Poema ao encontro com a subjetividade



POEMA AO ENCONTRO COM A SUBJETIVIDADE

 

Que somos, excelentemente e essencialmente, afinal?

O que nos torna, simultaneamente, corpo e alma?

Será o problema mais importante que sua resolução?

É o poeta, medíocre ante a poesia?

 

Quantos e tantos eruditos buscaram respostas.

Viveram a procura da essência e do princípio do cosmos, da physis, do homem.

Poderia o homem, em sua petulância avassaladora,

Teorizar misterioso e ontológico conhecimento desconhecido?

 

Muitos especularam e outros hipotetizaram.

Os modernos revolucionaram com sua perfeita Razão e o seu conhecimento inato.

Mas, eis em algo no qual concordo com Descartes: que duvido.

Como limitar o desconhecido à apreensão do que já nasceu limitado.

 

Os medievais dogmatizaram o conhecimento! Essa crítica ressoa pelos séculos.

Porém, se arraigamos nas mentes que a razão a priori é o conhecer puro;

Ou que, só se pode conhecer a partir da experiência

O que será, então, tal consentimento?

 

Talvez a única distância que existe entre os sábios seja somente o Cronos.

Uns buscaram seus objetivos através de grandes teorias;

Já outros, afundaram-se em inexauríveis sistemas e plausíveis métodos.

Vejam!  Suas teorias, sistemas e métodos não se coincidem?

As épocas nascem, morrem e nascem novamente, mas a busca é a mesma: desvelar o velado.

Acreditou-se por muito tempo em paradigmas divinos como verdade perpétua.

Houve momentos em que o experimental e o sensualismo ditavam as regras.

Insistiu-se, por vários anos, piamente em uma “Ideia” (suprema).

 

Imanentemente esta é a condição do homo sapiens sapiens:

Explicar o inexplicável; alcançar o inalcançável.

Já dizia Popper, em relação à aquisição da verdade, que só podemos conjecturar.

O homem pode, portanto, afirmar que dela se aproximou, mas não a tocou.

 

Por mais que tentemos entender o oculto,

A essência das coisas e do ser em si,

Permaneceremos, até o atual momento se evidencia, neste constante jogo paradoxal:

Só conheceremos o que dele desconhecemos.

 

Que somos, de fato, afinal?

Somos atributos concebidos pela nossa subjetividade.

Formas teóricas, oriundas de convenções intelectuais em consenso.

Não somente isso! Somos natureza postergada e imanente ao futuro, ao incompreensível.

 

Somos imaginação, pura metáfora!

Cavaleiros honorários da racionalidade:

Que cria e recria o seu reino que nunca foi e jamais será... a verdade!

É apenas suas construções linguísticas ludibriantes.

 

Volta e meia intitulamo-nos grandes e poderosos.

Lançamo-nos no mar da soberba e da vaidade.

Montamos e remontamos universos, falaciosos, conceituais.

Brincamos e nos filiamos à mentira chamando-a de verdade.

 

Ouçam principados e potestades da “Ratio”:

Como insistem em proclamar, ao som de trombetas, a prisão da verdade?

Não será audacioso de vossas partes asseverarem que a detém,

Já que, pouco se preocuparam com a “coisa em si”?

 

Oh, ínfima subjetividade vaidosa

Que fique claro que somos inerentes! Corpo e alma!

Não temos e nem construímos a verdade... somente ela mesma pode dar-se.

E, vez e outra, se mostra a nós como fagulha de brasa, que ao menor sopro natural se apaga.

 

Que entendas minha querida metade,

Assim como dizia o filósofo, já nascemos na perspectiva de um fim.

Esta (e não outras) é a única certeza que temos:

Somos enquanto somos e deixamos de ser porque somos.

 

                                                                                                                          Enderson Pereira.

                                                                                                                                    07/11/2011.

 

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Autor: Enderson Pereira


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