Identificando a dislexia



IDENTIFICANDO A DISLEXIA

 

Antonia Angelina dos Anjos Pinheiro

Maria José Oliveira dos Santos

Maria Magalhães Rodrigues ¹

 

RESUMO: Este artigo tem por objetivo analisar se as dificuldades de leitura, apresentadas por alguns alunos e algumas escolas de Camocim, tratam-se de dislexia. Todas as informações aqui tratadas foram obtidas no texto Entendendo a Dislexia, bem como através de sondagem que foi aplicada aos alunos e com as entrevistas realizadas com os professores. Onde podemos contatar que apesar das dificuldades apresentadas, a grande maioria dos alunos não são disléxicos, exceto, dois que embora não tenham passado por um diagnóstico preciso, apresentam fortes indícios de dislexia.

 

ABSTRACT: This article has for objective to analyse if the difficulties of Reading presented by some pupils of some schools of Camocim, are about dislexia. All the information treated here had been gotten in the text Understanding the Dislexia, as well as through the sounding that had been applied to the pupils and with interviews carried through with the professors. Where we can evidence that although the presented difficulties, the great majority of the pupils is not disléxicos, except, two that they have even so not passed for a necessary diagnosis, presents forts dyslexia indications.

 

Palavras-chave: Dislexia. Leitura. Decodificação. Compreensão

 

¹ Acadêmicas do Curso de Letras da Universidade Estadual Vale do Acaraú-UVA, 2ºperíodo

INTRODUÇÂO:

 

A dislexia é uma dificuldade congênita que se manifesta como uma deficiência na aprendizagem da leitura. Sendo possível identificá-la, quando o disléxico encontra-se na idade escolar.

 

Este trabalho foi desenvolvido através de uma sondagem realizada na cidade de Camocim, com alunos  da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, com o intuito de identificar se as possíveis deficiências em leitura, apresentadas pelos respectivos alunos, podem ser consideradas dislexia .

A dislexia é um distúrbio que consiste numa dificuldade de associar uma letra ao seu respectivo som. Essa dificuldade poderá se refletir futuramente na leitura e consequentemente na escrita. E se manifesta logo na primeira infância, quando a criança demora a falar. Na pré-escola a criança apresenta dificuldades, no processo de alfabetização, ou seja, apresenta dificuldades no processo de aprendizagem das letras e dos sons, sendo incapaz de ler palavras simples, demonstra uma grande falta de interesse pela leitura e não pronuncia as palavras corretamente.

Segundo Sally Shaywitz ( 2006, p. 102):

 

Os sinais específicos da dislexia, tanto os pontos fracos quanto os fortes, em qualquer indivíduo variarão de acordo com a sua idade e nível educacional. A criança de 5 anos que não consegue aprender as letras tornar-se à uma criança e 6 anos que não saberá relacionar os sons às letras, um adolescente de 14 anos  que abominar ler em voz alta será um adulto de 24 anos que lerá incrivelmente devagar.

 

Portanto, o disléxico terá de conviver com todos estes transtornos a vida inteira. Pois ainda, ainda segundo SHAYWITZ, a criança que se atrasa no processo de decodificação, implicará futuramente num atraso do processo de compreensão e de conhecimento o mundo ao seu redor.

Sendo assim, é muito importante diagnosticar a dislexia logo no início. E os pais são grandes colaboradores para a identificação da dificuldade observando a fala e a leitura da criança. É importante que os pais investiguem nas escolas, o desenvolvimento da aprendizagem de seus filhos juntamente com o professor.

É claro que nem toda criança que apresenta dificuldades de leitura pode ser considerada disléxica, mas se apresenta alguma dificuldade, é necessário investigar a causa, pois pode ser um sinal de alerta.

Vale ressaltar que:

 

A identificação de um problema é naturalmente o principal elemento para se buscar ajuda. Quanto mais cedo se fizer um diagnóstico, mais rápido seu filho poderá buscar ajuda e mais provavelmente você conseguirá evitar os problemas decorrentes, que atingem a autoestima. (SHAYWITZ, 2006. p. 105)

 

Quando é detectada a tempo a dislexia pode ser remediada. Portanto, não perca tempo a suspeitar que seu filho ou seu aluno seja disléxico. Procure ajuda, pois quanto mis cedo ela é percebida maiores as possibilidades de atenuá-la.

