Gestão Empresarial – A Memória É Curta E A Defasagem É De 6.000 Anos



Devemos especialmente aos Egípcios a herança do importante papel da gestão e principalmente do uso de ferramentas capazes de tornar os nossos empreendimentos melhor sucedidos.

Em 4.000 a.C. esse povo já reconhecia a necessidade de planejar, organizar e controlar as atividades, demonstrando capacidades que muitos empresários hoje, em pleno século 21, ainda não possuem ou não reconhecem.

Cabe destacar que essa defasagem gerencial de mais ou menos 6.000 anos não é privilégio das empresas do setor rural como podem pensar alguns. Se isso fosse realidade, provavelmente as estatísticas do Sebrae sobre a falência de empresas não seriam tão alarmantes. Empiricamente é possível observar que pouquíssimos empresários utilizam-se de planos de negócio ou tomam medidas de contingenciamento no momento em que abrem as portas dos seus respectivos negócios.

Desafio os pesquisadores a identificar, por exemplo, o percentual de empresas em nossa cidade que financiam completamente os seus estoques a taxas muitas vezes acima da capacidade lucrativa que aquele setor comporta. Ou ainda, analisar o conhecimento e a efetiva utilização das principais e elementares ferramentas de gestão. Tenho certeza que as surpresas serão imensas. Atitudes gerenciais desse gênero obrigam os empresários a utilizar preços de venda muitas vezes considerados altos e impulsiona os consumidores a procurar outros mercados. Austeridade gerencial não é somente para as metas do governo frente ao FMI.

Em se tratando dos empreendimentos rurais, é verdade que a gestão entrou porteira a dentro em muitos empreendimentos e o nível de administração melhorou de um modo geral a olhos vistos.

Por outro lado, tem-se sempre em mente os grandes produtores, quando na verdade a extensa maioria é composta de pequenas e médias propriedades que, com raras exceções, pouco conhecem e pouco utilizam os instrumentos e técnicas gerenciais, justamente estas que poderiam garantir-lhes a inserção, ou amenizar os impactos dos solavancos, no mercado concorrencial.

Dados preliminares de Pesquisa da Pós-graduação em Gestão Empresarial e Consultoria em Agronegócios da FACSUL/CESUR, realizada pelo meu orientando, Eng. Agrônomo Joel Hillesheim, mostram que menos de ¼ dos produtores rurais empresariais de MT, entre 500 e 10 mil hectares, utilizam efetivamente as principais ferramentas de gestão nos seus negócios, embora muitos tenham conhecimento ou façam usos parciais.

Esse dado é no mínimo alarmante, considerando-se que os produtores do estado de Mato Grosso são tidos como uns dos mais tecnificados e profissionalizados empresários do agronegócio brasileiro. Beneficiam-se notadamente aqueles que efetivamente fazem o gerenciamento, e a eficácia aumenta proporcionalmente ao uso de variadas ferramentas e estratégias de gestão.

A título de exemplo, como se não bastasse que a crise ainda não houvesse sido aplacada, no final de 2006, bastou que o preço da soja desse um pique, e em plenos meses de novembro e dezembro podíamos encontrar produtores arrendando ou dispostos a arrendar áreas ainda para plantio naquela safra. A memória anda curta e as decisões continuam sendo tomadas na base da emoção ao invés da razão.

Na prática percebe-se que tanto no setor rural como urbano muitos pensam que fazem gestão. Mas na verdade fazem gestão do caos, o que em última análise também tem certa ordem. Comercializar (comprar ou vender) pelo caixa, trabalhar sozinho e sem alianças, fazer análise econômica de chegada e principalmente pela margem bruta (receitas menos custos variáveis), desconsiderar depreciação, são alguns exemplos dos rotineiros flagrantes no nosso Brasil Competitivo.

Quantas crises serão necessárias para que de fato os donos de negócios se tornem empresários?


Autor: Eleri Hamer


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