Outra do Zé do Caixão
Assim que cheguei de mudança em Barra de São Francisco comecei a ouvir umas historias sinistras a respeito do Zé do Caixão. O homem é um famoso e antigo dono de funerária na cidade. O primeiro relato que ouvi foi de que tal homem sente de longe a chegada da mulher com o cutelo na mão. O cidadão ficou amarelado e o Zé do Caixão já o mede de cima em baixo. A gente acostuma com ...o oficio. Quando eu era balconista eu sabia o peso das coisas só de pegar. Botava na balança só pra conferir. O Zé do Caixão olha pra você e já sabe o tamanho da urna de madeira que Vossa Senhoria vai precisar. É uma profissão difícil, é aquela situação do ta ruim mais ta bão. Um dia aconteceu um trágico acidente na região, um ônibus lotado chocou-se contra um caminhão. O estrago foi grande, tinha vários mortos e um monte de gente ferida. O médico de plantão correu para o local, seguido por ambulâncias e paramédicos. Lá também chegou o Zé do Caixão. O médico na ânsia de dar socorro aos sobreviventes foi logo colocando de um lado aqueles que já haviam evoluído a óbito. O Zé do Caixão se incumbiu de dar inicio ao seu difícil labor. Primeiro ele foi ver se identificava os mortos e então começar os serviços fúnebres. No meio dos mortos um homem se mexeu e quase sem fala balbuciou: Ai, ai, eu estou vivo. O Zé do Caixão falou pro cara ficar quieto, olhou dentro do olho do moribundo e disse: Se o medico disse que você esta morto, quem é você para dizer o contrário.
Autor: Creumir Guerra
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