Embora a dislexia não tenha cura, o fato de ser disléxico não impede que o aluno aprenda. É claro que exige dele, um esforço maior para conseguir acompanhar o ritmo dos não disléxicos.  Pois o portador de dislexia tem um ritmo de aprendizagem lento. É possível sim, que o disléxico consiga terminar seus estudos com sucesso. Pois a dislexia é uma deficiência fonológica não afeta a capacidade cognitiva.

De acordo com Shaywitz, 2006, “os leitores disléxicos experimentam impressionantes pontos altos e devastadores pontos baixos”. Portanto, o disléxico pode apresentar muita dificuldade de leitura, mas por outro lado, pode ser altamente curioso, criativo e demonstrar grande capacidade de raciocínio.

Mas, vae ressaltar que nem toda dificuldade relacionada à leitura pode ser considerada disléxica. Pois, todos passam pelo processo de aquisição da leitura e da escrita e sempre existem dificuldades em associar as letras aos sons. Troca-se bastante as letras que possuem fonemas parecidos. E isso é normal, quando estamos no deparando com os primeiros contatos com as letras.

A falta de interesse pela leitura estar relacionada ao fato dos familiares da criança não terem o hábito de ler e consequentemente a criança não desenvolve o gosto pela leitura. E isso não é dislexia  e sim falta de estímulo e prática.

Cada pessoa tem um ritmo diferente para aprender algo. Não podemos rotular de disléxico todos aqueles que demoram um pouco mais para assimilar o que foi exposto. Além disso, existem outros distúrbios que afetam a leitura e por isso é necessário estarmos atentos para que os mesmos não sejam confundidos com dislexia. Pois a mesma trata-se de uma deficiência fonológica que só afeta a decodificação das palavras isoladas, não afetando a compreensão. Sendo assim, o disléxico pode ser altamente inteligente. Esse distúrbio não é adquirido, a pessoa disléxica já nasce com o problema.

No caso da deficiência de aprendizagem da linguagem. Tanto é afetada a decodificação como a compreensão. E a inteligência da pessoa pode estar em nível inferior à média. Esse distúrbio também não é adquirido.

A alexia adquirida é uma perda da capacidade de leitura ocasionada por algum trauma cerebral. E ocorre principalmente em pessoas idosas.

A hiperlexia, assim, como a dislexia é um problema que a pessoa já nasce com ele. A pessoa que tem esse distúrbio apresenta facilidade para decodificar as palavras, mas apresenta uma grande deficiência na compreensão.

Portanto, é bom estarmos alertas e bem informados para sabermos identifica, bem como distinguir os distúrbios que afetam a aprendizagem da leitura. Para que dessa forma possamos buscar a melhor forma de intervir.

Tomando por base esse material teórico realizamos uma pesquisa por meio de uma sondagem aplicada aos alunos da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e o Ensino Médio em algumas escolas da cidade de Camocim. Com o objetivo de verificar se as dificuldades na aprendizagem da leitura que os alunos apresentam é dislexia.

De acordo com os resultados  obtidos com as entrevistas que foram feitas com os  professores chegamos as seguintes conclusões:

Na Educação Infantil foram consultadas duas escolas e as principais dificuldades apresentadas são:

 

  • ·                    Persistência na chamada linguagem bebê;
  • ·                    Dificuldade em aprender (lembrar) o nome das letras;
  • ·                    Deficiência em saber as letras do seu próprio nome;
  • ·                    Problemas de aprendizagem de rimas infantis comuns.

 

Os mesmos alunos apresentam as seguintes habilidades linguísticas:

 

  • ·                    Capacidade de descobrir como as coisas acontecem;
  • ·                    Curiosidade;
  • ·                    Forte envolvimento com ideias novas;
  • ·                    Satisfação de resolver problemas;
  • ·                    Boa compreensão de novos conceitos;
  • ·                    Grande imaginação;
  • ·                    Grande vocabulário para sua faixa etária;
  • ·                    Talentos para construção de modelos.

