Nem sempre a testemunha conta mentira



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NEM SEMPRE A TESTEMUNHA CONTA MENTIRA.

Esta em nossa Constituição Federal que a toda pessoa é assegurado o direito a ampla defesa e ao contraditório. Isto não quer dizer que o culpado pode se tornar inocente usando a defesa em sua plenitude. A presença do defensor é indispensável para garantir que nenhum excesso possa tornar ainda pior a situação daquele que é réu confesso, por exemplo. No direito criminal a prova testemunhal é a espécie de prova mais usual. O Ministério Publico arrola as testemunhas quando inicia a acusação e o acusado apresenta o rol de testemunha na sua defesa escrita. Ocorre que muitas vezes o acusado não tem nenhuma testemunha presencial ou essencial que desconstitua a prova de sua culpa. Assim, em geral a defesa lança mão da testemunha de conduta para provar que o cidadão, ainda que tenha cometido um crime, é pessoa de boa índole. Tal expediente nem sempre é o melhor para o acusado. Não é raro ver pessoa de bem mentir em juízo pensando que esta ajudando o amigo ou a pedido de alguém, afirmando uma coisa que sabidamente o cara não é. Outro dia uma testemunha, vizinha de porta do denunciado por mais de dez vezes por crime de furto, dizer que não conhecia nada que pudesse desabonar a sua conduta. Uma testemunha mentirosa em nada vai ajudar. Acontece também do réu arrolar um conhecido de infância ou amigo da família credo de que o cabra não vai ter coragem de dizer a verdade e acaba dando com os burros na água. Outro dia um rapaz arrolou um senhor de cabelos brancos, com aparência de já ter passado dos setenta, para falar sobre a sua vida na comunidade. Foi perguntado ao simpático idoso se ele conhecia o acusado ali presente. Sim, o conheço desde que nasceu, foi a resposta. O que o senhor pode falar da conduta dele lá no local onde ele mora? O que eu posso dizer é que eu conheci o avô deste menino e era um homem que saia para o serviço no cantar do galo e retornava no por do sol. O pai dele também era uma pessoa de primeira, trabalhador e honesto. Agora, este moço não sei para que lado puxou, por que deu pra roubar que não é brincadeira. Depois que ele foi preso acabou a roubalheira de bomba d’água, cano de irrigação, porco, galinha, etc. e tal, lá no Córrego. Douto defensor, mais alguma pergunta? Não, obrigado.


Autor: Creumir Guerra


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