuropatia é principalmente conservador [...], a descompressão cirúrgica é uma opção para os casos em que a evolução é desfavorável”. (MINISTÉRIO DA SAUDE. 2008, p.26)

            Neste sentido estratégias de prevenção de alcance social ou estrutural são indispensáveis para o apoio aos pacientes portadores de hanseníase. Entre elas, destaca-se a importância fundamental da ação do terapeuta ocupacional, na abordagem e a estimulação ao tratamento adequado do paciente, para a obtenção do êxito terapêutico.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CONCLUSÃO

 

Nas atividades de vida diária, verifica-se a utilização da mão para os movimentos simples, os quais se observam em situações rotineiras. Porém para os portadores de hanseníase existe uma dificuldade nos movimentos e na sensibilidade, onde aos poucos se torna mais restrita a utilização deste órgão.

Quanto à temática da reabilitação funcional da mão aos portadores de hanseníase, a terapia ocupacional é importante e significativa nos benefícios oferecidos aos mesmos, haja vista que são técnicas (exercícios) simples que permitem ao paciente interagir com os órgãos por meio de movimentos constantes, não acarretando a falta de sensibilidade e deformidades, ressaltando que o tratamento de reabilitação depende do estágio em que se encontra doença.

Há de se salientar que a terapia ocupacional é eficaz para mensurar, permitir que os movimentos sejam detectados promovendo maior acompanhamento em tratamento individual, grupal e por orientações nas atividades de vida diária (AVD´S), atividades de vida prática (AVP´S), trabalho e lazer, assumindo papel significativo na terapêutica dessa patologia, pois oferece recursos terapêuticos que podem contribuir para a reabilitação dos movimentos funcionais, em termos de prevenção ou redução de deformidades e incapacidades. Dentre os principais objetivos destaca-se a preservação da função neural, realização de medidas de reeducação sensorial, orientações quanto aos cuidados necessários e principalmente exercícios que possibilitam manter a amplitude articular e fortalecimento da musculatura.

É de suma importância que o paciente tenha consciência que existe tratamento e progresso aos portadores de hanseníase, principalmente na reabilitação funcional da mão. A terapia ocupacional configura-se como um recurso inovador, com capacidades especificas e bem direcionadas a proporcionar ao individuo, um ótimo amparo ao tratamento. O terapeuta ocupacional é um profissional relevante na equipe terapêutica que lida diretamente com esses pacientes, pois se compromete com o bem estar social e vital do individuo portador de hanseníase para que tenha uma vida saudável e com qualidade.

        Ressalta-se que o alcance deste estudo no encontro dos inúmeros benefícios terapêuticos que a Terapia Ocupacional pode proporcionar as pessoas com sequelas deixadas pela hanseníase, principalmente nas mãos, deve servir para aprofundamento científico na busca de maiores resultados que venham contribuir substancialmente na prevenção e na reabilitação de pacientes que vislumbram o resgate da normalidade de seus órgãos, seus modos de ser, de pensar e agir. Enfim, resgatar a auto-estima que tanto contribui para a plena felicidade de viver, de quem se sentia a repercussão do peso da exclusão social, cristalizada pelo estigma da patologia historicamente temida pela sociedade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

 

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BRAGUINI G.H; PAULA G.S. A Utilização dos monofilamentos de Semmes-Weinsten na avaliação da sensibilidade cutânea e palpação dos nervos periféricos em Membros Superiores de pacientes hansenianos, por meio da atuação da Terapia Ocupacional na prevenção das incapacidades física, 2004, Trabalho de Conclusão de Curso (Centro Universitário Salesiano).

 

 

 

CAVALCANTI. A; GALVÃO. Terapia Ocupacional: Fundamentos e Práticas, Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 2007.

 

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COLCHIESQUI.A. D; TOLDRÁ.C. R. Experiencia de Atendimento de Pessoas com Hanseniase no Contexto da Terapia . X Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e   VI Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 2646.

 

DUERKSEN F.; VIRMOND M. Cirurgia reparadora e Reabilitação em Hanseníase. Bauru: Ed. ALM International, 1997.

 

FERRIGNO, I.S.V. Terapia da mão: Fundamentos para a prática clínica. São Paulo, Santos, 2007.

 

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PEDRAZZANI. S. E. Prevenção de Incapacitados em Hanseniase: Realidade Numa Unidade Sanitária, 1985.

PEREIRA G.F.M. Características da hanseníase no Brasil: situação e tendências no período de 1985 a 1996. [Dissertação de mestrado]. São Paulo: Escola Paulista de Medicina da UNIFESP; 1999.

 

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Autor: Rafael Ferreira Borges


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