 

Foram consultadas também cinco escolas do Ensino Fundamental, onde foram constatadas as seguintes deficiências:

  • ·                    Pronúncia incorreta de palavras longas, desconhecidas ou complicadas;
  • ·                    A leitura em voz alta é contaminada por substituições, omissões e palavras mal pronunciadas;
  • ·                    A leitura em voz alta é entrecortada e trabalhosa, não é fluente nem suave;
  • ·                    Desempenho desproporcionalmente fraco em testes de múltipla escolha;
  • ·                    Deveres de casa incompletos e intermináveis;
  • ·                    Evita ler em voz alta;
  • ·                    Evita ler livros ou mesmo uma frase;
  • ·                    Leitura cuja precisão aumenta com o tempo, embora permaneça sem fluência e seja trabalhosa;
  • ·                    Leitura muito lenta e cansativa;
  • ·                    Medo acentuado de ler em voz alta;
  • ·                    Melhor capacidade de entender palavras no contexto do que ler palavras isoladas;
  • ·                    Problemas ao ler palavras desconhecidas (novas e não familiares) que devem ser pronunciadas em voz alta;
  • ·                    Progresso muito lento na aquisição das habilidades de leitura.

 

 

E por fim, consultamos duas escolas do Ensino Médio, onde verificamos os seguintes problemas:

 

  • ·         Falta de loquacidade, especialmente quando está em situação de destaque;
  • ·         Hesitação ao pronunciar palavras que possam ser mal pronunciadas;
  • ·         Persistência de dificuldades precoces da linguagem oral;
  • ·         Constrangimento causado pela leitura em voz alta;
  • ·         Desempenho especialmente fraco em tarefas habituais de escrita;
  • ·         Falta de fluência;
  • ·         Falta de vontade de ler por prazer;
  • ·         Histórico infantil de problemas de litura e de ortografia;
  • ·         Leitura lenta de quase tudo: livros, manuais, legendas em testes de múltipla escolha;
  • ·         Maus resultados em testes de múltilpla escolha;
  • ·         Ortografia que permanece problemática e preferência por palavras menos complexas ao escrever;
  • ·         Preferências por livros com ilustrações, gráficos e tabelas;
  • ·         Problemas ao ler e pronunciar incomuns, estranhas ou singulares, tais como o nome de pessoas, de ruas e de locais, nomes de um menu ( em geral, pede ao garçom o prato do dia ou então diz “vou querer o mesmo que ele pediu”, para evitar o constrangimento de ler o menu);
  • ·         Problemas persistentes na leitura.

Apesar de terem apresentado todas essas dificuldades não encontramos alunos, disléxicos. Apenas dois que apresentam fortes sinais de dislexia. Porém, nunca foram submetidos a nenhuma avaliação. Portanto, não podemos considerá-los disléxicos.

 

CONCLUSÃO

 

Ao longo do trabalho foi identificado que os problemas de leitura, nem  sempre podem ser sintomas de dislexia. Grande arte dos estudantes que estão iniciando o processo de leitura e escrita apresentam dificuldades que são normais. A falta de interesse pela leitura muitas vezes está associada ao estímulo e contato que a criança não tem.

Consideravelmente, as atividades propostas em sala de aula é que devem ser reelaboradas, com o intuito de melhorar a qualidade de ensino.

 

REFERÊNCIAS

 

GARCIA, Jesus Nicásio. Manual de Dificuldades de Aprendizagem. !ª edição. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

 

PINTO, Deca. Revista Nova Escola. São Paulo, p. 66-69. Jan/fev 2008.

 

SHAYWITZ, Sally. Entendendo a Dislexia. Um novo e completo programa de leitura para todos os níveis de problemas de leitura. Tradução: Vinícius Figueira. Porto Alegre: Artmed, 2006.

 

 

SNOWLING, Margaret e STACHOUSE, Joy (org). Dyslexia, Fala e Linguagem. Tradução de Magda França Lopes. Porto Alegre: Artmed, 2004.

 


Autor: Antonia Angelina


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