Lei Maria da Penha e desrespeito da mesma por parte da igreja



GEOVANI MÜLLER

ESTUDANTE DO 7º PERÍDO DE DIREITO - FACULDADE NORTE       PARANAENSE – UNINORTE, LONDRINA  - PR

INSTITUIÇÃO EVANGÉLICA EM CONFRONTO COM A LEI MARIA DA PENHA

Infelizmente quando se fala em igualdade de Direitos e Alguns Dogmas Religiosos existem conflitos, em especial da igreja que conheço e tenho freqüentando desde aos 07 anos de idade, e por isso posso dizer com autonomia que a tal igreja ainda nem reconhece o direito fundamental do ser humano, que a carta magna determina, como direito de igualdade entre homens e mulheres previstos no art 5º da CF/88. Muito menos a Lei Maria da Penha, pois essa lei vem proteger a mulher de maus tratos e violência doméstica, fatos estes “desconhecidos” pela igreja,  “a violência não existe ”, pois a mulher é propriedade particular do marido e portanto jamais pode provocar a violência, na igreja a mulher tem que permanecer calada, e aprender em casa com sues maridos, segundo ensinamento bíblico adotado com todo o rigor na igreja, e em casa ela que continue calada, pois nunca se viu na história o “objeto opinar”, objeto é instrumento de uso apenas. Se a violência existe é por culpa exclusiva da mulher, ela “ provoca”, e se for espancada, mesmo assim ela precisa ter relações sexuais com ele, pois senão ele cai no pecado do adultério, e ela passa a ser cúmplice da alma dele.( quando é descoberto um adultério do homem, culpa é da mulher porque não fez o seu papel direito) ele é homem e não pode se controlar.

Essa incompatibilidade da Lei com a Doutrina é a seguinte: Na igreja não pode haver Divórcio por motivos de agressão, somente por adultério, isso se os “irmãozinhos” confessarem, caso contrário “ninguém viu”. Já a lei Maria da Penha determina que o agressor seja afastado do lar.

Além da Igreja não respeitar as leis, tanto Constituição, como a lei específica, fica comprovado esse desrespeito quando a mulher não agüentando mais a situação pede o divórcio por motivo de violência, ela passa a ser vista como: “ desvirtuada”, “sem paciência que não espera Deus fazer uma obra com o agressor”, ou seja essa obra pode se resumir numa aceitação plena da mulher que acostume a ser agredida. No direito ela é  a Vitima,  na igreja a  Ré, o agressor pode ir para o “ altar dos santos”, precisa orar por ele para ele não pecar, tem que cuidar dele, visitar, dar apoio, cuidar para não perder a alma, não cair no adultério, “agressão não é pecado”. È só crime no Direito dos homens, mas para a Igreja , sua conduta não é reprovada, tem livre passagem para o céu.

Pelo contrário a mulher que “vá para o mundo, cometa adultério o mais rápido possível”, termo costumeiro usado pelos mesmos, sendo assim o divórcio tem validade para Igreja e o “irmãozinho” pode contrair novo casamento, ficando tudo certo. E a mulher fica abandonada, ninguém visita, mesmo tendo crianças pequenas e precisando de um apoio moral, se ela precisar, deverá procurar os centros psicológicos, sua família ,etc. Porém os irmãos da igreja ficam esperando que ela não ache outro caminho a não ser “desviar-se da igreja”, para então ficar mal falada por todos, é normal a “irmandade” cometerem crimes de calúnia e difamação e fica tudo impune, estão protegidos pela doutrina, sendo assim milhares de mulheres são espancadas todo dia pelos “irmãozinhos”, e ficam caladas, pois enfrentar toda essa ditadura é de certo ponto impossível para algumas vítimas.

Mediante esses lamentosos fatos é impossível relacionar leis de proteção aos direitos das mulheres numa igreja totalmente machista , que já tem normatizado a violência doméstica  em sua própria doutrina.

Nesse contexto de verdades que ficam atrás das fachadas dessa denominação , fica a insegurança para os cristãos que  à  freqüentam ,será que a alma masculina tem maior preço nos altares de Deus? 

Até quando dogmas religiosos vão desrespeitar princípios fundamentais do ser humano? Onde está o fundamento de tais costumes?

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Autor: Geovani Muller


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