A necessidade de instauração de um Ethos Mundial



Promover a discurso acerca da urgência de se efetivar a preocupação com uma solução plausível para os sucessivos desgastes aos recursos naturais, tornou-se uma demagogia no âmbito político e uma "jogada de marketing" em campanhas publicitárias de grandes empresas multinacionais, a fim de persuadir o eleitor e consumidor, utilizando como base a temática em questão.

O enfoque continua sendo a promoção do crescimento econômico e interesses políticos, tendo em vista de que não se vislumbra de forma alguma um pensamento sedimentado sob valores éticos de proteção a vida e ao meio ambiente. A mesma elucidação se aplica ao discurso da sociedade civil que tem ciência das mudanças de conduta, que devem adotar em face dos constantes problemas de natureza ambiental, no entanto tal postura é repentinamente adiada, a fim de omitir-se acerca do tema que reconhece ser de extrema relevância.

O problema do modelo imperante da relação do homem com a natureza reside essencialmente no fato de que tal conduta encontra-se arraigada na cultura pertencente à classe dominante, e como é de práxis, a cultura que prevalece sempre é a dos mais fortes. Tal assertiva não demonstra-se equivocada quando em confronto com a contexto passado de colonização, em que os índios foram praticamente exterminados pela dominação européia, e exemplificadamente, a história fictícia do filme Avatar retrata a crueldade e a arrogância da dominação da cultura mais forte e opressora, que sustenta-se na quebra de valores éticos. A reflexão central do filme Avatar e da qual me faço valer em função de sua riqueza exemplificativa, refere-se a postura advinda do povo destinado a colonização que repudiou veemente a inércia, que mesmo em desvantagem em razão da tecnologia, mostrou-se mais forte e venceu a dominação do opressor sobre sua comunidade e seus recursos naturais.

Transportando para a nossa realidade, defendo que não é utopia reconhecer a possibilidade de mudança de paradigma, fazendo imperar a cultura que prega a instauração de um ethos mundial capaz de impor limites e sanar com a crueldade do homem para com seus semelhantes e com a própria natureza. No entanto, esta prerrogativa carece de iniciativa e ações concretas, pois a inação e ignorância do homem é o que obsta a efetivação dos valores éticos.

É necessário que o ethos mundial a ser construído seja absoluto, sob pena de que determinadas comunidades aleguem prevalência dos costumes culturais da localidade em face dos valores éticos universalmente estabelecidos, indubitavelmente há dificuldade em estabelecer a efetivação do ethos mundial em face do respeito que deve-se atentar ao multiculturalismo, no entanto o vínculo do ethos mundial com cada indivíduo em sua singularidade deve ser mais emocional e espiritual do que racional e jurídico. Estabelecendo-se um diálogo além das diretrizes políticas e jurídicas, afim de proporcionar o bem da humanidade e de seus recursos naturais, e da preservação da vida em geral, sem sacrificar interesses econômicos e políticos, estabelecendo um respeitoso e frutífero diálogo entre todos os setores da sociedade, unido-se reflexão e ação . Ressalta-se por final que não é utopia, somos capazes de transformar o mundo!


Autor: Tatiane De Gois Ferreira


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